Podcast #005 – Carla Basílio, do Guia da Boa Forma

No episódio de Podcast de hoje, recebemos a Carla Basílio, que é fitness coach e criadora do blog “Guia da Boa Forma”.

Nessa conversa, a Carlinha tirou diversas dúvidas comuns de iniciantes e deu dicas quentes sobre alguns assuntos que podem fazer a diferença no curto e no longo prazo de quem segue uma dieta low-carb e quer ser mais saudável.

Alguns temas abordados foram:

  • O que a Carla aprendeu ao longo de 13 anos malhando,
  • Como ganhar massa magra em low-carb,
  • Como usar a musculação para emagrecer dormindo,
  • Como “ser leve” é diferente de “ser magra”,
  • Como não dividir o seu treino,

E muito mais!


Acompanhe o trabalho da Carla Basílio e as suas mídias sociais:


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Transcrição Completa Do Episódio

Guilherme: Bem-vindo a mais um podcast do Senhor Tanquinho. Eu sou o Guilherme.

Roney: E eu sou o Roney. E aqui a nossa missão é deixar você no controle do seu corpo.

Guilherme: Olá, Tanquinhos e Tanquinhas!

Bem-vindos a mais uma edição do nosso podcast.

Hoje nós contamos com a presença ilustre da nossa amiga Carla Basílio.

Roney: Bom, como vocês já sabem, a ideia do podcast é ser rápido, sendo um espaço para vocês conhecerem mais sobre os convidados, que no caso hoje, é a Carla.

As perguntas são curtas, mas você pode demorar o tempo que quiser para responder, viu Carla?

Carla Basílio: Ok, tudo bem. Obrigada.

Guilherme: A Carla foi uma criança gordinha e com cerca de 14 anos, ela já estava malhando e preocupada com o próprio corpo. Agora, alguns anos depois, ela tem o blog Guia da Boa Forma e é a idealizadora por trás do Projeto Clube do Halter Rosa (atualmente com as inscrições fechadas).

Inclusive nós já falamos com a Carla outras duas vezes ao vivo e foi muito legal.

Por isso nós resolvemos chamar a Carla para ser uma das primeiras convidadas aqui do podcast.

E aí, Carla, tudo bem?

Carla Basílio: Tudo bem. Tudo ótimo, na verdade.

Primeiro eu queria agradecer pela oportunidade de estar aqui falando com vocês para a audiência de vocês mais uma vez.

É sempre muito bom conversar e poder contribuir de alguma forma com pessoas que estão interessadas em melhorar a saúde, melhorar a qualidade de vida e a nossa proposta, da Guia da Boa Forma e do Senhor Tanquinho, tem uma base muito parecida, então é sempre bem bacana.

Roney: Legal, Carla.

Bom, antes de começar, nós fizemos uma rápida apresentação sobre você, você acha que ficou faltando nós falarmos alguma coisa que as pessoas deviam saber?

Carla Basílio: Eu acho que vocês tocaram na parte mais importante, o fato de eu ter sido gordinha na infância foi algo que fez eu me preocupar mais com saúde, principalmente estética, no começo da minha adolescência.

E todo mundo que já foi gordinho na infância sabe como é terrível, um bullying danado e quando eu tinha 13 anos, eu comecei a malhar em casa, pedi para a minha mãe comprar uns halteres, umas caneleiras e me guiava por essas revistas femininas que prometem mil coisas: “Ah, você vai ter o bumbum dos seus sonhos fazendo três séries de 12 em casa, sem peso.”

Ainda comprei o peso para dar uma melhorada, mas é óbvio que não adiantou, mas é sempre importante lembrar: eu tinha 13 anos na época.

Hoje em dia eu tenho 26, fiz 26 no comecinho de março e não acredito mais nessas coisas, claro. Ou seja, são 13 anos malhando e as pessoas falam: “Nossa, mas eu vou precisar malhar tanto tempo para ter resultado, para chegar num corpo legal?” e na verdade não.

Quando você começa fazendo uma coisa certa, você consegue resultado muito mais rápido.

Eu demorei anos – para ser mais exata, seis anos – para começar a treinar de forma efetiva; um treino voltado para resultado e aí a ideia do Guia da Boa Forma foi justamente ajudar as pessoas, especialmente mulheres (já que eu sou mulher) a conquistarem um corpo legal, fazendo o que funciona de verdade, não tendo que ficar horas e horas na academia e, claro, tendo como base, uma alimentação baseada em comida de verdade.

Roney: Legal, Carla.

Eu acho que com essa sua apresentação, na verdade, você já acabou passando também pelas duas primeiras perguntas que nós costumamos fazer aqui que é: “Como você começou a se interessar por alimentação e saúde?” e “O que te motivou a criar e manter o site?”, o Guia da Boa Forma.

Se tiver mais alguma coisa que você quiser falar para complementar também… essas eram as duas primeiras perguntas.

Carla Basílio: Ah, sim…

Engraçado falar sobre alimentação… todo mundo teve aquele momento da vida que achou que barrinha de cereal era saudável e eu também tive esse momento.

Não sou imune à má informação que nós temos por aí e fiz todo tipo de dieta que as pessoas geralmente fazem para emagrecer, contando calorias, restringindo gordura…

Fiz isso a maior parte da minha vida, infelizmente, e cheguei a fazer dieta de comer de três em três horas, de x em x horas, também e é até válido dizer que eu sou uma pessoa bastante disciplinada – pelo menos eu me considero uma pessoa bastante disciplinada – e, se eu tivesse que seguir esse tipo de alimentação para sempre por algum objetivo maior, eu seguiria.

Só que eu entrei num quadro de hipotireoidismo por falta de nutrientes. Isso já tem cinco anos, mais ou menos, quatro anos, quase cinco anos mais ou menos.

Foi justamente por não comer gordura, ter uma alimentação extremamente restrita.

Depois disso que eu comecei a intensificar a minha preocupação com alimentação, de fato, tanto é que “O que é uma alimentação realmente saudável?” porque eu seguia à risca a alimentação que foi passada, era realmente focada e mesmo assim não estava tendo o resultado que eu queria esteticamente falando e, o pior de tudo, minha saúde foi prejudicada.

A partir disso eu me aprofundei bastante, conheci pessoas como o Rodrigo Polesso, Flávio Passos e vocês também, que tem uma base excelente no blog de vocês sobre alimentação, e eu acredito que o grande diferencial do Guia da Boa Forma é que eu falo muito sobre treino, musculação especialmente, mas também HIIT (treino intervalado de alta intensidade), só que a minha alimentação não é como a da maioria das pessoas ligada à musculação, fisiculturistas, etc; que ainda tem uma alimentação à base de muitos suplementos, com muita pouca gordura, muita proteína, um pouquinho de carboidrato, ali, sempre complexo, enfim…

Eu não.

Eu sigo low-carb no meu dia-a-dia.

Recomendo a low-carb para a maioria das pessoas, inclusive, para quem está em ganho de massa magra.

Claro que não uma low-carb restrita, de 15, 20%, mas com 40% de carboidrato você consegue sim ganhar massa magra, especialmente as mulheres… enfim, acredito que esse é o grande diferencial do Guia da Boa Forma.

Roney: Legal, Carla.

Obrigado por citar a gente no meio de monstros como Flávio Passos e Rodrigo Polesso.

Guilherme: Nós ficamos felizes de poder contribuir nesse cenário de boa informação que está surgindo no Brasil nos últimos anos.

Carla Basílio: Com certeza. Eu sempre recomendo vocês nos meus artigos, nas redes sociais… as seguidoras, as leitoras adoram o trabalho de vocês, as receitas… a receita da queijadinha ficou super famosa em alguns desafios que eu fiz no Guia da Boa Forma. Então é sempre bom essa troca.

Guilherme: Com certeza.

E a gente viu no seu site que você sempre praticou esportes, você sempre foi ativa e você, quando começou na academia, ainda mais sem orientação correta e estruturada, você fazia um monte de aula, aeróbico… você fazia muitas atividades físicas.

A gente queria saber se isso mudou e como isso mudou depois que você começou a se informar melhor e, também, seguir uma dieta low-carb.

Carla Basílio: Nossa, mudou completamente!

Quando eu entrei na academia eu tinha 14 anos e normalmente quem tem 14 anos tem tempo de sobra e eu ficava horas e horas na academia, fazia todas as aulas coletivas que você possa imaginar, fazia duas, três aulas de spinning seguidas, enfim…

Não era um sacrifício para mim. Eu gostava de fazer isso. É até bom deixar claro isso – porque tem gente que faz isso porque quer emagrecer, esse é o objetivo principal da pessoa.

Eu fazia porque, tudo bem, eu tinha a minha preocupação com estética, não queria engordar de novo, mas eu amava aquilo.

Só que no meio de tantas aulas, eu fazia a famosa aula de “local, localizada e aí eu comecei a ver algum resultado, em termos de hipertrofia – muito pouco, mas para quem não fazia praticamente nada em casa, fazia aquele pesinho de um quilo; consegui ver um resultado melhor, fazendo essas aulas.

Até vale dizer que dos tipos físicos que tem, eu sou endomorfa, então eu tenho facilidade em ganhar massa magra. Tudo bem que eu tenho facilidade para ganhar gordura também, mas tenho facilidade para ganhar massa magra.

Guilherme: Eu te entendo. [risos]

Carla Basílio: Enfim, comecei a ver resultado na aula de local e aí deduzi: “, esse músculo crescendo aqui não é por causa da aula de jump, não é por causa da aula de spinning…” porque lá (isso na minha cabeça, naquele momento) a ideia é emagrecer – e aqui eu estou conseguindo aumentar a minha perna, então o que funciona para isso é peso. É pegar peso. Isso aí, na minha cabecinha de 14 anos, já fazia algum sentido.

E aí eu falei: “Olha, então já que é isso que está fazendo a minha perna crescer, meu bumbum ficar mais durinho e tal, vou começar a fazer musculação”. Só que no começo… Eu conheço pouquíssimas pessoas que gostam de musculação logo de cara. A musculação é aquela coisa um pouco mais monótona, que tem essa ideia de que é monótona…

No começo realmente é – mas eu juro, para quem está ouvindo, que depois fica legal, tá?

Só que ainda assim eu preferia fazer as aulas coletivas, fazia um monte de aula e depois ia para a musculação; ou então não comia adequadamente, enfim…

Foi com 18 para 19 anos que eu tive uma virada, vamos dizer, eu tive que mudar de cidade para começar a fazer faculdade e tive que mudar de academia também e nessa minha academia nova só tinha musculação.

Não tinha mais nada. Não tinha aula, nada. Só musculação. Então eu tive que focar em musculação.

A partir disso eu dividi muito melhor meu treino, eu ficava muito menos tempo na academia e aí eu comecei a ver muito mais resultado.

Infinitamente mais do que nesses seis anos em que eu até fazia musculação, mas também fazia muitas outras atividades.

E eu falei: “Cara, como assim eu passo uma hora na academia, antigamente eu passava três e agora eu estou tendo muito mais resultado?”.

E comecei a pesquisar, comecei a participar de eventos, eu sempre fui muito próxima das pessoas da academia – até porque eu passava muito tempo lá [risos].

Então eu sempre tive muitos amigos que são professores de Educação Física, enfim, que de alguma forma me instruíam… poderiam não saber tudo, mas ensinavam uma coisa ou outra. Eu sempre fui pegando o melhor do que cada um poderia me ensinar.

E depois comecei a participar de fóruns, de eventos, enfim, fui me aprofundando nisso e entendi que, como eu errei nisso, a maioria das mulheres ainda erra nisso: confundir volume de treino com intensidade. Ninguém consegue fazer nada verdadeiramente intenso por muito tempo.

Eu gosto de dar um exemplo, que deixa isso muito claro, da corrida.

Quando você vai correr uma maratona, que tem 42 quilômetros, você não começa dando um tiro.

Ninguém começa assim. Se você começar correndo em alta velocidade, você não consegue fazer nem ¼ da prova. Agora, quando você vai correr uma corrida de 100 metros, você vai dar o seu máximo.

Você vai dar o seu melhor e vai correr o mais rápido possível porque a corrida dura só alguns segundos.

Eu falei da corrida, mas isso se aplica a qualquer atividade, inclusive na musculação: você não consegue fazer nada intenso por muito tempo.

Se o seu treino dura uma hora e meia, duas horas, ele é volumoso. Ele não é intenso.

Tanto para emagrecimento, quanto para hipertrofia, quanto para ganho de força, o seu treino tem que ser intenso.

Existem muitos estudos, existem muitas pesquisas sobre isso, que assim como na alimentação a gente não tem que focar em calorias (elas não têm que ser o nosso parâmetro principal), com o exercício é a mesma coisa.

Você tem que pensar no efeito metabólico daquele exercício no seu corpo, nas modificações hormonais que aquele exercício vai gerar…

A musculação quando é feita de maneira intensa deixa o seu metabolismo acelerado por muitas horas depois do treino.

Ela também te ajuda a melhorar o funcionamento dos seus hormônios – eles ficam mais eficientes.

Você melhora a sua sensibilidade à insulina, você aumenta a sua produção de hormônios anabólicos – como hormônio do crescimento humano HGH e testosterona – e quanto mais músculos você tem, essa é a grande sacada também, mais acelerado é o seu metabolismo basal.

Ou seja, pode até ser que numa aula de spinning você gaste mais calorias do que num treino de musculação, dependendo de como for cada um dos seus treinos; porém, quando você tem mais músculos, você gasta mais calorias o dia inteiro, a vida toda.

>>> Explicamos isso em detalhes em nosso texto sobre os 3 melhores exercícios para quem deseja emagrecer

Guilherme: Até dormindo, como a gente costuma falar.

Carla Basílio: Até dormindo! Exatamente! Eu ia chegar nesse ponto! Até dormindo você está gastando mais calorias. Então até me perguntam: “Ah, musculação é eficiente para emagrecer?” e eu falo: “Não só é eficiente, como é muito mais eficiente do que os aeróbicos”.

Guilherme: Sim. Se você focar no longo prazo, que é o que nós aconselhamos, que você não vai querer uma coisa maluca para emagrecer nas próximas duas semanas, com certeza a musculação é um caminho excelente.

Carla Basílio: Sim e o emagrecimento, quando a pessoa faz musculação é outro, ? A qualidade do emagrecimento é outra.

Porque você não emagrece com excesso de pele, com muita flacidez. Pelo contrário. Você está perdendo gordura e ao mesmo tempo enrijecendo a sua musculatura.

Então é muito comum a pessoa que era redondinha, gordinha, começa a fazer musculação, emagrece, às vezes nem tanto assim, mas já começa a ver uma definição ali o braço, na perna.

Até vale dizer, isso é muito importante, é a coisa mais importante que eu vou falar aqui, agora, nesse podcast: não se guie pela balança.

Eu comentei com vocês, eu tenho facilidade para ganhar músculo. Quando eu entrei na academia, eu tinha 63 quilos, lembrando que eu tenho 1,72 de altura e oito meses depois eu estava com 68 quilos, sendo que eu estava aparentemente mais magra. Eu tinha perdido gordura. Só que eu também ganhei músculo.

Então hoje em dia eu tenho 74 quilos, oscilo entre 74 e 75, por aí, então nesses 13 anos eu ganhei muita massa magra e perdi gordura, mas na balança, se eu fosse me guiar pela balança, eu ia achar que eu estou (e possivelmente, a maioria das mulheres ia achar que está) mais gorda. E não.

Ser leve é diferente de ser magra, assim como ser pesada, ser mais pesada, é diferente de ser gorda. O músculo ocupa menos espaço no corpo do que a gordura. Ele é mais denso. Então, depois eu posso mostrar para quem tiver interesse, pode me procurar perguntando por isso, a diferença entre dois quilos de gordura e dois quilos de músculo.

(Conforme você pode ver na imagem abaixo.)

gordura versus musculo

O músculo ocupa ¼ do espaço que a gordura ocupa no corpo.

Então é muito comum você ir ganhando massa magra, ao mesmo tempo que você perde gordura, parecer mais magra de fato, estar mais definida, mas o seu peso na balança não se alterar ou até aumentar.

Então quando você faz um trabalho voltado para o músculo, desenvolver sua musculatura, você não pode usar a balança como o único parâmetro.

Guilherme: Perfeito!

Isso é uma coisa que nós sempre falamos no Senhor Tanquinho e é uma dúvida muito comum, acho que também pela balança ser mais acessível para as pessoas e por ela ser algum tipo de ícone da perda de peso, as pessoas acabam – mesmo depois de ler os textos ou conhecer os exemplos, entender toda a razão – elas acabam falando: “Mas eu ainda estou ganhando peso”.

Essa é uma dúvida que a gente sempre recebe.

E qual é a dúvida que você mais recebe lá no Guia da Boa Forma?

Carla Basílio: Nossa, eu recebo tantas, mas eu recebo muito sobre como dividir o treino. É uma dúvida bem comum que as pessoas realmente não entendem.

O que eu sempre falo muito é sobre como não dividir o seu treino – porque, se você souber isso, você já está 10 passos a frente da maioria das pessoas, especialmente as mulheres.

As pessoas tendem a achar que (e eu também achei isso por muito tempo) que, quanto mais você treina um músculo, mais ele vai se desenvolver: “Nossa, se eu treinar glúteo todo dia ele vai crescer mais rápido. Se eu treinar perna todo dia, ela vai crescer mais rápido” e na musculação não é assim que acontece.

Não só as mulheres, tem alguns homens também que pensam desse jeito, treinam peitoral todo dia, por exemplo.

E na verdade o seu músculo cresce no descanso. Não no treino em si. Você treina, você desgasta as fibras musculares e o seu corpo leva um tempo para se recuperar disso – quando seu treino, claro, é intenso.

E não demora, tipo, uma hora, duas horas. Ele vai demorar um, dois, às vezes três dias para se recuperar. Às vezes mais, dependendo de como a pessoa se recupera. Isso também tem muito a ver com a individualidade.

Mas, de forma geral, os músculos precisam de 48 a 72 horas para se recuperarem e os músculos grandes como quadríceps e glúteo precisam, em geral, de 72 horas.

Dependendo da pessoa, até um pouco mais.

E aí um erro muito comum das mulheres e elas dividirem a série e treinar, teoricamente, perna num dia e glúteo no outro.

Só que se você faz:

  • agachamento
  • afundo,
  • hack machine, e
  • leg press

Esses são exercícios que a gente chama de multiarticulares, ou seja, que a gente trabalha vários músculos e usa várias articulações ao mesmo tempo, não tem como você dividir.

Quando você está fazendo um agachamento, você está trabalhando quadríceps, posterior de coxa (que é a parte de trás da perna), está trabalhando glúteo…

E tanto no agachamento, como no leg press, como no hack – enfim, em todos eles – quanto mais profundo você faz, com a maior amplitude possível de movimento, mais você ativa o seu glúteo, mais você ativa o bumbum.

O que acontece? A maioria das pessoas que eu vejo fazem o movimento encurtado.

Então elas acabam de fato trabalhando bem mais o quadríceps, mas não tem como dividir efetivamente.

Você está trabalhando um pouco o glúteo também e aí se você faz isso, de treinar perna num dia e glúteo no outro, na verdade você está treinando as duas coisas, nos dois dias.

E o que você está fazendo?

Você não está dando descanso para a musculatura se desenvolver.

Muitas vezes você está prejudicando tanto o seu descanso que, ao invés de desenvolver a musculatura, você perde músculo.

Então tem que ter muito cuidado com isso. O seu descanso é tão importante quanto o seu treino.

Então assim: “Como dividir o seu treino”, aí existem muitas possibilidades, vou falar de uma aqui que seria um treino A/B para quem treina quatro vezes por semana.

“A” de inferiores, você vai treinar tudo de perna, glúteo, no mesmo dia – e no outro dia você faz “B” superiores, que é toda a parte de cima, braços, costas, peitoral…

E aí, em geral, as pessoas fazem: segunda e quinta, a série A; terça e sexta, a série B.

Porque, assim, ela consegue dar um bom estímulo e também uma boa recuperação para a musculatura.

Guilherme: Perfeito.

Se você pudesse dar um conselho para quem quer ter sucesso com a dieta e com o treino, qual seria ele?

Carla Basílio: O primeiro é esquecer a balança, mas já falei dele, e o segundo é ter planejamento.

Se planejar, ter muito claro quais são as suas metas…

Porque às vezes as pessoas começam a fazer atividade física, começam a fazer uma alimentação, mas elas não têm muita noção do que elas querem de fato.

“Ah, eu quero emagrecer”. Ok. Quantos quilos? Em quanto tempo? Você quer ter quanto de circunferência abdominal? De circunferência do quadril? Especialmente para quem faz a musculação.

Estipule metas, tenha um objetivo maior, um objetivo que nós dizemos de longo prazo (ou pelo menos de médio a longo prazo) e divida o seu objetivo maior em pequenas metas realizáveis.

Por exemplo: “Eu quero emagrecer 10 quilos”.

Em geral as pessoas não emagrecem 10 quilos do dia para a noite. Leva um tempo para isso acontecer – e é bom levar um tempo, porque tudo o que você perde muito rápido, você tende a ganhar muito rápido também.

Então: “Eu quero emagrecer 10 quilos, mas eu não vou fazer isso do dia para a noite. Eu vou levar seis meses”.

Depende também de vários fatores, mas de acordo com a sua realidade você vai estipular uma meta.

Claro que isso pode mudar ao longo do tempo, ok, mas a ideia é você falar: “Nesse primeiro eu tenho que emagrecer três quilos, depois, no segundo mês, também. A partir do terceiro eu já vou emagrecer dois quilos, e tal”. Até chegar lá.

Sempre lembrando que no começo o emagrecimento vai ser muito mais fácil.

Depois que o corpo percebe a nossa intenção, ele dá uma freada aí nos nossos resultados. É normal.

Sempre vale dizer que o objetivo principal do corpo não é ser musa fitness, não é ser super sarada…

Guilherme: É sobreviver.

Carla Basílio: Exatamente. É sobrevivência, então é normal ficar mais difícil.

Agora, com a hipertrofia geralmente acontece o contrário.

Especialmente para quem era totalmente sedentário, nos primeiros meses de musculação, é até por isso que as pessoas desistem, a hipertrofia real é praticamente nula.

O que acontece é uma adaptação do seu corpo. Ele vai ensinando a sua musculatura a usar as fibras musculares disponíveis.

Uma adaptação neural, vamos dizer assim, e você treinando pelo menos três vezes por semana, vai demorar uns dois meses para você começar a ver resultado em termos de hipertrofia mesmo.

Não por acaso, muitas pessoas que se matriculam na academia desistem justamente antes desses dois meses. Elas desistem, normalmente, nesses dois meses. Elas iam começar a ver resultado, elas param de malhar.

E aí, no começo é aquilo, a série é mais adaptativa, é para você conhecer o exercício e tudo mais, depois é que vai ficando mais legal – e a pessoa sempre sai no momento que ia ficar mais legal.

Quando ela volta, ela volta para a mesma chatice lá de conhecer os exercícios…

Tem que dar tempo para as coisas acontecerem e aí é por isso que é interessante ter esse planejamento e dividir o seu objetivo maior em pequenas metas realizáveis para você ir se mantendo ativado ao longo do tempo.

Por menor que tenha sido a evolução, ela foi uma evolução e isso vai te estimular a continuar.

E até quando você não evolui o quanto você queria, não encara isso como uma coisa negativa. Encara isso como um desafio: “Se eu não melhorei tanto assim, pode ser interessante eu, sei lá, acrescentar um HIIT aqui na minha rotina ou eu talvez não esteja sendo tão disciplinada na minha dieta…” veja como um estímulo para você sempre melhorar. Não encara como: “Nossa, não emagreci os três quilos que eu queria. É o fim do mundo.”. Não.

Tenha calma, tenha paciência, respeite o seu corpo, respeite os seus limites.

E encare tanto a alimentação como a musculação não como um sprint: “Ah, vou fazer tudo agora, tudo correndo para conseguir resultado!”. Não.

Encare como uma maratona que você vai fazendo devagar, no seu ritmo, para chegar onde você quer e principalmente: curta o caminho.

A sua felicidade não pode estar lá só no final, quando você chegar no seu objetivo.

Fica feliz de você poder ir para a academia, de você ter saúde para treinar, de você estar dando o seu melhor em termos de alimentação – ou seja, você já está na frente de 90% de pessoas que não estão nem aí para nada. Você está se cuidando.

Tente focar também em aspectos da sua saúde: sua disposição está melhorando, seus exames estão melhorando.

Enfim, qualidade de vida, estilo de vida englobam um monte de coisa, não só ser sarado ou ser magro.

Guilherme: Eu acho que é muito importante isso que você falou, especialmente de você aproveitar o caminho, porque se você condiciona a sua felicidade: “Ah só vou ser feliz depois de perder os 10 quilos”, você não vai apreciar toda a beleza de você já estar num caminho bom, de você estar se sentindo melhor, mais disposta que é exatamente o que você falou.

Carla Basílio: Eu falo muito sobre isso com as minhas coachees, para quem não sabe, eu sou fitness coach: “De quem você cuida, de uma pessoa que você ama ou de uma pessoa que você odeia?”. Normalmente você cuida de uma pessoa que você ama, então você vai esperar ficar magro para então amar seu corpo? Ou então vai esperar ficar sarado para então amar o seu corpo? Não. Ame o seu corpo agora. Olha para ele com carinho, com atenção, cuidado e aí vai ser muito mais fácil chegar no seu objetivo.

Agradece por ter um corpo. Ele é um presente da natureza para você.

Para quem acredita em Deus, é um presente de Deus para você – e, independentemente de como ele está agora, ele é o seu corpo, é a sua morada. Então faz tudo para cuidar o melhor possível dele.

Guilherme: Ele vai ficar com você até o fim, né? É bom cuidar bem dele!

Carla Basílio: Exatamente.

Roney: Carla, ainda nesse ponto da emoção que você tocou ao final, de amar seu corpo, de amar o processo, etc; você que lida sempre com pessoas, na alimentação, nós queríamos saber no seu dia-a-dia, qual é a maior dificuldade, frustração também e qual a maior alegria que você vive todos os dias?

Carla Basílio: Olha, hoje em dia a minha maior dificuldade é equilibrar a minha vida pessoal com a minha vida profissional, vamos dizer assim.

Eu trabalho bastante, tenho a minha empresa, atendo as minhas clientes, produzo conteúdo, ainda tem toda a parte burocrática, enfim.

E, especialmente quando você atua no nicho de fitness, você não pode deixar de treinar e de fazer dieta nunca.

Não que seja a minha ideia. Eu realmente não pretendo parar nunca com isso, mas eu tenho que estar sempre bem porque eu sou o espelho das minhas leitoras, minhas seguidoras, das minhas coachees, então além de dar conta de uma empresa que está em crescimento, de ter os meus produtos digitais, de ter as minhas clientes, poder produzir conteúdo; ainda tem que treinar pesado e estar sempre de olho na alimentação.

E também ter a minha vida social e almoçar com a minha família, enfim, e eu sou uma pessoa que gosto de ser boa em tudo o que eu me proponho a fazer, de ser muito boa, de estar acima da média, então eu acho que a minha maior dificuldade hoje é justamente conciliar e equilibrar todos esses pontos, mas aí entra até a low-carb – por ela ajudar tanto nisso.

É um tipo de alimentação que você come menos vezes ao dia, ou seja, você cozinha menos vezes, você precisa comprar menos comida, você lava menos louça, tem a vantagem do jejum intermitente, que se você tiver muito focado, tiver muito ocupado, tudo bem, você sabe que o seu corpo vai conseguir se virar…. E geralmente quando eu estou muito focada no trabalho, eu faço jejum propositalmente, já que isso aumenta a produção de grelina, enfim, você fica mais alerta.

Relacionado: As 11 maiores dúvidas sobre jejum, respondidas.

E é fácil você sair para almoçar, de repente, com a sua família e você vai comer a carne, vai comer, de repente, alguma coisa que tenha de queijo ou um churrasco, enfim, você consegue adaptar.

Não é um tipo de alimentação que você tem que mudar toda a sua rotina para conseguir fazer. Não. Ela se adapta à sua rotina.

Para você conseguir sustentar uma alimentação e um treino em longo prazo, ele tem que se adaptar à sua rotina e não o contrário.

E, falando da alegria… eu posso dizer que a minha maior alegria hoje em dia é estar trabalhando com o que eu amo de paixão, de poder compartilhar com as pessoas tudo o que eu aprendo (e tudo o que eu tenho aprendido até hoje, porque o aprendizado não pode parar) e é muito gratificante ver como você fazendo o que você ama, você consegue impactar positivamente a vida de tantas pessoas e receber tantos depoimentos legais da pessoa falando: “Ah, eu emagreci cinco, dez quilos depois que eu comecei a ler seu blog” ou então “Putz, Carla, eu apliquei aquela dica daquele artigo e estou tendo resultados muito melhores no meu treino” ou então até mais profundamente, as coachees que às vezes começam comigo para emagrecer 10 quilos ou então para ficar sarado e aí, além de elas conseguirem isso, elas conseguem uma promoção no trabalho, elas encontram um namorado, elas, enfim, se encontram…

Justamente porque essa é a ideia do coaching, é você se libertar das suas crenças limitantes que estão te prejudicando em vários pontos da sua vida – não só em relação a emagrecimento.

Também das alunas do curso, tem algumas que, do clube do Halter Rosa, que vieram por indicação de vocês, enfim, ver o crescimento dessas meninas, ver como elas se tornam empoderadas através da musculação…

Esses dias a menina até comentou: “Ah, eu estava chegando em casa, estava com uma melancia de oito quilos num braço e as sacolas no outro e subi a escada porque o elevador estava quebrado e eu me senti muito forte..

E não tem como a mulher começar a se ver como uma mulher realmente forte, fisicamente falando, e ela não se sentir forte em outros aspectos da vida. É muito, muito bacana ver tudo isso.

Na minha faculdade eu fiz a minha monografia sobre relações de gênero, sobre o feminino e tudo mais.

E poder aplicar isso hoje no meu trabalho é a coisa mais incrível, mais gratificante que eu posso ter.

Eu me sinto extremamente agradecida por isso, extremamente feliz e todo dia eu acordo animada para fazer mais e compartilhar mais, contribuir mais porque se você tem conhecimento e você não compartilha com as pessoas, esse conhecimento não serve de nada.

Guilherme: É verdade. Você falou tudo. E foi muito bacana toda essa história, que a gente se identifica bastante – tanto com a parte de trabalhar com o que gosta, de ver outras pessoas tendo resultado e a gente poder se realizar e poder viver de falar das coisas que a gente gosta, então isso é realmente incrível.

Roney: Infelizmente nós estamos chegando no final do podcast, é sempre um prazer falar com você, Carla, até porque você fala muito bem, consegue expor bem as ideias, acho que ficou de fácil acesso para o público que está ouvindo e fala de um assunto legal que é musculação para mulher e low-carb que são três coisas que às vezes não conversam, não tem tanta gente que fala sobre isso e você é uma mulher falando sobre isso, o que deixa mais legal ainda.

Nosso público também é, em grande parte, feminino – então essa nossa conversa vai adicionar muito para ele.

Mas antes de finalizar, a gente tem uma pergunta aqui que a gente gosta, que é: “Qual a pergunta que você gostaria que nós tivéssemos feito para você, mas que não fizemos”.

Carla Basílio: Hm. Interessante. Talvez quais são meus projetos para o futuro.

Guilherme: E quais são seus projetos para o futuro?

Carla Basílio: Até o final desse ano eu quero fazer um evento do Guia da Boa Forma, um evento ao vivo. Eu moro no Rio de Janeiro, então seria aqui no Rio e aí nesse evento, chamar pessoas que são do nicho de fitness, até vocês já estão previamente convidados.

Guilherme: Ah, muito obrigado.

Carla Basílio: Caso, espero que sim, esse projeto saia do papel. Tem tudo para acontecer e integrar as pessoas, porque a internet é maravilhosa, possibilita a gente conhecer e falar com gente do mundo inteiro, tenho alunos de vários países diferentes, mas essa conexão ao vivo é muito bacana.

Eu vi isso no evento da Tribo Forte Ao Vivo que teve do Rodrigo Polesso ano passado e fiquei muito “na pilha” de fazer um do Guia da Boa Forma também.

E teria tanto da parte de musculação, quanto de nutrição, especialmente low-carb e, enfim, é algo que eu quero muito fazer e quero que saia do papel.

Guilherme: Perfeito, Carla! A gente já ficou animado de antemão com o seu evento, conta com a nossa presença e a gente está encerrando por aqui, conta para o pessoal como eles podem saber mais de você e do seu trabalho.

Carla Basílio: Então, você podem procurar pelo guiadaboaforma.com.br, que é o blog, tem mais de 50 artigos publicados sobre alimentação, treino, bem-estar e saúde de forma geral, até tem artigo sobre uso de anticoncepcional, bem interessante para a mulherada e hábitos saudáveis, sobre pegar sol, enfim, tem muita coisa bacana lá. Você pode até usar o campo de busca para achar algum tema que seja do seu interesse.

Também pode me encontrar no Facebook, Carla Basílio – Guia da Boa Forma, mas se você procurar só por Guia da Boa Forma você também vai achar; no Instagram @guiadaboaforma.

Em todas as mídias está Guia da Boa Forma, a mesma foto minha segurando um halter [risos], então é bem tranquilo de achar.

Se você ouviu esse podcast, me conheceu através daqui e tiver alguma pergunta para fazer e tudo mais, eu vou me esforçar ao máximo para responder, você pode mandar email para [email protected] e aí eu vou tentar te ajudar de alguma forma, ou eu ou a minha equipe, vamos tentar te ajudar. Ok?

Guilherme: Excelente, Carla!

Muito obrigado pelo seu tempo, por você sempre estar disposta a conversar e a ensinar as pessoas sobre esse assunto que nós gostamos tanto e que sabemos que é tão importante.

Roney: Com certeza nós vamos deixar todos os links aqui para as suas mídias sociais, para o blog, para o seu projeto do Clube Halter Rosa para o pessoal poder conhecer mais sobre a Carla Basílio.

Carla Basílio: Ok. Obrigada, gente, pela oportunidade de estar aqui, que esse podcast seja sucesso total, não só o meu, mas todos que vocês vierem a fazer.

É bem legal. A gente vê que tem muita gente com uma mesma base porque em geral tem gente que fala que é para comer de três em três horas, tem gente que fala que jejum é ruim, mas também tem muita gente que está mais atualizada e consegue dar uma informação melhor que vai te ajudar no seu objetivo.

Guilherme: Perfeito então, Carla. Um beijo.

Carla Basílio: Beijo, gente! Obrigada pela oportunidade!

Roney: Beijo, Carla. Tchau, tchau.

Guilherme: Você acabou de ouvir mais um episódio do podcast do Senhor Tanquinho.

Roney: Não deixe de se inscrever para não perder nenhum episódio com os maiores especialistas para a sua saúde.

8 comentários em “Podcast #005 – Carla Basílio, do Guia da Boa Forma”

  1. Cristiano Freitas

    Gostei !
    Assim como várias pessoas, ela também se encantou com o ” caminho “…
    Muito bom isso de mudar a vida das pessoas !
    Eu hoje me sinto super influenciado por pessoas como vcs, Dr Souto, Rodrigo Polesso…
    E sei que tenho influenciado muitos amigos (as) a terem uma vida de mais saúde e qualidade de vida …
    Parabéns !
    #tamujuntu

  2. Que tal disponibilizar também a transcrição dos podcasts? Por incrível que pareça, tenho mais oportunidade para ler do que para ouvir. Creio que exista mais gente assim também.

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