Podcast #021 – Danilo Balu, O Nutricionista Clandestino

No nosso episódio de hoje, conversamos com o polêmico Danilo Balu.

O Balu ficou famoso por trazer uma visão descomplicada da nutrição e do treino – principalmente corrida – e você vai aprender muito escutando o episódio de podcast com ele.

Durante a entrevista, falamos sobre:

  • a história (de muitas faculdades!) do Balu,
  • por que o Balu é “Clandestino
  • jejum e corrida,
  • água e corrida,
  • quando você não deve ir ao nutricionista,
  • o futuro da nutrição,
  • como comer de maneira prática e saudável,
  • como a dieta pode ser mais barata,

e muito, muito mais!

Confira as mídias sociais do Balu. E mande mensagem para ele contando que ouviu o podcast: ele vai adorar saber!

Ouça o podcast clicando no player abaixo:

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É uma maneira muito fácil de transformar sua jornada diária (caminhada, academia, ônibus, metrô, carro, etc) em um momento de aprendizado e lazer.

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Inclusive, se você gosta de nossos entrevistados, saiba que eles tiveram acesso ao nosso livro e nos forneceram diversos feedbacks que foram incorporados a versão do final do livro.

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Transcrição Completa Do Podcast

Guilherme: Bem-vindo a mais um podcast do Senhor Tanquinho. Eu sou o Guilherme.

Roney: E eu sou o Roney. E aqui a nossa missão é deixar você no controle do seu corpo.

Guilherme: Olá, Tanquinho! Olá, Tanquinha!

Seja bem-vindo a mais um episódio do nosso podcast!

Roney: E hoje nós vamos falar com o Danilo Balu.

O Danilo, que é Educador Físico e Nutricionista, hoje vai ser o nosso convidado. Pode começar se apresentando, Danilo.

Danilo Balu: Oi, gente, tudo bem?

Meu nome é Danilo Balu, como já disseram, na verdade eu sou Bacharel em Esporte. Eu não sou Nutricionista, apesar de ter feito uma faculdade de Nutrição, e estou trabalhando com Nutrição já faz algum tempo e Esporte, obviamente, nessa mesma pegada de vocês.

Guilherme: Legal, Danilo.

Então a gente pode começar perguntando o que quer dizer que você fez a faculdade de Nutrição, mas não é Nutricionista? Porque acho que muita gente deve ter tido essa dúvida assim que você falou.

Danilo Balu: Pois é, engraçado, porque eu fiz a faculdade de Nutrição, logo na sequência da faculdade de Esporte e gostava e gosto muito de Nutrição, então eu fui fazer o curso e eu já tinha uma vida como bacharel em Esporte – uma vida profissional como bacharel em Esporte.

Então quando eu acabei a graduação e, para você finalizar, tem um estágio obrigatório. E como eu já trabalhava e não poderia largar o meu trabalho para fazer o estágio – o estágio obrigatório – então eu acabei as disciplinas e me desliguei da faculdade.

Guilherme: Entendi! E como você começou a se interessar por essa questão de Nutrição e Esporte? Como você optou pela faculdade?

Danilo Balu: A faculdade de Esporte porque eu sempre gostei de esporte. Na verdade eu comecei a fazer Engenharia Civil quando já gostava de esporte, obviamente, e foi ali que eu decidi que queria trabalhar com esporte e não em uma obra, construindo prédio e aí que eu migrei de faculdade.

Durante a faculdade de Esporte (e na verdade antes da faculdade mesmo) todo mundo sabe a importância da Nutrição dentro do esporte, então como eu sempre tive uma pegada de estudar o esporte numa linha mais de desempenho, eu sempre estudei bastante por conta própria, sempre, sempre, durante toda a faculdade.

E aí quando eu acabei, me formei… o profissional de Esportes acaba tendo um dia-a-dia um pouquinho mais dinâmico, ?

A gente trabalha durante o lazer do nosso cliente, então eu tinha ali uns horários livres e como eu sempre gostei de Nutrição, eu falei: “Ah, vamos fazer uma segunda faculdade” e eu consegui fazer a segunda faculdade, enquanto eu já desempenhava a minha profissão de bacharel em Esporte.

Roney: Legal, Balu.

Só fazendo um pedido de desculpa ao pessoal que está ouvindo, está meio barulhento aqui o ambiente, mas eu acho que vai dar para ouvir bem e se não der vai ter a transcrição do post aqui embaixo para quem quiser ler e não entender alguma passagem.

Guilherme: Beleza.

Nós queríamos saber de onde veio o seu nome “Clandestino” tanto como Nutricionista quanto como Treinador.

Danilo Balu: O Clandestino, as pessoas sempre perguntam se eu estou fugindo de alguém ou alguma coisa assim… não, não é isso!

Eu sou fã de um livro que chama “O Economista Clandestino”, do Tim Harford que é um consultor do Finacial Times e o livro dele fala… ele tem uma linha de falar de mitos, da irracionalidade na economia e o meu livro sobre Nutrição tem um pouco essa pegada de falar sobre mitos ou paradigmas da Nutrição.

Então na verdade eu gostei do nome, aplicado no Nutricionista Clandestino, é quase uma espécie de homenagem ao Tim Hardford, que é um cara que eu gosto bastante e aí foi uma ideia que eu julguei boa.

E aí quando eu lancei o segundo livro, que é o Treinador Clandestino, que também tem essa pegada de falar da corrida de aspectos mais de mitos, eu achei que caía bem, meio que como uma série e aí continuava a homenagem, e eu decidi por isso.

Guilherme: Entendi.

Aliás, você falou do seu livro, a gente leu o seu livro e gostou bastante e eu li o seu livro ano passado, mas o que eu imagino é que um leigo, lendo o seu livro talvez teria algumas das surpresas que eu tive quando li o Good Calories, Bad Calories, do Taubes, isso em 2013; até por você delinear um pouco da história de como esses mitos vieram a se formar.

Para quem não está muito familiarizado, como foi um dos momentos-chave que nós começamos a ter medo da gordura? Como a gente vive nessa paranoia hoje em dia? Como surgiu?

Danilo Balu: Essa paranoia é muito bem contada pelo Gary Taubes no Good Calories, Bad Calories, que não tem em português, e o livro dele que já foi traduzido para o português “Por que engordamos?”, infelizmente não trata disso, mas é uma história fantástica.

Mas o livro da Nina Teicholz, em português “Sem Medo Da Gordura”, o Big Fat Surprise, reconta isso, então quem não consegue ler em inglês, o Good Calories, Bad Calories não dá, mas o “Sem Medo Da Gordura” reconta bem essa história do final dos anos 50, começo dos anos 60, os Estados Unidos tiveram, se não me engano, oito senadores americanos tendo episódios cardíacos, de acidentes cardiovasculares em pleno mandato.

E aí isso acabou gerando um pânico, vamos dizer assim, um medo nas pessoas, uma preocupação maior com pessoas tendo um risco cardíaco.

Tanta gente poderosa sofrendo esse problema gerou toda uma atenção maior à saúde do coração e aí o Ancel Keys, um cientista brilhante, que é muito articulado acabou plantando a tese dele de que a gordura saturada e o colesterol causariam problemas e acidentes cardiovasculares.

Ele plantou essa ideia e foi atrás de evidências que corroborassem a tese dele.

Para isso ele abriu mão da ciência bem feita e conseguiu convencer políticos de que realmente a gordura saturada é que mata as pessoas do coração e aí, uma vez que convenceram-se os cientistas e convenceram-se os políticos, só bastava mudar a lei, as diretrizes governamentais e assim foi nos anos 60, começo dos 70, e uma vez que os Estados Unidos decidiram assim, o resto do mundo ocidental achou que era uma boa ideia e criou-se a paranoia nos anos 70, que dura até hoje.

Guilherme: É engraçado como isso ficou arraigado na comunidade mesmo de alguns profissionais de que a gordura é esse terrível vilão e até hoje com muitas evidências em contrário a essa historinha, esse conto baseado em alguns países (que excluiu outros!), permanece no imaginário coletivo.

Danilo Balu: Não é nem gordura, ? É gordura saturada. O problema é a gordura animal ou mesmo o colesterol. O pessoal tem medo do ovo por causa do colesterol. Foi realmente um problema que dura por décadas com consequências que são incalculáveis.

Roney: Bom, esse foi o resumo da obra, do seu livro Nutricionista Clandestino. E o outro livro, o Treinador Clandestino?

Danilo Balu: Na parte de Nutrição ele fala muito sobre a segurança do Jejum porque é um mistério hoje o porquê os treinadores hoje têm um medo e acabam passando isso aos corredores amadores o medo de se correr em jejum: “Não, não corra em jejum porque você vai perder massa muscular, vai desmaiar e vai morrer” e aí eu falo sobre: “Não, não faz sentido esse medo do jejum”. O jejum é melhor para a corrida? Não, ele não é melhor. Ele é pior para a corrida? Não, ele não é pior. Ele é seguro. Se a pessoa corre em jejum, corre em jejum. Se a pessoa não corre em jejum, não corre em jejum.

Então quando eu falo de Nutrição eu falo basicamente de Jejum e também da Hidratação, porque é aquele negócio: “Beba água a cada 15 minutos”. Eu não consigo beber água a cada 15 minutos correndo! Eu não consigo, me desculpa! Mais do que isso: se você corre mais do que meia hora beber bebida esportiva, cheia de açúcar, não faz o menor sentido.

Então eu explico como a gente precisa beber bem menos água do que dizem que a gente precisa durante a corrida e como a bebida esportiva só é uma alternativa interessante em casos bem específicos, ou seja, mais de uma hora e meia correndo ou ambiente de extremo calor e baixa umidade…

Então eu falo sobre o exagero da água, o exagero da bebida esportiva e a paranoia com medo do jejum na corrida.

Guilherme: A gente realmente não leu esse seu segundo livro, a gente não tem o costume de correr, mas eu sei que existe esse movimento em torno de “beba muita água” e não tem muito reforço da parte dos sais minerais.

Eu sei que tem muitos corredores iniciantes que até passam mal pelo excesso de água e o medo do sal, que também é uma coisa que está no imaginário dos esportistas.

Danilo Balu: Pois é, o engraçado… eu tenho duas cachorras, ? Cachorros, cachorros mesmo e eu não preciso pedir para elas beberem água. Eu ando com elas, ando e corro todos os dias com elas. Não corro todos os dias, mas eu pelo menos ando e alguns dias eu eventualmente corro, e em nenhum momento eu preciso falar para elas: “Por favor, bebam água agora”. Elas correm e na hora que param em algum lugar que tenha água, elas bebem e eu não preciso medir o quanto elas bebem de água: “Você precisa de um copo a mais de água”. Ela bebe e, satisfeita, ela para.

E por algum mistério alguns treinadores acham que a minha labradora é mais inteligente que a gente, porque eu não consigo calcular quanta água eu preciso, mas a minha labradora consegue. Não! Deu sede? Bebe água. Não deu sede? Segue correndo. Não existe mistério. Se a gente precisasse de alguém do nosso lado nos avisando sobre a água, a gente já teria morrido. Em algum momento você teria esquecido e teria morrido.

Guilherme: As pessoas que precisavam disso, se existia alguém com essa mutação, essa pessoa já foi selecionada porque ela já não está mais aqui entre nós agora.

Danilo Balu: Tem um dado muito interessante, já fugindo um pouco, obviamente eu não falo só disso no meu livro o Treinador, mas quando você pega os grandes, os melhores corredores são justamente os que se desidratam mais durante uma prova, ou seja, não beber água também é uma vantagem competitiva para eles.

O mito da necessidade da água como essencial, vamos dizer assim, na corrida, partiu de um estudo sul-africano de acho que 50, 60 anos atrás, em que eles pegaram as pessoas que terminaram a prova mais desidratadas.

Então eles calcularam a base de desidratação, vamos dizer assim, em função desses corredores. O que eles não perceberam ou esconderam da gente foi que os que mais desidrataram foram justamente os que ganharam a corrida, ou seja…

Não que a desidratação não trouxe perda para ele, na verdade trouxe uma vantagem para eles…

Guilherme: Enquanto nós falamos disso de ignorar os nossos próprios estímulos, nossos próprios feedbacks do corpo em resposta à atividade física, seja no caso da água, é praticamente impossível não lembrar do fato de que quando a gente treina de maneira intensa, a gente fica com mais fome e muitas vezes as pessoas esquecem disso e falam: “Não, a pessoa está treinando, eu vou passar mais comida para ela necessariamente” e esquece que a pessoa vai passar a comer a mais porque essa é a resposta do corpo: ter mais fome.

Danilo Balu: Pois é! E nem só isso! O cálculo… para nenhum cliente meu eu fiz cálculo calórico, seja de consumo ou de gasto. Na verdade eu nem sei mais onde estão as fórmulas que eu tenho, das minhas anotações, não sei. Não sei nem fazer mais os cálculos.

Eu sou corredor, já corri maratona quatro, cinco vezes, mas eu te falo por experiência… vocês não correm, mas eu te falo por experiência própria que quando eu fiz maratona, eu corri meus longos – eu sempre faço de sábados – aqueles longos simulando a maratona. Eu fico imprestável porque eu corro de manhã e fico deitado o dia inteiro.

Guilherme: Não é só a fome: tem uma diminuição na termogênese que não vem da atividade física (NEAT).

Danilo Balu: Completamente, e assim, eu só volto a correr na segunda. Eu só volto a correr na segunda porque no domingo eu nunca corro. Eu corro no sábado de manhã, eu fico um imprestável até segunda à noite. Você não entra no carro mais, a pessoa chama para ir num barzinho… Não, imagina! Eu quero ficar deitado aqui sem fazer nada.

O corpo se equilibra, então eu bebo mais água, porque eu corri muito mais, eu sinto mais fome, mas depois se compensa… o corpo tem uma homeostase incrível, genial, então, muitas vezes a Nutrição ignora isso, infelizmente, a ciência da Nutrição ignora isso.

Guilherme: Que é um super robusto, ? No caso, afinal a gente está aqui agora, após milhões de anos.

Danilo Balu: Perfeito.

Roney: Nós até começamos falando aqui antes de começar a gravar, o Princípio da Intervenção, que nós estávamos falando dos Nutricionistas que geralmente vão querer mudar sua dieta…

Guilherme: Acho que o mote…

Roney: Que incentivou a gente a fazer essa pergunta…

Guilherme: Acho que foi quando eu estava lendo o [Nassim] Taleb, não tenho certeza.

Mas eu lembrei do seu post, cujo resumo que ficou na minha cabeça foi: “Se você está bem, está comendo bem, se sentindo bem, não vá ao Nutricionista”, baseado nesse princípio.

Danilo Balu: Isso é o que eu falo para todo mundo, ainda que fira o meu bolso, “Não vá ao Nutricionista”. Quando na saúde, ou seja, enquanto você estiver saudável, você não deve ir ao Médico e nem ir ao Nutricionista, nem ao Dentista.

Você não deve ir a um profissional de saúde quando você está saudável porque toda a área da saúde, todos os profissionais da saúde são todos organizados, tudo feito de modo que você intervenha, que você faça alguma coisa.

A pessoa vem até seu escritório, seu consultório, você tem que fazer algo e isso é um problema porque quando a pessoa chega saudável para você, é o que a gente estava conversando…

Imagina que você tem uma dieta perfeita e você vai no Nutricionista – ele vai mexer com a sua dieta!

Porque ele tem que mexer, é o papel dele e, óbvio, vai ter profissional que não cai nessa tentação, mas a maioria dos profissionais vai cair nessa tentação.

Então é um problema muito grave na área da saúde é o excesso de intervenção porque é na intervenção que a saúde faz a renda dela, faz o dinheiro dela.

O salário do profissional da saúde vem de quanto mais intervenções ele fizer, então obviamente que ele vai fazer intervenção você estando doente ou saudável. O princípio que eu sigo, que eu recomendo, é: durante a saúde, fique na sua. Não faça nada. Deixe que a Mãe Natureza seja seu médico.

Guilherme: Faz sentido. Lembra até aquela linha de perguntar para o barbeiro se precisa cortar o cabelo porque de fato ele sempre vai achar alguma coisa para cortar, assim como na saúde sempre vai buscar intervenções, só que o cabelo volta a crescer sem nenhuma consequência.

Danilo Balu: Perfeito. Exatamente isso!

Roney: Balu, como você vê essa questão da Nutrição para o futuro? Porque parece que ultimamente, nos últimos cinco anos principalmente, está expandindo bastante essa ideia de “comida de verdade, menos açúcares e farinhas”… tem essa onda aí de vários blogs espalhando isso debaixo e vários Nutricionistas e Médicos já se atualizando, mas nós vemos ainda que a maioria, tanto dos profissionais, quanto dos leigos, ainda não comprou essa ideia, na mídia ainda não está sendo vendida essa ideia.

Como você vê isso daqui para frente? Você, que é um profissional que já segue essa linha…

Danilo Balu: Eu acho que nesse ponto eu sou parte otimista e parte pessimista. Eu acho que essa linha “comida de verdade”, Paleo, Low-Carb, vai ser mainstream, vai ser o preponderante? Não, não acho. Eu acho que não tem como ser o norte de uma diretriz nutricional oficial governamental, por exemplo, como a Suécia está adotando.

Acho que não há como porque o dinheiro aponta para o outro lado. É muito ingênuo achar que, de repente, todo mundo: “Não, não, beleza, vamos ser contra intervenção e vamos comer mais comida de verdade”. Eu acho que é muito improvável. É difícil você competir com a indústria alimentar.

Sabe, eu não sou mesmo adepto da teoria da conspiração.

Não acho que tem meia dúzia de CEOs reunidos agora desenhando o futuro do mercado.

Eu não acho isso, mas toda a economia é voltada para a intervenção, é voltada para a praticidade, para você chegar no supermercado e comprar uma comida congelada, o prazer que o açúcar e a farinha nos dá é muito difícil de você mudar, está ali dentro da nossa genética… então eu acredito nisso.

Bem pessimista quanto à diretriz ser alterada.

Por outro lado eu acho que o crescimento dos portais, blogs, livros, profissionais da saúde, mostrando qual seria o caminho “correto” da Nutrição, é bom para aquele que se interessa. A pessoa que se interessa tem, ela consegue mesmo sem falar inglês, ela consegue ir numa livraria comprar o “Por que engordamos?” ou o “Sem Medo da Gordura” ou o Nutricionista Clandestino… vai abrindo possibilidades. Isso é muito bom.

Ou então entra no site, acompanha vocês, ele tem informação acessível mesmo não sendo formado na área de Biologia, nem falando inglês, então desse lado eu sou otimista.

Eu acho que você vai conseguir, sem precisar recorrer a Nutricionista, sem precisar recorrer a Médico, a melhorar a sua Nutrição. Isso é muito bom. Nesse ponto eu sou bem otimista.

Guilherme: Com certeza.

Eu acho que é legal esse ponto que você falou de não ser uma teoria da conspiração porque, na minha opinião, os agentes agem de maneira mais egoísta do que essa de um grande cartel da indústria.

Eles não precisam disso para o status quo se manter.

As pessoas querem a praticidade, grande parte das pessoas não é movida pela busca de mais saúde e desinformada. Muita gente só busca um prazer momentâneo e uma coisa barata, então acho que não chega a precisar dessa máfia de desinformação.

Danilo Balu: Exatamente.

Duas coisas que eu falo muito para os meus clientes porque eles sempre me perguntam e é o que eu acho que eu nunca parei para mostrar no Excel, que é verdade o que eu vou falar, mas as pessoas perguntam: “A dieta que você está propondo é mais cara? Ou muito mais cara?”. Não, ela não é mais cara. Ela pode ser, a depender do seu gosto gastronômico, culinário, que seja, ela pode ser um pouco mais cara. Não é muito mais cara. Pode ser um pouco mais cara, mas ela não tem que ser. Ela pode ser.

Mas ela é sim, eu tenho que ser honesto, ela é mais trabalhosa. Ela é mais trabalhosa. Se a pessoa falar que ela não é mais trabalhosa, não sei, talvez mentira seja uma expressão muito forte, mas talvez ela…

Guilherme: Eu vou falar da minha opinião, como uma pessoa que… eu sempre busquei informação de saúde… só que eu buscava nas fontes erradas antes, eu lia o portal do Uol, fazia um monte de besteira, comia a cada três horas e fui no Nutricionista e um monte de coisa que… não era uma boa profissional, enfim, tomei várias decisões que eram estúpidas e davam muito mais trabalho e era mais caro porque eu tentava fazer uma intervenção do que eu achava que era o certo.

Então era o pão com 12 grãos com margarina Becel – e tem mais de um tipo de Becel – e eu comprava a mais cara porque tinha mais Ômega 6, que era bom para o coração.

Eu te garanto que comprar carne moída e fazer feira é muito mais barato e a gente cozinha para dois homens adultos, uma vez por semana e come de segunda a sexta esses alimentos, faz jejum de café da manhã… Antes eu fazia duas marmitas só de lanche porque eu tinha que comer a cada três horas, daí uma era pão integral com queijo branco e peito de peru.

A outra era um monte de fruta, que eu ficava cortando, manga, mamão, banana… dava super trabalho e eu ficava com fome logo depois.

Roney: Dependendo da onde você sai e para onde você vai na Low-Carb / Paleo, pode ser até que você tenha uma diminuição do custo e do trabalho porque você passar a fazer uma, duas refeições por dia e cozinhar duas vezes na semana, sem ter que preparar lanche todo dia, talvez você vai ter até menos trabalho, provavelmente.

Danilo Balu: Você quer ver, por exemplo, vou falar o meu caso, eu como uma média de duas refeições por dia. Geralmente um café que, perdão, um almoço que às vezes não é almoço, às vezes às dez da manhã, às vezes duas da tarde, dependendo da minha agenda, dependendo da minha fome e o jantar que é religioso ali, mais tarde do que deveria, nove, dez da noite.

E, sim, eu não tenho o trabalho de fazer lanches, eu não tenho o trabalho de fazer o café da manhã às oito da manhã, perfeito, concordo. Não tem como discordar, mas por exemplo, no jantar eu faço uma carne, eu sou meio metódico, uma carne e legumes.

Eu vou lá, corto o legume, pego a carne, jogo no fogo e tal… seria muito mais fácil eu puxar um pão 12 grãos, pegar um peito de peru fatiado e faria isso em três minutos, dependendo…

Mas eu tenho o trabalho de ir lá cortar o frango, picar os legumes, então sim, dá mais trabalho, mas do seu ponto de vista, quando você faz cinco, seis refeições, dá muito mais trabalho.

Guilherme: E eu acho também que é uma questão de prática. Já teve épocas que eu cozinhava duas vezes ao dia para comer. Eu perdia várias horas fazendo: “Ah, vou fazer um pernil no almoço”. Pega o pernil, enrola no alumínio, vai no gás um tempão, aí depois na janta: “Vou fazer um caldo de osso com o resto de pernil, com ele eu vou fazer uma sopa, dá muito mais trabalho…

Danilo Balu: Quando eu falo para as pessoas que eu não como folhas em casa, as pessoas meio que se assustam. Eu como sete legumes toda noite, só que eu não como folha. Sou eu e a minha mulher só. Se a gente compra folha vai estragar, mas folha eu como na rua. Então para facilitar o meu trabalho de já ter que comprar folha um dia sim, um dia não, eu como só legume que eu compro uma vez na semana só e fica na geladeira.

Roney: É o nosso caso também. A gente não compra folha em casa.

Guilherme: Quando a gente compra uma folha como repolho, a gente refoga, alguma coisa assim…

Danilo Balu: Mas folha eu como na rua.

Guilherme: Sim, sim.

Então eu acho que é muito difícil comparar. Claro, se você chega em casa e come miojo e vai comparar com fritar um ovo, fritar um ovo dá mais trabalho: é mais prático para você fazer miojo ou uma lasanha congelada.

Roney: Pensando no nosso caso e não no caso daquelas pessoas que comem um salgado na rua, que o trabalho é realmente zero, ? Com certeza vai dar mais trabalho e vai ser mais caro.

Guilherme: Agora, se você já tentava levar uma vida saudável, no mínimo um estilo de vida gourmet, mesmo comendo porcaria, ele sai mais caro que feira e açougue.

Claro, você não precisa comer picanha de angus, você pode comer carne de segunda… então tem muitas opções. É uma democrática, na minha opinião.

Danilo Balu: Muito democrática!

Roney: Se você quiser fazer salmão e carpaccio todo dia, pode também, ?

Danilo Balu: Eu falo para as pessoas, no pernil não tem nada, absolutamente nada de milagroso no pernil. Eu como pernil seis noites por semana.

Eu gasto R$ 9,00 o quilo e é provavelmente o corte que eu mais gosto no porco, seis vezes por semana. Seis vezes por semana eu como pernil. R$ 9,00 por quilo não dá para dizer que é uma carne cara.

Guilherme: Não, não dá.

Pernil realmente é o que eu mais gosto – porque o bacon é hors concours.

Danilo Balu: É verdade! Então já muda a categoria!

Roney: Você já deu uma pincelada sobre como é a sua alimentação, então mais ou menos você almoça/lancha entre 10h e 14h, que é uma coisa que o pessoal pode se interessar de saber e o seu jantar geralmente é pernil por volta das 21h30.

Danilo Balu: É, 21h, 22h.

Roney: Tem mais algum…

Guilherme: Outros hábitos saudáveis que você adota?

Danilo Balu: Meu dia-a-dia é bem… tem que parar todo dia para saber como vai ser meu dia seguinte. Tirando sábado e domingo que geralmente eu não trabalho, quase nunca, às vezes se eu corri muito a noite, fui na academia, acordo com fome no dia seguinte, não é o caso, mas se hoje eu tivesse acordado morrendo de fome, eu ia lá, colocaria quatro, cinco ovos junto com barrigada na frigideira e ia fazer ovo mexido, com o queijo que estiver na minha frente. Eu gosto do gouda. Gouda, barrigada e quatro, cinco ovos mexidos. Mexo e como isso com um pouco de café. Isso seria o meu café da manhã, por exemplo.

Aí no almoço geralmente eu costumo almoçar com os clientes em restaurante em estilo buffet. Eu como a folha que eu não como em casa e os legumes que eu não tenho em casa e a carne que tiver, provavelmente grelhado ou assado, aí também a carne que tiver no restaurante. Infelizmente os donos insistem que peito de frango é uma boa opção mas eu opto por sobrecoxa ou algum outro corte mais gordo.

Aí quando tem uma fome assim, a ponto de querer fazer algum lanche, aí depende, pode ser um iogurte natural, pode ser… eu gosto muito de morango… não tem uma regra.

Café eu tomo sempre com creme de leite. Gosto muito. Isso ou nata. É difícil achar nata, então a maioria das vezes é com creme de leite. Se eu acho nata, eu compro e tomo café com nata.

No jantar, sete legumes e pernil. Às vezes pernil e sobrecoxa, às vezes pernil e barrigada, às vezes pernil e costela. O pernil está lá. Pernil, prato, garfo e faca estão lá.

Roney: E você também pratica corrida, ?

Guilherme: Como é a sua rotina de exercícios?

Danilo Balu: Eu gosto de correr a noite, mas estou tentando correr mais cedo.

Guilherme: Tem a ver com o seu ciclo circadiano ou sua agenda?

Danilo Balu: O meu ciclo circadiano pede para eu correr a noite e a minha agenda pede que eu corra de dia. Então hoje eu corro na hora dá, então às vezes eu corro às 10h da manhã, às vezes eu corro às 15h, às vezes eu corro às 22h, mas eu corro. Corro. Aí depende se vai ser no Ibirapuera, se é no Severo Gomes, se é no Morumbi. Depende.

Então cada dia é um dia, mas eu corro, como eu disse, estou tentando correr de manhã. Quando eu faço academia, eu também gosto a noite, mas eu também faço de manhã conforme a agenda pede.

80% das vezes eu corro em jejum.

Quando é de manhã é jejum total, quando é a noite, eu corro em jejum, sei lá, de seis horas. Hoje eu já não consigo mais comer e correr. Eu vejo que eu corro pior.

Aí depois da corrida, se é de manhã eu não como depois da corrida, porque eu não tenho fome e quando é a noite, como o jantar. A noite eu tenho fome. quando eu corro a noite depois eu janto – não porque faça bem, mas porque eu tenho muita fome. É mais ou menos isso. Não existe uma estrutura. Meu dia é meio bagunçado.

Guilherme: Você falou dos sete legumes e eu fiquei curioso e tenho certeza que muita gente que ouviu a gente também…

Danilo Balu: Puramente por gosto. Não existe milagre.

Pimentão amarelo e vermelho porque eu gosto. Pimentão vermelho é um dos que mais retém agrotóxico, então eu tenho uma dor no coração para comer, mais eu gosto. Jiló que eu gosto, tomate cereja que eu adoro, abobrinha, cenoura e cebola. Tudo grelhado, menos o tomate, que é cru.

Guilherme: Ah sim! Eu já ia perguntar!

Danilo Balu: O tomate cru, os outros seis grelhados. Grelhado em um pouco de banha para não bagunçar a frigideira e o tomatinho cereja coloco direto no meu prato.

Não tem nada de milagre nisso. É o que eu gosto. Por exemplo, não gosto de pimentão verde, então eu não como. Não gosto de chuchu, então eu não como. Come o que você gosta, eu como o que eu gosto.

Roney: Muito bom! Acho que essa é uma ótima frase para a gente encerrar.

Guilherme: Eu queria, antes de nós encerrarmos, e depois você deixar seus contatos, claro, mídias sociais, site, Facebook, o nome dos seus livros… Nós vamos deixar todos os seus links aqui embaixo para o pessoal acompanhar o seu trabalho, o blog Recorrido, etc.

Roney: Então pode, por favor, deixar os seus contatos para o pessoal te achar, o nome dos seus livros, mídias sociais.

Danilo Balu: Os livros impressos são vendidos só online, apesar de serem impressos, que é o Nutricionista Clandestino, que é o primeiro e depois na sequência eu lancei o Treinador Clandestino, bem mais voltado para a corrida.

Mídias sociais eu tenho o blog que fala basicamente de corrida, que é o blogrecorrido.com, sem br, e tem o blog O Nutricionista Clandestino, que eu falo, obviamente, de Nutrição, voltado mais para essa linha Low-Carb, emagrecimento, açúcar, diretrizes…

Redes sociais vocês vão me achar no Twitter @danilobalu e também O Nutricionista Clandestino; Facebook O Nutricionista Clandestino. O que mais? E-mail: [email protected], [email protected], atendo pelos dois e acho que é isso. Deixa eu ver… ah, Instagram também! @danilobalu, você vai me achar no Instagram também.

Guilherme: Certo! E quem tiver se interessando em se consultar com você, você tem vagas abertas agora?

Danilo Balu: Tem, tem!

Guilherme: Como eles entram em contato? Por e-mail mesmo?

Danilo Balu: Por e-mail. Por e-mail é mais fácil. Eu respondo a pessoa, tiro dúvidas, horário, local, tudo…

Guilherme: E se você tiver algum pedido, alguma mensagem final para deixar para a nossa audiência, alguma coisa que você gostaria que todo mundo soubesse ou lembrasse no dia-a-dia, qual seria?

Danilo Balu: Gente, eu acho, e de verdade isso, eu acho que a Nutrição é muito simples, é muito simples. O profissional de saúde que tenta, como posso dizer, que tenta dizer que é complexo. É muito fácil. Comer bem é muito mais fácil do que parece.

Os sete legumes que eu te falei, eu como exatamente os sete. Então as pessoas falam: “Ah, varie os legumes”. Eu não! Eu como os mesmos sete. Eu não vou comer outros. A ideia da variação na Nutrição é sobrevalorizar. Então eu acho que é muito simples. Você come a carne que você gosta, você come os legumes que você gosta, come eventualmente frutas de baixo açúcar… é muito simples. O difícil mesmo na Nutrição é você resistir às tentações. É você resistir a um bolo, a um doce, a um sorvete. Esse é o difícil.

Guilherme: Ainda mais num ambiente que é obesogênico, com comidas hiper palatáveis. A dificuldade é estar inserido nesse local.

Danilo Balu: Pois é, pois é.

E a pessoa que tira a renda dela te oferecendo uma coisa que ela sabe que vai te gerar prazer e vai fazer você voltar a ela. Mas a Nutrição é simples. Se a pessoa não por na cabeça que ela vai ter que ir numa ajuda profissional e que ele vai passar uma dieta super complexa, porque na verdade é muito mais simples do que a gente imagina.

E é isso. Acho que é buscar uma vida com menos intervenções. A vida com menos intervenções é muito mais simples do que a gente imagina num primeiro momento.

Roney: Perfeito, Balu. Obrigado pela entrevista!

Então assim nós encerramos mais um episódio do nosso podcast. Esperamos que vocês tenham gostado

Guilherme: E se você gostou, lembra de ir lá no ITunes e avaliar o nosso podcast com cinco estrelas. Nós temos poucas avaliações e a sua é muito importante para continuar crescendo esse canal.

Roney: Nós nos vemos em um próximo episódio. Um forte abraço

Roney e Guilherme: Do Senhor Tanquinho.

Guilherme: Você acabou de ouvir mais um episódio do podcast do Senhor Tanquinho.

Roney: Não deixe de se inscrever para não perder nenhum episódio com os maiores especialistas para a sua saúde.

2 comentários em “Podcast #021 – Danilo Balu, O Nutricionista Clandestino”

  1. Q entrevista bacana! Eu fiquei pensando no qt, mesmo seguindo uma alimentação low carb, ainda é muito arraigado em nós a ideia da variedade alimentar. Mas o q mais gostei foi ele falar da simplicidade: as coisas podem ser simples, ficam mais fáceis assim; mas podem ser sofisticadas tbm. Precisamos achar, individualmente, do q gostamos e pronto! Gratidão por vocês sempre compartilharem coisas boas conosco. Fiquem em paz!

    1. Oi Silvia!!

      Ficamos felizes que tenha gostado :)

      E concordamos totalmente com você – a dieta pode ser simples ou variada

      Cada um pode seguir como pode, e como gosta mais

      Admiramos muito o balu pela sua coragem em ir contra o senso comum

      Forte abraço

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