Podcast #066 — Dr José Neto: Ácido Úrico, Gota, E A Arte E Ciência De “Tratar Gente”

A gente não trata número — a gente trata gente.”

O convidado deste episódio de podcast é o médico Dr. José Neto — um nome que talvez você reconheça, visto que ele foi o convidado em um de nossos episódios favoritos até hoje.

Sendo que, desta vez, tivemos uma conversa fascinante.

Pois ela começou indo direto para a “carne” do episódio (a questão da gota e do ácido úrico) e depois migrou para assuntos diversos, mas igualmente importantes: desde métricas e empirismo, até a importância do “menos é mais” na medicina.

Passando por dieta cetogênica, ciência… e até mesmo recados pessoais para nossas mães!

Por isso, vale a pena escutar o podcast completo — para assim apreender melhor sobre o que esta bela “alma humana” (escute o podcast para entender essa referência) tem a ensinar sobre:

  • a verdade sobre o consumo de carne e o ácido úrico,
  • o que é gota — e quais alimentos causam a gota?
  • qual é o papel do exame médico na prática da medicina,
  • por que não pedir exames de maneira arbitrária e sem critério,
  • o que um economista e um escritor podem te ensinar sobre medicina,
  • por que muitas vezes “menos é mais” na medicina,
  • como o Neto colocou em prática o atendimento humanizado com seus pacientes,
  • o curioso caso da paciente renal que queria lavar o cabelo,
  • dieta cetogênica faz mal para os rins? Palavras de um médico,
  • qual é o papel da ciência — e por que aceitar que “não sabemos” é o caminho a seguir,
  • as palavras que o Dr. Neto falou para a minha mãe,
  • quais são as 4 peças do quebra-cabeça da saúde,
  • por que o Neto começou a meditar este ano — e o que isto fez por ele,
  • a importância de experimentar o que funciona para você,
  • uma dica de aplicativo para ficar mais calmo,
  • a sugestão do Neto para a sua Netflix,

e muito, muito mais.

Sendo assim, preste atenção neste episódio, que é um convite ao pensamento crítico.

E rico em informações importantes e úteis que o Dr. José Neto compartilha com você.

Porque nossos podcasts não são apenas entretenimento.

E sim um investimento na sua educação — que disponibilizamos gratuitamente a você todas as semanas.

Por isso, anote, estude, pesquise…

E compartilhe —  para que esse conhecimento seja cada vez mais difundido.

Você pode ouvir a entrevista completa no player abaixo.

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E de acompanhar o trabalho do José Neto (em várias mídias) aqui: http://drjoseneto.ctcin.bio/

A transcrição completa do episódio está disponível abaixo.

Transcrição Completa Do Podcast Com O Doutor José Neto

Guilherme: Bem-vindo a mais um podcast do Senhor Tanquinho.

Somos Guilherme e Roney, e aqui a nossa missão é deixar você no controle do seu corpo.

Gostaríamos de agradecer à Eliana, da loja Tudo Low Carb, por apoiar esta iniciativa do podcast.

Ficamos felizes em ter entre nossos apoiadores marcas e empresas que nós mesmos usamos e respeitamos.

E o que é a loja tudo Low Carb? É um e-commerce onde todos os produtos que estão à venda são próprios para a sua dieta baixa em carboidratos.

Então é muito legal porque eles têm ótimos preços, todos os produtos são baixos em carboidratos e é lá que a gente encontra os nossos próprios ingredientes: tem castanha do Pará, amêndoas, amendoim, nozes, queijos, chips de parmesão, adoçantes como eritritol e xilitol, lanchinhos práticos, macarrão konjac, cacau em pó, e muito mais.

Conheça a loja Tudo Low-Carb.

Tendo dito tudo isso, é hora do show.

Guilherme: Olá Tanquinho, olá Tanquinha, sejam muito bem-vindos e muito bem-vindas a mais um episódio do nosso podcast.

E hoje trazemos o médico Dr. José Neto aqui no podcast.

Ele é médico nefrologista, também é clínico geral, e já esteve aqui no nosso podcast uma outra vez.

Daquela vez, a gente falou sobre medicina baseada em evidências, e eu recomendo que você escute o episódio. É o episódio 19 do nosso podcast.

Hoje a gente vai falar sobre alguns outros assuntos, e já estamos bem animados pelo que vem por aí. Tudo bem Neto?

A Verdade Sobre A Carne E O Ácido Úrico

Dr. José Neto: Opa, tudo bem Guilherme? Tudo bem, Roney? Maior prazer estar aqui com vocês de novo.

Roney: Opa Neto, tudo bem.

E espero que esteja tudo bem com quem nos está ouvindo agora.

E um dos primeiros assuntos que a gente gostaria de tratar com você diz respeito a uma pergunta que a gente recebe bastante, seja por e-mail ou seja nas mídias sociais.

Ela apareceu esses dias agora pouco, eu acho que você até respondeu a essa pessoa lá nos comentários do Instagram, se não me engano.

A questão que a pessoa levantou, no caso o nosso leitor Bruno, foi:

Eu preciso controlar o meu excesso de carne porque o meu ácido úrico está em 9.”

Então a gente queria saber:

  • se realmente é necessário controlar a carne para melhorar esse número do ácido úrico,
  • se esse número é realmente elevado e perigoso, e enfim,
  • de conhecer seu parecer no geral em relação a esse ponto que o leitor Bruno levantou na nossa postagem.

Dr. José Neto: Eu recebo essa pergunta, Roney, com uma relativa frequência.

E eu me lembro especificamente dessa pessoa que falou inclusive desse número 9.

E isso me chamou a atenção porque é mais ou menos o valor do meu ácido úrico da última vez que eu cheguei a fazer, e isso já tem algum tempo.

Eu respondi “bem-vindo ao clube”.

E a realidade é o seguinte: a gente conversou muito no último episódio sobre desfecho clínico e desfecho substituto.

Relembrando, desfecho clínico é aquilo que importa para o paciente.

Então no caso em questão, desfecho clínico poder ser:

  • ter gota, ou
  • ter cálculo renal.

São coisas que efetivamente incomodam o paciente.

E o desfecho substituto é uma variável (normalmente) fisiopatológica — que você usa para tenta predizer um desfecho clínico.

Por exemplo: Ah, o sujeito tem o ácido úrico mais alto. Então ele tem uma maior probabilidade de ter gota.

Então ter o ácido úrico isoladamente elevado não necessariamente significa ter uma doença.

Do mesmo: modo você pode ter um ácido úrico relativamente baixo e ter uma doença que está associada ao ácido úrico.

A coisa não é tão simplista, não é tão linear como as pessoas querem crer.

De onde que vem essa história que relaciona o consumo de carne ao aumento do ácido do úrico e, em consequência, às doenças associadas à ele?

O ácido úrico é um metabólito das purinas, que tão ali fazendo parte do DNA.

Então tudo que é bicho, de maneira geral, em última análise, ele tem essa questão de formar ácido úrico pela via de metabolização que ocorre.

Eu não vou entrar nesse mecanismo, que é algo complexo, e eu acho que completamente desnecessário nessa nossa conversa.

Mas o fato é: sempre se quis crer que, em função dessa lógica, isso seria uma verdade.

Que, se eu parasse de comer carne, necessariamente eu reduziria minhas crises de gota.

Isso foi o que eu aprendi na faculdade de medicina — e, até muito pouco tempo atrás, era nisso que eu acreditava.

Quando eu efetivamente passei a estudar nutrição, entre outras demandas, eu fui estudar gota e a relação da nutrição.

E a literatura, nesse sentido, ela chega a ser ridícula de tão pobre.

Mas a gente não tem nenhum trabalho decente que consiga afirmar que se eu retirar a carne eu vou reduzir, necessariamente, aquilo que importa — que são as crises de gota ou a formação de cálculo renal.

E nos últimos anos tem sido cada vez mais estudado o metabolismo da frutose.

E a frutose (cuja principal fonte é o açúcar), a gente sabe que anda de braço dado com a síndrome metabólica.

E cada vez mais tem se colocado a gota como uma manifestação da síndrome metabólica.

Eu também não tenho grandes trabalhos que me confirmem isso que eu vou dizer para vocês, mas é algo que eu vejo na minha prática clínica.

Aqueles pacientes que têm síndrome metabólica e que apresentam gota, que eu consigo mexer na alimentação deles, normalmente utilizando uma dieta de baixo carboidrato pautada em comida de verdade, normalmente eles reduzem as crises de gota.

Independente da variável ácido úrico, que é algo, nessa questão aí, muito mais coadjuvante do que protagonista.

Guilherme: Ah, perfeito.  Então a gente retoma um pouquinho daquilo que a gente falou da outra conversa e da questão dos desfechos substitutos e dos desfechos clínicos: se a crise de gota diminui, o exame do ácido do úrico não deve ser motivo de preocupação né.

Dr. José Neto: Pelo menos não isoladamente, Guilherme.

O grande problema é você olhar para o exame de forma completamente isolada e numérica, matemática.

Uma coisa é um sujeito com um ácido úrico de 9, e que tá tendo crise de gota.

Isso merece tratamento — inclusive a gente entra nessa situação com drogas que são redutoras desse ácido úrico.

Mas eu não tô usando o remédio para, necessariamente, reduzir o ácido úrico.

É como se a redução do ácido úrico fosse uma consequência.

O que eu quero mesmo é reduzir o desfecho clínico.

A maioria das pessoas pensa de forma linear no desfecho substituto como sendo igual à doença, e não é assim.

O sistema biológico é muito complexo, não dá para a gente ficar preso nessas nuances se não a gente acaba comendo gato por lebre.

Qual O Papel Do Exame Médico?

Guilherme: Certo, certo.

Eu lembro que um dos comentários que eu li que você comentou e achei muito perspicaz que você mencionou é que “o exame sem sintomas é só um número”.

É isso que a gente pode concluir?

Que o exame, desprovido dos sintomas, é algo a ser analisado porém não necessariamente tratado?

Isso é algo que muitas pessoas têm dúvidas — porque elas se sentem ótimas, perdem peso às vezes numa alimentação low carb, com jejum, com alguma alteração de estilo de vida, porém, pedem um monte de exame.

Aí um ou outro está fora dos valores de referência do laboratório e a pessoa fica desesperada.

Então, o que a gente pode falar um pouco nesse aspecto, de como ler os exames, e de como pensar esse processo.

Dr. José Neto: Se tem uma coisa, Guilherme, que eu lembro muito claramente e que me foi ensinado durante o período de faculdade é que exame é propedêutica complementar.

Então o exame complementa uma anamnese bem feita, que é aquela conversa que a gente tem com o paciente.

É a partir disso que eu trabalho com quais exames eu vou solicitar.

E aí sim, quando eu peço um exame, eu já tenho que necessariamente tá pensando o que que eu vou fazer com aquele exame se ele der positivo ou negativo.

Não é sair pedindo muito exame que você vai ter mais segurança, muito pelo contrário… porque as pessoas acreditam — e isso eu não to falando só dos leigos não, os profissionais também. Muitos deles acreditam de forma completamente cega nos exames.

O exame é como se fosse um mapa — mas um mapa que falha.

Eu fiz uma live semana passada em que eu fiz essa analogia para guidelines.

Mas isso serve também para exames.

A gente quando tá trabalhando com os exames, a gente tem que usar ele do mesmo jeito que eu uso o Waze, eu não posso confiar cegamente no Waze, se não às vezes ele vai te colocar numa situação às vezes até perigosa, delicada.

Aquilo ali tem que ser uma bússola e não o destino final.

Os exames laboratoriais, os exames complementares de imagens e tudo mais, eles são muito bem-vindos.

Mas o problema é que a gente tá usando excessivamente, no meu modo de ver.

Nós estamos chegando em algo que é conhecido atualmente como over diagnosis, não tem uma tradução muito legal para o português, mas é aquele diagnóstico demais, aquele diagnóstico para mais.

Ele é um diagnóstico, em teoria, correto — mas que tem um risco de dolo muito maior que o de benefício.

É aquele nódulo de tireoide que você achou e que não tava procurando, é aquele nódulo suprarrenal.

É alguma alteração textural de qualquer órgão.

É uma alteração da glicose, é uma alteração da pressão…

E às vezes se pensa “mas pressão alta não é ruim?”

Poxa, se você pegar um senhor de 90 anos, que tem uma pressão de 15/9, talvez tratá-lo seja pior do que não tratá-lo. 

Porque o tratamento tem risco — ele pode ter, por exemplo, uma queda da pressão súbita, aí cair no chão e quebrar uma perna.

Só que a gente tá tão cego com relação a fatores de risco, a exames alterados, que a gente trata o número — e grande erro tá aí.

Porque a gente não trata número, a gente trata gente.

Então nós, profissionais de saúde, e os próprios pacientes precisamos que caia a ficha com relação à isso — que é uma coisa simples mas não necessariamente fácil de entender.

Porque são anos e mais anos sendo catequizados num cenário diferente a esse.

Essa é uma das coisas que eu bato tanto no meu dia a dia, tanto no meu consultório quanto nas redes sociais tentando disseminar uma ideia, que é uma ideia filosófica mas que tem todo um pragmatismo por trás dela.

O Que Um Economista E Um Escritor Podem Te Ensinar Sobre Medicina

Guilherme: Nossa, com certeza.

Isso me faz lembrar da chamada lei de Goodhart, que era um economista inglês, e ela é dita na sua versão popular mais ou menos da seguinte maneira.

Quando uma métrica passa a se tornar um alvo ou objetivo — algo a ser otimizado — ela para de ser uma boa métrica. “

E isso significa que a gente fica muito focado em acompanhar uma medida — nesse exemplo poderia ser o ácido úrico — que poderia ajudar a medir e a complementar a análise de uma situação, e a gente fica obcecado em abaixar o valor dele.

Aí a gente para de observar a realidade concreta que se apresenta por trás daquela métrica (que ela deveria ajudar a complementar).

Lembra também o caso das últimas décadas em que a gente tentou abaixar o colesterol com o uso de estatinas e “esqueceu” de olhar de olhar os desfechos clínicos.

A gente passou a usar as métricas como objetivos, e esqueceu dos desfechos clínicos nesse caso.

Dr. José Neto: Perfeito. Para mim, perfeito.

Inclusive, eu gosto muito de usar — e usei, na aula que eu dei na Tribo Forte no final de semana retrasado —  uma frase do Mark Twain que eu acho icônica. Ela diz o seguinte.

Para quem tem um martelo, tudo vira prego.”

E o que virou o receituário do médico? Virou o martelo.

Então eles pedem exames, mandam remédio e esquecem muitas vezes de cuidar da raiz.

Vendo sob um outro prisma, é exatamente isso que você acabou de descrever.

A gente tá deixando de utilizar uma bela de uma ferramenta por que, porque você está usando ela de maneira errada.

Não dá para você usar martelo para serrar árvore.

Roney: Sem dúvida. Tem que ter a ferramenta, tem que saber utilizar a ferramenta, e tem que utilizar nos momentos certos.

Se não — como você bem falou — você pode até acabar quebrando algumas coisas cuja ferramenta específica não era o martelo.

Dr. José Neto: E ainda põe culpa no martelo!

Roney: Põe culpa no martelo ou na coisa que era muito frágil.

Dr. José Neto: Exatamente.

Gota E Ácido Úrico — Um Resumo Prático

Roney: Neto, então para termos um resumo do assunto em que a gente iniciou — a respeito do ácido úrico e da gota — você poderia explicar o que é o ácido úrico e gota?

Podemos falar da gota, dos seus sintomas, e fechar aquela velha história sobre se a carne causa ou não isso — e se uma dieta low-carb ou cetogênica pode ajudar ou atrapalhar.

A gente tocou de passagem nesses assuntos, então eu queria um resumo para quem está ouvindo a gente fechar então essa informação de uma vez.

Dr. José Neto: Então, resumidamente, o ácido úrico é um produto de degradação das purinas que estão presentes normalmente em compostos de origem animal.

E ele é um marcador de algumas doenças, por exemplo, a gota — que é o depósito de ácido úrico na articulação.

Em função disso, muita gente pensa, “poxa, se tem ácido úrico alto e tá tendo gota, se eu cortar aquilo que tem ácido úrico, em última análise, eu vou resolver o meu problema”.

Só que num sistema complexo como é o biológico, nem sempre as coisas acontecem dessa maneira.

Eu tinha posicionado que a literatura é extremamente rasa nesse quesito.

Eu tenho muito pouca evidência robusta.

Mas eu tenho estudos que refutam essa ideia de que comer carne vai ser diretamente relacionado ou associado com as crises de gota.

E, além deles, existe essa outra linha de pesquisa que fala a respeito da frutose como sendo talvez um mediador — e a frutose também, por outra via, gera ácido úrico.

O fato é: a gota, aparentemente, é um dos braços da síndrome metabólica.

E, definitivamente, a dieta de baixo carboidrato, a dieta low-carb, ela consegue minimizar o estrago da síndrome metabólica e, em algumas situações, até reverter a doença.

E o que eu vejo atualmente no consultório é que aquela pessoa que chegou com sobrepeso — às vezes com ou sem diabete, hipertensão, dislipidemia e gota também —  com uma dieta mais rica em carne, aparentemente ela se dá melhor, e não pior.

Agora eu não consigo cravar, baseado na evidência atual de que tal alimento (seja ele x, ou y, ou z) seja necessariamente a causa da gota.

Mas aparentemente, comida de verdade — e aí leia-se bicho e planta — tá muito menos relacionado à causa da gota, no meu modo de ver, do que açúcar e farinha.

Less Is More Medicine — Um Movimento Por Menos Medicina?

Roney: Perfeito, perfeito.

Eu acho que assim ficou bem condensada a informação — e quem ouvir só essa parte já vai conseguir entender perfeitamente a sua opinião sobre esse tema.

E para essa pessoa que havia feito a pergunta (o Bruno), a gente sugeriu que lesse os seus posts. Porque lá você fala um pouco mais sobre esses assuntos.

Sendo que acabamos de conversar um pouco sobre o fato de que “exame sem sintoma é só um número”.

Então a gente queria que você falasse um pouco sobre esse movimento Less Is More Medicine —  o que ele é, e por que ele é importante.

A gente sabe que você incentiva bastante essa filosofia, mas muita gente não conhece essa expressão.

Dr. José Neto: Na realidade, alguns movimentos com essa bandeira do “less is more”, do “menos é mais”, vêm crescendo muito nos últimos anos.

Dentre elas tem, além do citado, o Slow Medicine.

E tem aquele que eu participo mais ativamente, que é a Choosing Wisely, então eu consigo falar um pouquinho mais, mas no fundo no fundo, o arcabouço é o mesmo.

Você defender, fazer menos com mais, evitar a terapêuticas ou propedêuticas que sejam desnecessárias ou potencialmente danosas para o paciente.

Aumentar a conversa, o diálogo entre paciente e profissional de saúde.

Então essa iniciativa do Choosing Wisely nasceu em 2012 nos EUA, dentro da sociedade de clínica médica, junto com uma organização não governamental, chamada Consumer Reports, que é dos pacientes.

E na realidade, o que eles conseguiram — que para mim foi o grande pulo do gato deles — foi que, em vez de criticar as condutas como vinham sendo feitas, eles fizeram com que os próprios profissionais colocassem o dedo na ferida.

Então em sociedades, hospitais, clínicas, de maneira geral o que aparecem mais são as grandes sociedades, fazem uma reflexão com seus associados daquilo que não deve ser feito, e não o que deve ser feito.

Então nisso você descobre, faz uma reflexão bem legal a respeito de vários tópicos e que se aquilo ali realmente é mais potencialmente benéfico do que doloso para o seu paciente.

Dessas reflexões normalmente saem algumas listas de recomendações — como listas com cinco recomendações — e eu fui quem capitaneou isso dentro da sociedade brasileira de nefrologia.

Ano passado, a gente lançou essas recomendações, e elas são públicas: eu tenho tanto no meu site como tem no site da Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN).

A cada dois anos a gente tende a reviver esse assunto e rediscuti-lo: conversar sobre aquelas recomendações, se devem ser mantidas ali ou se devem ser trocadas.

Guilherme: Excelente! Esta é uma forma também de se evitar o intervencionismo em excesso — em que, às vezes, em várias profissões de saúde, o profissional acaba tendo a ação de sugerir uma conduta para a pessoa que vai lá.

Porque parece que a gente tem uma certa expectativa, de que sempre algo seja feito, de que é muito difícil um paciente entrar lá e o médico falar “continue tudo como está”.

Sempre tem um nutricionista, médico, o que for com uma ideia de “ah, mas você pode mudar isso, ou adicionar isso, e usar este remédio, ou esse suplemento”.

Eu acho que ter em mente essa consciência — de que muitas vezes parar de fazer algumas ações e condutas pode ser importante — muda esse viés.

É uma medida bem importante nesse sentido.

Dr. José Neto: Guilherme, eu tenho uma frase que eu carrego comigo que é a seguinte.

Fazer tudo pelo seu paciente não significa fazer tudo com o seu paciente.”

Então, isso é algo que todo profissional da saúde deveria refletir — porque, no lugar de na maioria das vezes ajudar, você pode estar prejudicando.

Então nessa minha visão — que é uma visão Hipocrática (de Hipócrates, o pai da medicina) — a gente tem que primeiro não lesar (primum non nocere).

Se eu não sei se algo tem maior probabilidade de fazer bem do que fazer mal, é melhor eu não fazer.

Só que isso incomoda, né. O médico tem aquela percepção de não estar fazendo alguma coisa…

E normalmente num mundo onde o tempo é cada vez mais escasso, tenta-se alicerçar as condutas em mais exames, em mais remédios, mesmo que não haja nenhum tipo de evidência sustentável para dizer que aquilo ali vai ser benéfico ou potencialmente benéfico para aquele paciente.

Atendimento Humanizado Na Prática Na NefroClínicas

Guilherme: Perfeito, foi um ótimo resumo, muito bem colocado.

Muito bom abordarmos esta questão, de pensar em não lesar, de sempre levar em consideração os efeitos colaterais (que todas as intervenções e tratamentos têm).

E é muito muito bacana ver surgindo essa consciência e ela sendo propagada por meio de movimentos como esse.

Nesse aspecto, Neto, você mencionou, antes da gente gravar, que você está atendendo numa clínica agora em Belo Horizonte, que você está capitaneando um novo projeto.

E como que você percebe essas mudanças, essa diferente mentalidade na hora de implementar essas práticas na sua clínica?

Ou se não mudou porque você já usava isso quando atendia os pacientes. Como que está sendo no dia a dia?

Dr. José Neto: Na realidade, esse sonho que hoje virou realidade nasceu há pouco mais de um ano.

Veio de uma conversa minha com dois amigos que acabaram virando meus sócios, e me chamaram principalmente para conhecer meu trabalho, e eu enxerguei naquele projeto uma possibilidade de maximizar o bem que eu já conseguia enxergar que eu estava fazendo dentro do meu consultório.

Então, ao invés de montar uma clínica de diálise, que é aquilo que existe no mercado, a gente montou uma clínica de nefrologia com foco em prevenção.

E eu entro muito nessa questão da prevenção, porque se a gente voltar lá no início do podcast, o que importa pro paciente não é ter um exame bom — é não progredir a doença. A ponto de não precisar, por exemplo, de diálise.

Então, se eu conseguir retardar a evolução dele para a diálise, ou se eu conseguir retardar que ele tenha uma nova crise de cálculo renal, no fundo é isso que importa. Pode ser difícil, pode ser pesado, pode ser muitas vezes simples (sem ser fácil), mas eu acho que é nossa obrigação dar respaldo para o paciente definir.

Mesmo que ele não queira seguir exatamente aquilo que você propõe como sendo o ideal.

(O Dr. Rodrigo Bomeny falou sobre a importância de propor boas condutas para os pacientes neste podcast aqui.)

Então, nessa linha, a gente conseguiu capitanear muita gente boa, multiprofissional: nutricionista, enfermeiro, assistente social, psicólogo…

E lá a gente tem feito aquilo que a gente costuma chamar de “a casa do paciente renal”.

Então não mais um local onde o sujeito procura porque ele precisa fazer diálise, não. Ele pode até vir a precisar, isso é uma evolução às vezes inexorável (por N razões), mas o que nós defendemos é ter um local onde ele seja visto como pessoa, que ele seja ouvido, que sejam respeitados os seus desejos, que ele tenha seus valores e preferências valorizadas na acepção da palavra, não simplesmente dizer da boca da fora que você tá pensando sim no paciente.

Tem que demonstrar através de atitudes diárias.

Eu tenho um caso que aconteceu recentemente lá, que eu fiquei muito emocionado, porque não me envolveu — e eu vi que a coisa tá crescendo lá dentro.

Uma senhora que, por acaso, estava fazendo diálise lá na clínica.

Para quem não sabe, o paciente que faz diálise usa um cateter, quando ele não tem um acesso definitivo. E você tem que ter muito cuidado com esse cateter, por causa de infecção.

E ela virou para enfermeira e falou: “olha, eu tava doida para lavar o cabelo, eu fiquei muito tempo internada”.

E normalmente o que ela escutaria da enfermeira seria “não pode, não pode porque você tem um cateter”.

O que essa enfermeira fez: ela conversou com a gerente da clínica, elas conseguiram um salão de beleza lá perto da clínica, e a paciente foi.

Depois ela voltou, e a seguir ela refez todo o curativo, fez a assepsia… e pergunta para a paciente o que isso significou para ela.

Eu estou muito muito satisfeito, eu estou extremamente grato por estar fazendo parte disso e eu tenho certeza que vocês vão escutar muito a respeito dessa clínica, dessa metodologia que a NefroClínicas está trazendo pro mercado.

Roney: Com certeza, Neto, esse tratamento bem pessoal e bem humanizado faz toda a diferença.

Acho que muitos serviços estão evoluindo para essa questão de ser o mais humanizado possível e não mais aquela coisa mecânica que nem você falou.

Isso com certeza agrega muito para a vida dos pacientes — ter mais conforto faz toda a diferença, e provavelmente essa mulher que foi para o salão não vai esquecer disso nunca mais (que ela tava lá na clínica e levaram ela pro salão para ela conseguir lavar o cabelo).

Às vezes ela vai até conversar com outra pessoa que passou pela mesma situação mas não teve a mesma oportunidade.

Dr. José Neto: De uma certa maneira, Roney, é mais o que a gente tem discutido o tempo inteiro: é não ficar olhando só para o ácido úrico, é não ficar olhando só para o cateter — porque atrás dali tem uma pessoa.

E, se você coloca como sendo o seu Norte “o que que eu posso fazer para ajudar essa pessoa” — seja isso uma coisa técnica, seja isso um abraço — eu, Neto, acredito piamente que isso cura.

Eu acredito que isso faz a diferença.

E vocês estão escutando isso de uma pessoa que valoriza absurdamente o técnico, que é um profundo estudioso de ciência.

De nada vale a ciência se não tiver olho no olho, escuta empática, vontade efetiva de ajudar.”

É isso que faz toda a diferença, não adianta você ser um PhD, doutor de Harvard, se você não olhar no olho do seu paciente e falar assim, o que que eu posso te ajudar.

Guilherme: Incrível! isso me lembra de uma frase do Carl Jung, de que eu gosto bastante, que diz o seguinte.

Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas. Mas, ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana.”

E penso que isso resume muito bem essa relação que você trouxe agora para a gente — é muito bonito, e muito verdadeiro.

Dr. José Neto: Guilherme, e olha que curiosidade interessante, na entrada da clínica, a gente tava falando…

Ah, o que que nós vamos fazer, nós fizemos um hall bem legal, agradável, e nessa de discutir o que que nós vamos plotar nos elevadores… porque você sai dos elevadores você sabe que você está dentro da clínica.

E são dois elevadores. Em um deles tem uma imagem muito bonita, que remete a Minas Gerais, a Belo Horizonte.

E no outro está plotado exatamente essa frase que você acabou de escrever do Carl Jung — que diz que você realmente tem que estar preocupado com a parte técnica, mas que não dá para gente ficar olhando para isso de forma isolada.

A pessoa que olha exclusivamente para a técnica está errada —  do mesmo jeito que a gente não vai ficar só olhando para a pessoa.

Então conheça todas as teorias, domine todas as técnicas… mas, ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana.

Essa frase exprime de forma magistral aquilo que a NefroClínicas quer levar não só para os seus pacientes, mas para o Brasil e quiçá para o mundo.

Roney: Certo, Neto, e antes de a gente mudar de assunto… tem site, para o pessoal que ouviu e se interessou?

Dr. José Neto: Tem sim, é www.nefroclinicas.com.br.

A gente fez uma página, inicialmente, para mostrar que a gente existe.

E agora nós estamos em fase de criação do site propriamente dito, onde vai ter muita informação.

No Instagram a gente já tem muita coisa sendo publicada com relação a conteúdo, com foco muito no paciente renal, coisas que são de muita ajuda.

Orientações com relação à alimentação, com relação a algumas patologias. À prevenção de doenças relacionadas à doença renal.

Então eu acho que tem interesse no tema pode se beneficiar muito com esse conteúdo gerado.

(Sugestão: este podcast com o Dr. Flávio Barros também fala muito sobre a saúde dos rins.)

Dieta Cetogênica Faz Mal Para Os Rins?

Roney: Perfeito, vai ficar linkado aqui no texto também, tanto o Instagram quando o site da NefroClínicas.

E mudando um pouco de assunto, Neto… às vezes quando a gente fala em dieta cetogênica, em cetose, corpos cetônicos, algumas pessoas ficam com medo e dizem.

“Ah eu tenho medo de cetose ou de corpos cetônicos, porque eu ouvi dizer que esse tipo de coisa prejudica os rins.”

Inclusive eu já ouvi isso em consulta, da boca de profissionais, que não seria legal a cetose ou a dieta cetogênica.

Que não seria legal privar o corpo de carboidratos, porque se não se corre o risco de entrar em cetose — e que a cetose e corpos cetônicos são prejudiciais para os rins.

Por que que essa afirmação é infundada? Por que que você não precisa ter medo se você é um adulto saudável?

Dr. José Neto: Na realidade, primeira coisa: toda segunda-feira eu costumo fazer um perguntas e respostas no Instagram… E surgem algumas perguntas que eu falo assim, “gente do céu, onde que esse povo arruma tanta criatividade?”.

Porque normalmente os leigos (que é que está trazendo essas perguntas) não inventaram essas perguntas.

Eles provavelmente escutaram algum profissional falando aquela besteira.

Para começar, essa questão do corpo cetônico…

Eu vou explicar aqui de uma forma mais tranquila para o leigo (que eu acho que é o público de vocês), conseguir entender: o corpo cetônico é uma forma de um substrato de energia.

Como se eu tivesse mais ou menos um carro flex, um carro flex ele roda a gasolina e a álcool.

Pois é: o nosso corpo, ele roda ou a carboidrato, e aí basicamente é glicose, ou a gordura, e a principal fonte de energia, uma das principais fontes de energia provenientes da gordura são os corpos cetônicos.

A grande confusão, no meu modo de ver, vem com relação a estar em cetose nutricional, versus a doença chamada cetoacidose.

E existe uma onde fizeram uma analogia que eu achei sensacional que diz que “se cetose fosse uma marola, a cetoacidose seria um tsunami”.

Então, quando que a cetoacidose aparece?

Ela vai aparecer numa situação onde falta insulina.

Então ela frequente no diabético tipo 1, que é aquele sujeito que tem a glicose só porque ele não produz insulina. (A Nutri Paty Ayres falou um pouco sobre isso no nosso podcast.)

E agora, em alguns pacientes diabéticos tipo 2, com o uso de uma classe de drogas mais novas, que são os SGLT2, eles também podem ter essa cetoacidose.

Mas, em termos numéricos, quando a gente fala em cetose nutricional, eu to falando ali, vou falar em números isolados, 2 ou 3.

A cetoacidose a gente tá falando de 15, quiçá 20.

Ou seja, estou falando de um número 7 a 10 vezes maiores que aquilo que aparece numa cetose nutricional.

E quem já fez um experimento de tentar fazer uma dieta cetogênica e monitorar corpos cetônicos, sabe o quão é difícil fazer esse número subir.

Então, ter medo de corpo cetônico, principalmente quando o medo é o rim, é algo que tenho até dificuldade de imaginar o porquê — de onde saiu uma ideia tão mirabolante e tão sem sentido.

“Não Sabemos” — O Lema Da Ciência

Guilherme: Não, com certeza, Neto.

Eu também sempre me divirto com as perguntas que surgem nos perguntas e respostas.

E eu sempre fico muito assustado, porque as pessoas fazem perguntas do tipo:

“Senhor Tanquinho, por que X [insira conduta absolutamente normal, esperada e tranquila — como comer carne e vegetais] não vai fazer mal desse e desse jeito Y [insira malefício específico e assustador]?”

Como se o ônus de defender uma conduta saudável tipo uma alimentação com comida de verdade, recaísse sobre quem defende isso e não sobre quem tá propondo uma alternativa né, uma diretriz completamente mirabolante.

Também tem esse viés que é muito engraçado de ver e a galera é muito criativa mesmo.

Dr. José Neto: Na realidade né, Guilherme, eu acho que o grande problema começa lá trás.

Nós — e eu falo nós todos, quando passamos na nossa escola — a gente tem a matéria lá, ciências…

Mas a gente não estuda o que é ciência, como pensar cientificamente.

Então, coisas básicas do tipo, “olha, eu não consigo provar o negativo, eu jamais vou provar que algo não faz mal”.

O ônus da prova tá em se mostrar que algo faz bem ou faz mal.

Eu pensando do ponto de vista evolutivo, comer bicho e planta não me parece algo que seja lesivo — se fosse, nós não estaríamos aqui.

Até considerando que a medicina, as ciências da saúde de modo geral, elas cresceram muito no último século.

Poxa, se não fosse essas coisas básicas, do tipo comer comida, dificilmente a população teria crescido a números tão espantosos quanto chegou hoje.

Roney: Com certeza, Neto.

É uma coisa que eu li no livro do Nassim Taleb, se eu não me engano, que se você quer ir contra a maior prova que a gente tem né, que é a prova do tempo, então é você que tem que provar que tá certo, e que o seu argumento tem fundamento, e não o contrário.

No caso, esse episódio que eu citei com relação à cetose foi porque minha mãe foi a uma consulta com o médico e ela falou que estava em jejum.

E isso era por volta das 11 horas, meio dia, mais ou menos, e aí ele ficou super alarmado.

Ele falou, “nossa, mas toma cuidado, é perigoso porque o jejum pode fazer mal para você, faz mal para o estômago ficar muito tempo sem comer.”

E ela perguntou “o que você acha de dieta low-carb ou cetogênica?”

E ele mencionou “não faça, porque estar em cetose é prejudicial para os rins também”.

Então quer dizer —  ele citou que a low carb e o jejum faz mal para os rins, faz mal para o estômago… faz mal para tudo né.

(Sendo que na verdade a dieta low-carb tem vários benefícios para a saúde.)

Dr. José Neto: Eu vou fazer aqui um mea culpa.

Porque eu sempre fui um cara muito estudioso, cansei de ser o primeiro aluno da classe, na época de colégio; eu sempre fui um bom aluno na época da faculdade.

E, até cinco anos e meio atrás, não seria nada absurdo alguém chegar com esse discurso no meu consultório, e eu repetir exatamente isso que esse médico falou.

Por quê?

Porque a gente foi ensinado isso — e, pela percepção do senso comum, parece que foi ratificada a ideia de que essas bobagens que são ditas seriam verdades.

Então eu digo que eu já estudava medicina baseada em evidência há pelo menos dez anos quando me foi apresentada a low-carb.

E ela me ajudou demais a separar o joio do trigo e ver realmente o que que era verdade e o que não era.

Mas ela me fez mais humilde.

Eu falei “cara, tudo que eu acreditava que eu sabia, eu não sabia”.

Eu era o médico que mandava o sujeito comer menos gordura.

Eu era o médico que achava que proteína era lesivo para o rim.

Que comer carne dava crise de gota.

Eu era o médico que, como pessoa física, fiquei diabético.

E eu não era um profissional qualquer — eu já tinha o meu respeito, já tinha o meu sucesso profissional…

Mas como a medicina, como um todo, eu não conseguia tratar doença crônica, por quê?

Porque eu tava tratando errado.

Então, sair dessa matrix… depois que você sai, é claro, fica óbvio. Você se pergunta “como é que esse sujeito fala uma bobagem dessa”.

Mas ele não falou por mal.

E, no meu modo de ver, o grande erro é você ver o resultado e não se dar o mínimo trabalho de se perguntar: “Como é que você fez isso? De onde você tirou? Deixa eu estudar”.

Ter essa humildade é algo que definitivamente não é uma coisa tão frequente no meio médico.

Eu frequento há pelo menos 20 anos — até mais né, estou formado há quase isso… então faz 25 anos que eu frequente esse meio.

E o médico não é treinado para ser humilde.

E isso é muito ruim: porque o paradigma máximo da ciência é o ignoramus.

Ou seja, nós não sabemos.

Se você já acha que você sabe tudo, se aquilo ali tá errado, a sua chance de descobrir essa mentira fica próxima de zero.

Levando A Saúde A Quem Amamos — O Que O Neto Disse Para Minha Mãe

Roney: Sem dúvidas, Neto.

Eu não sou formado em medicina mas também — até pouco tempo atrás — eu acreditava em muitas coisas diferentes do que aquilo que a gente publica e divulga hoje em dia no site, e nos podcasts.

E foi o que falei para minha mãe: “ah mãe, é que isso é o que o pessoal aprende  eles na faculdade.”

Até tem um podcast que a gente já gravou falando justamente sobre a formação do médico — e ele aprende de certo jeito, e está repassando a informação que ele sabe.

Minha mãe não ficou discutindo com ele, óbvio que não.

Pelo contrário: eu fico lá em casa, num trabalho de convencimento de anos, falando de low-carb e jejum intermitente: que é ok, faz bem, vai beneficiar, vai emagrecer…

Aí ela vai numa consulta como essa e já chega em casa alarmada… e até falei para ela que iria perguntar para você nesta entrevista. (risos)

Dr. José Neto: Como é que ela chama?

Roney: É Claudia.

Dr. José Neto: Dona Claudia, deixa eu falar uma coisa com a senhora.

Continua fazendo a sua dieta, baseada em comida de verdade, com pouco carboidrato e não tem problema fazer jejum.

Fica tranquila, tá — a senhora não vai morrer por causa disso.

Roney: Perfeito, tá dado o recado então. Muito bom, Neto. Obrigado, mais uma questão brilhantemente respondida.

Guilherme: Muito bom. Se a sua mãe escutar os podcasts, Roney, eu acho que vai ser muito positivo.

E hoje eu fiquei muito feliz que minha mãe finalmente começou a escutar os podcasts.

Que ela tem uma certa dificuldade com a tecnologia — né, o podcast tem que baixar, e tal, e ela não tinha muito o jeito.

Mas ela começou a procurar alguns, acho que ela começou com o da Janaina, falando do câncer, e agora ela tá viciada, tá ouvindo todos!

E elogiou, e eu fiquei super feliz: porque ela lê os textos de vez em quando, mas agora que ela começou a escutar realmente os profissionais falando…

Parece que tem também aquela coisa do “santo de casa que não faz milagre”. (risos)

Aí ela tá muito, muito empolgada, então eu fiquei super feliz.

E eu acho o máximo a gente poder trazer profissionais tão bons aqui para poder bater esse papo com a gente e ajudar a difundir essa mensagem.

Obrigado Neto — e obrigado mãe por estar escutando a gente.

Dr. José Neto: como é que sua mãe chama, Guilherme?

Guilherme: Elenice.

Dr. José Neto: Dona Elenice, o mesmo serve para a senhora, comer comida de verdade, carne, ovos, queijo, quanto a senhora quiser, com vegetais…

Mesmo as frutas se forem mais doces, com parcimônia, caso a senhora não tenha uma doença relacionada à síndrome metabólica, tá de ótimo tamanho, tá.

O que faz mal são três coisas:

  • açúcar,
  • farináceo, e
  • industrializado.

Se a população se convencesse disso, a gente estaria com 90% dos problemas resolvidos.

Os Hábitos Saudáveis Do Dr. José Neto

Guilherme: Excelente, Neto, excelente.

Muito da nossa conversa hoje girou em torno de falar de hábitos saudáveis, igual esses da alimentação — e de hábitos como mover o corpo, dormir bem

Enfim, todas essas coisas que vieram e passaram pelo teste do tempo (conforme a gente falou um pouco, da perspectiva evolutiva).

E uma coisa que nossos leitores e ouvintes do podcast adoram saber são os hábitos saudáveis dos nossos entrevistados.

Então eu queria saber, Neto, quais alguns dos hábitos saudáveis que você tem no seu dia a dia?

Pode ser em relação à alimentação, e pode ser qualquer outra coisa — são hábitos que você sente que te ajudam a ter uma vida melhor.

Dr. José Neto: Eu, na última palestra que eu montei, que é essa “o médico que eu quero para mim”, eu cunhei o termo “quebra-cabeça da saúde”, onde eu coloco 4 peças que são fundamentais para quem tá querendo alicerçar uma boa saúde.

A primeira peça é a alimentação com a hidratação.

Ou seja, eu procuro comer comida de verdade, e por ter sido diabético eu faço uma dieta mais voltada para o baixo carboidrato.

Mas vocês vão me ver eventualmente comendo uma batata, e eventualmente comendo um doce ou tomando uma cerveja.

Porque eu acho que isso faz parte da vida, não é a exceção que vai me matar.

Tento tomar bastante água ao longo do dia, eu gosto muito de água com gás, com limãozinho.

Então eu tento beber próximo daqueles famosos dois litros por dia, mas nada calculado de forma exata.

Com relação à atividade física, eu agora com o consultório mais próximo de casa, eu caminho para ele, são cerca de vinte minutos para ir e vinte minutos para voltar.

E malho três vezes por semana, há pelo menos cinco anos, num local chamado Efeito Personal, aqui em Belo Horizonte, que é um studio onde eu sou super bem atendido, e consegui melhorar muito em termos de condicionamento físico, e mental, associado à isso.

Ganhei anos de vida, eu tenho certeza, com essa atividade física.

Sono nunca foi um problema para mim. Tive um problema com ele quando meus filhos nasceram, mas sono não é algo que eu preciso ter uma higiene do sono maravilhosa para conseguir dormir bem.

E, talvez a grande novidade da minha vida tenha sido a espiritualidade, principalmente sob a forma de meditação.

A meditação entrou na minha vida esse ano e entrou para dar uma virada na maneira como eu tenho enxergado essa questão.

E ela não é algo de mimimi, ela já tem, inclusive, uma bela revisão sistemática de 2014 demonstrando que, coma meditação do tipo mindfulness, você consegue reduzir dor, reduzir stress, reduzir depressão, reduzir ansiedade, então a gente já tem lastro científico para isso.

Algo com mínimo dolo, então eu faço o meu milagre da manhã.

Ele é acordar, vou ao banheiro, lavo meu rosto, sento, faço meus 15 minutos de meditação, preparo meu café, faço uma leitura (normalmente não relacionada a tema médico), de 20 a 30 minutos… e aí eu sigo para o meu dia.

É algo que eu tenho procurado desenvolver.

E, obviamente né, sou um cara que quem me acompanha na rede social sabe que eu sou um cara muito família.

Então eu estou sempre com a minha esposa, faço questão da gente jantar toda noite na medida do possível juntos, eu tomar meu vinho com ela, colocar o papo em dia… brinco alucinadamente com meus filhos, com Mateus que ama um futebol e um vídeo game.

E com a minha pequena que gosta de brincar de boneca, então a gente pega e brinca de boneca.

Vou para o clube, e realmente tento ser um pai presente: por mais que eu trabalhe muito, na hora que eu tô junto, eu tento ser aquele cara que não tá ali no WhatsApp ao lado do filho.

Eu tento realmente, cada vez mais, me policiar para isso, e estar mais com eles de forma intensa quando eu tiver essa possibilidade.

Roney: Perfeito, a vida vai muito além do dia a dia da profissão.

E a gente tem que estar atento a esses outros aspetos também para não se perder né?

Para não transformar a vida só no trabalho e esquecer dessas outras coisas, que são até mais importantes.

Dr. José Neto: Eu não sei o que que você acha, Roney, mas as pessoas muitas vezes falam assim:

O que você quer, ter sucesso no trabalho ou ter uma família feliz? Cara, eu quero os dois!”

Eu não tenho dessa de que eu preciso deixar de ter um para ter o outro.

Então, essa lenda de que “ah, ou você tem dinheiro ou você é feliz”.

Essas dicotomias realmente já caíram na minha vida, e eu acho que você quando você traça planos, você é íntegro e você batalha e trabalha por aquilo que você quer, dá para você ter tudo.

Agora normalmente o que as pessoas fazem é sentar no banquinho e reclamar.

Meditando Com Dr. José Neto

Roney: Ah sim, sem dúvida.

Às vezes elas se impedem de conseguir ter essas coisas, mas quando você vai atrás, você vê que é possível sim ser feliz, ganhar o seu dinheiro e ter um trabalho que você aprecie.

Essas coisas são super importantes na vida.

Neto, você citou a meditação, eu gostaria de perguntar uma dúvida pessoal se você recomenda algum recurso para quem quer iniciar nessa prática.

Dr. José Neto: Na verdade, eu já vinha flertando com a meditação já há algum tempo.

Eu assisti a uma palestra em Viçosa, uma vez que eu fui dar uma aula lá, me chamou muito a atenção porque ela foi muito robusta do ponto de vista científico, até que ano passado eu tava em Porto Alegre e eu aí o Felipe Tuono, que eu acho que vocês até entrevistaram o Tuono, se eu não to enganado, me falou o seguinte.

“Neto, eu tenho usado esse aplicativo aqui. Não ganho absolutamente nada com isso, tá. Eu uso o Ácora, existem muitos outros.”

Eu testei um, por exemplo, que chama Medite-se. Existem dois grandes aplicativos americanos, um que chama Calm, e o outro eu esqueci que inclusive é o mais famoso é o Headspace.

Esses eu ainda não testei, mas independente do aplicativo que a pessoa use, para mim foi muito interessante porque fazer a coisa guiada me ajudou, porque é um negócio que a gente não tá acostumado.

De parar, não fazer nada, achar que você vai conseguir ficar com a cabeça vazia, isso não acontece.

É simplesmente treinar uma atenção plena, saber que você pode sim deixar de vez em quando o pensamento voar, mas depois você percebe e volta.

Presta atenção ao seu corpo, a sua respiração e isso, quando eu comecei a fazer eu realmente não levava muita fé, mas aí de repente a minha esposa fala: “Poxa, Neto, você está muito mais tranquilo, tá lidando muito melhor com as situações do dia a dia”.

Um dos meus sócios também falou: “Neto, poxa, a gente tá passando aperto aqui, acolá e você está sempre centrado”.

Então, eu acredito que a meditação tem me ajudado bastante e eu especificamente uso este, o Ácora.

Guilherme: Ah, muito bacana, Neto.

Vou dar uma investigada nesse, porque eu vou admitir que eu tentei esses outros e acho que eu ficava um pouco inquieto com o Headspace, especificamente.

Eu tentei por uns dias, mas não tava mais sendo uma experiência boa, e eu acabei associando uma emoção ruim com ele e acabou não dando certo.

Mas recentemente eu comecei a fazer, to fazendo parte de uma academia que tem um monte de atividades além da musculação que eu sempre faço.

E eu comecei a fazer algumas aulas experimentais, pilates, Yoga, vou na sauna de vez em quando também, é ótimo para relaxar.

Mas no Yoga, a professora ajuda a fazer algum tipo de meditação guiada ao longo da aula, então para não ficar chato, porque é uma prática física também.

E tem atenção na respiração, e eu percebi que isso tem feito um impacto muito grande também.

Então talvez agora sem essa carga negativa que eu associei com o Headspace, talvez eu consiga — e vou dar uma chance no seu app. Achei muito bacana.

Dr. José Neto: Sim, e eu acho o seguinte.

Quando eu comecei (eu comecei a fazer efetivamente no início do ano), parei um pouquinho… e hoje eu tava mostrando para uma residente minha, e tem 44 dias que eu faço ininterruptamente.

E atualmente eu tô na fase de fazer 15 minutos por dia.

Mas eu tive momento de fazer 5, de realmente chegar e falar assim, não eu quero começar a fazer isso.

Eu quero ver o que que isso vai representar.

Depois eu passei para 10, depois eu passei para 15.

Quiçá, em algum momento eu vou aumentar esse tempo.

Porque eu to achando que tá valendo a pena, mas eu to indo sem pressa.

To indo realmente, eu acho que isso que você falou de não tá sendo bom, é algo que é válido, a gente tem que escutar.

Sabendo que algo novo, normalmente, você tem aquela piorada para depois melhorar, sabe.

Então, talvez, reduzir o tempo, fazer mais curtinho, talvez seja uma dica interessante.

Roney: Eu retomei recentemente, tô ainda na fase dos 5 minutos, vamos ver se com o aplicativo que você recomendou eu consigo passar dessa fase — ou pelo menos fazer ela direito para me sentir “meditando de verdade”.

Ainda estou com meus pensamentos muito atacados nesses 5 minutos, mas o importante é começar né.

Eu já consegui incluir isso na minha rotina matinal, que nem você, e agora o próximo passo é deixar direitinho.

Dr. José Neto: Eu vou te falar que, se eu consegui fazer, você pode ficar tranquilo que qualquer um consegue.

Porque quando eu comecei a fazer isso, definitivamente nem eu tava me levando muito a sério.

E foi muito legal, valeu demais, recomendo.

E inclusive, atualmente recomendo aos meus pacientes muitas vezes que o façam.

Então o paciente que está ansioso, depressivo, definitivamente mostrando que isso não é a solução do problema.

Talvez umas das coisas mais legais que eu tenha aprendido dessa questão de inteligência emocional, é: as sensações de medo, raiva, desgosto, elas vão continuar a aparecer.

A questão é que você tem que perceber que elas estão ali, esperar um tempo, processar aquilo ali de forma natural, e de repente aquilo vai reduzindo e você toma uma decisão muito mais centrada do que aquela decisão emocional em função de um sentimento que passou por ali.

Eu acho que eu tenho muito a crescer nisso ainda, estou engatinhando nisso, mas já consigo ver benefícios e passar isso para aquelas pessoas que vão me procurar e colocam as vidas sob minha diligência, então é bem legal.

A Importância De Experimentar O Que Funciona Para Você (Mais: Uma Dica Do Neto Para A Sua Netflix)

Guilherme: Excelente! É importante a gente saber gerir também a nossa mente, né.

A gente fala tanto aqui no podcast sobre o corpo, mover o corpo e nutrir o corpo…  e às vezes acalmar, e pensar na mente, e conseguir ter um momento de pausa também, na correria do dia a dia é importante também.

Até porque não acredito muito nessa separação cartesiana de corpo e mente.

As coisas estão mais ou menos integradas, então é bacana falar desses recursos.

A gente mencionou, antes de começar a gravar também, eu falei que faço um diário e isso tem me ajudado bastante a refletir no meu dia também, é uma prática que eu recomendo bastante.

E para mim é mais fácil fazer o diário do que foi começar a tentar a meditação no aplicativo.

Talvez até por estar numa “atividade” — mas depois de parar, escrever e ler um pouco, sobre o que você fez, dominar seu dia, o que foi bom, o que não foi, acho que todas essas avenidas são muito importantes para a gente cuidar de nós mesmos.

A final de contas, quando a gente cuida de nós, a gente pode ajudar também a cuidar melhor dos outros.

Dr. José Neto: Guilherme, eu fiz um vídeo nesses últimos dias aí que eu falei um pouco, porque sexta-feira foi o dia mundial da obesidade.

E eu fiz um vídeo falando, olha, por mais que eu defenda a comida de verdade, low-carb, pode ser que alguém chegue no meu consultório, e seja um vegano que deu certo, um sujeito que faz low-fat e deu certo.

E eu não tenho que ficar brigando com essa pessoa, como querendo catequizá-la para aquilo que deu certo para mim.

Então, quando eu falo de meditação, de cuidar da sua saúde mental, pode ser que para mim a meditação tenha dado certo, para o Roney não vai dar e ele vai se dar bem, por exemplo, na Yoga, e para você seja o diário.

E tá tudo bem, o importante é as pessoas tentarem, e estarem abertas para testar e ver o que que funciona para elas.

Especificamente no tema meditação, eu queria deixar uma dica de um documentário muito legal que eu vi — ele é curtinho, são cerca de 20 minutos mas ele vai direto ao ponto.

Tem uma série da Netflix que chama Explicando.

E o quarto ou quinto tópico que eles abordam é a meditação.

Então é bem legal, dá uma ideia boa do que se trata isso.

E de como que isso saiu de algo visto como religioso, tá muito ligado a religiões orientais, para chegar dentro das universidades americanas, muito por uma provocação do Dalai Lama e como que a gente já tem evidência científica, e como que o número de publicações tem crescido.

Isso que você comentou de não separar corpo e mente, é algo que é dito há milênios, e que a gente insiste em não só separar, como colocar em subespecialidades.

É o nefro, o hepato, o cardio… e esquece-se muitas vezes de tratar da pessoa.

Roney: Sensacional, Neto.

Acho que assim a gente chega na parte final do nosso episódio, com uma boa reflexão, uma bela frase.

Mais uma vez você pode deixar as suas mídias sociais, os seus contatos para o pessoal te acompanhar.

Porque com certeza quem ouviu até aqui está louco para te acompanhar, saber mais sobre você, o que você fala.

Dr. José Neto — Como Acompanhar

Dr. José Neto: Tá bom, gente, então primeiro queria agradecer, é sempre um prazer bater papo com vocês.

O trabalho de vocês dois é algo de encher as mães de vocês e toda a família de orgulho.

Trabalho é muito bem feito, com muito apreço.

O livro que vocês publicaram, inclusive eu pude resenhar a respeito dele, é feito realmente sobre paradigma científico, não é uma coisa feita a Deus dará.

E eu há três anos estou aí nas redes sociais, a minha rede mais ativa ainda é o Instagram, é o @drjoseneto.

Vocês também conseguem me encontrar no facebook, DR. José Neto MG.

Meu site é www.drjoseneto.com.br, onde eu tenho um blog lá, então textos mais densos eu acabo fazendo lá.

Até porque chega uma hora que a gente recebe tantas perguntas que são similares que você faz um texto “definitivo” (apesar de não existir essa palavra em ciência) para tentar otimizar o tempo, que é uma variável tão importante.

Eu tô na NefroClínicas, já passei o site para vocês.

E, para aqueles profissionais de saúde que tem interesse no tema, saúde baseada em evidência, eu tenho cada vez mais divulgado meu trabalho — tanto através de lives, tenho agora projeto 717 da SBE, que toda quinta feira às 7 e 17 da manhã eu faço uma live sobre um tema que associa teoria e prática da saúde baseada em evidência.

To lançando agora o “Em evidência, com o dr José Neto”, que a tendência é virar um podcast.

E o primeiro entrevistado vai ser nada mais nada menos que meu amigo e bastante conhecido de vocês, doutor José Carlos Souto, e a ideia e levar cada vez mais conhecimento tanto para o público leigo, quanto para os profissionais.

Tem um curso de saúde baseado em evidência que abre periodicamente.

Por que que ele não fica aberto direto?

Porque eu quero dar assistência para as pessoas, eu não quero simplesmente vender um curso, eu quero que as pessoas aprendam, eu quero que elas saiam no final diferente de como elas entraram, valorizando o tempo dessas pessoas e que elas consigam ser no final do curso melhores profissionais e aí, obviamente, elas vão ter mais sucesso em suas vidas não só profissionais como pessoais, porque quando se aprende a otimizar tempo e fazer a coisa funcionar a seu favor, todo mundo sai ganhando.

Guilherme: Excelente, Neto.

Deixamos todos esses recursos indicados aqui e, é claro, vamos sempre divulgar o seu trabalho e ajudar a divulgar esses projetos que melhoram a nossa visão de ciência, de medicina e a prática em si.

Por isso que a gente queria agradecer muito pelo seu tempo, por ter se disposto a participar.

Eu sei que foi um pouco conflituoso em termos de agenda, mas que bom que deu certo para a gente poder aqui se reunir para mais esse bate papo e ter essa conversa super rica. Muito obrigada, novamente.

Dr. José Neto: Não por isso — e que venha o terceiro!

Roney: Com certeza, Neto, em breve a gente pode estar gravando o terceiro episódio porque esses episódios ficam muito ricos, é incrível quanto valor eu acho que as pessoas podem colher com tudo isso que a gente falou aqui hoje.

Então mais uma vez muito obrigado pelo seu tempo, e eu queria agradecer também a todo mundo que nos escutou aqui, muito obrigado a todos vocês que acompanham o nosso podcast.

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Guilherme: Então é isso aí pessoal, a gente se fala segunda feira que vem, obrigado Roney e Neto e todo mundo que nos escutou.

Um forte abraço, do Senhor Tanquinho.

2 comentários em “Podcast #066 — Dr José Neto: Ácido Úrico, Gota, E A Arte E Ciência De “Tratar Gente””

    1. Olá Glaucia,

      Fico extremamente feliz em saber que o conhecimento compartilhado foi útil para você! É sempre gratificante poder contribuir de alguma forma. Se tiver mais dúvidas ou precisar de mais informações, não hesite em me contatar. Estou aqui para ajudar no que for necessário. Obrigado pelo seu feedback positivo!

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