Podcast #059 – Queda De Cabelo, Calvície E Tricologia Com A Dra Patricia Guimarães

A tricologia envolve muito mais do que só o fio de cabelo, envolve todo o corpo, alimentação, exercício gerenciamento do estresse, estilo de vida.  Porque o cabelo é muito mais do que a gente pensa .“

Realmente, cabelo é muito mais do que a gente pensa: nós aprendemos muito com esta entrevista de podcast, e temos a certeza de que você vai aprender também.

A Dra. Patrícia Guimarães é uma médica especialista em cabelos, e ela vai te contar o que você precisa saber para ter uma visão integrada sobre como os cabelos refletem a sua saúde.

Você aprenderá sobre a importância da alimentação e do estilo de vida.

E vai mesmo saber a verdade sobre como alguns “culpados” comuns — como açúcar, glúten e leite —  influenciam na saúde, no brilho e na viçosidade (falei bonito agora) do seu cabelo.

Sendo assim, escute o podcast atentamente até o final para descobrir:

  • quem é a Patrícia e como ela se tornou “médica de cabelos”,
  • como a dieta influencia a saúde do cabelo,
  • emagreceu e o cabelo caiu? Saiba o que pode estar acontecendo,
  • por que o paciente bariátrico perde cabelo,
  • a verdade sobre a queda de cabelos nas dietas low-carb e cetogênica,
  • o que está errado ao suplementar com polivitamínicos “de A a Zinco”,
  • quais as principais vitaminas e nutrientes envolvidos na saúde do cabelo,
  • o que podemos fazer para evitar e tratar calvície e alopecia,
  • qual a diferença entre calvície, alopecia, e queda de cabelo,
  • quanto tempo demora para os resultados do tratamento capilar começarem a aparecer,
  • a importância de se praticar a gratidão,
  • a mensagem final da Patrícia para você,

e muito, muito mais.

Com nossos podcasts, você tem não só entretenimento.

Mas também tem acesso ao conhecimento de especialistas que se atualizam constantemente.

Então escute o episódio quantas vezes precisar — anote, pesquise, e compartilhe. Para que, assim, esse conhecimento seja cada vez mais difundido.

Você pode ouvir a entrevista completa no player abaixo.

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Segue abaixo a transcrição completa do episódio.

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Você pode seguir Dra. Patrícia nos seguintes endereços.

Transcrição Completa Do Episódio

Aviso: Este podcast também é um oferecimento do nosso curso completo Guia Dieta Cetogênica.

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Guilherme: Olá tanquinho, olá tanquinha! Bem-vindos e bem-vindas a mais um episódio do nosso podcast! Dessa vez temos conosco a doutora Patrícia Guimarães.

Tudo bem Pati?

Patrícia: Tudo bem, e vocês meninos?

Eu quero agradecer a vocês por ter me convidado, pelo carinho, por ter lembrado de mim e por ter convidado para essa página que eu sou espectadora, leitora e agora ouvinte do podcast.

Eu leio no Instagram, ouço os podcasts, e gosto muito…

E queria agradecer pelo convite e dizer que eu estou muito feliz de estar aqui falando para vocês hoje. Eu aprendi muito com vocês!

Primeiro que eu aprendi demais fazendo as receitas, eu aprendo demais com as informações e agora eu estou muito feliz de estar aqui podendo contribuir um pouco.

Roney: Ah com certeza vai contribuir sim Patrícia.

Boa tarde, tudo bem também e muito obrigado por sua presença, é um prazer estarmos aqui entrevistando.

E, para quem não conhece a doutora Patrícia, ela é médica especialista em tricologia.

Então Patrícia, como que surgiu o seu interesse por essa área da medicina e em segundo lugar como que surgiu o seu interesse mais relacionado aos cabelos?

Como A Patrícia Se Tornou “Médica De Cabelos”

Patrícia: Então, eu estudei medicina depois eu fui estudar dermatologia, especializei em dermatologia e fui atendendo os pacientes de dermatologia como de costume — que é pele, unha e cabelos.

Então eu fui vendo que os pacientes que vinham me procurar em dermatologia tinham muitas queixas de cabelo: era queda de cabelo, era calvície e eu tinha um aprendizado, mas um aprendizado que eu considerava raso em cabelo.

E eu via que a procura era muito grande.

Eu fui procurar fazer um curso, eu moro em Belo Horizonte e eu fui procurar fazer um curso em São Paulo.

E vi que existia a subespecialidade da dermatologia que se chama tricologia.

(Na verdade não é uma uma especialidade médica, é uma subespecialidade da dermatologia.)

Eu procurei fazer esse curso para aprender mais, para poder dar uma atenção diferenciada para os pacientes que eu tinha, que eu já via que tinha um público muito grande.

A partir daí eu fiz esse curso que era um curso de alguns dias (acho que talvez uma semana), depois disso eu falei “gente, é isso que eu gosto mesmo”.

Eu já não gostava muito da estética, eu trabalhava eventualmente também com medicina estética, enfim, com dermatologia, com doenças e com estética.

Eu falei “ah ,eu vou especializar em tricologia” aí comecei a fazer diversos cursos, me especializei e no próximo ano, que foi 2016,  eu resolvi que ia trabalhar só com cabelos, só com tricologia.

Eu resolvi fazer o curso de especialização pela Associação Internacional de Tricologistas, fui para Austrália fazer o treinamento e desde então eu só atendo tricologia, só trabalho com cabelo.

Agora eu tenho uma clínica aqui em Belo Horizonte, atendo em São Paulo também com mais duas médicas que trabalham só com cabelo e não atendo mais dermatologia, nem doenças, nem estética.

Hoje minha formação, tanto de cursos quanto de congressos, são voltados para tricologia.

Eu comecei uma pós-graduação no início do ano em medicina integrativa anti aging (antienvelhecimento), ela é muito ligada a nutrologia.

Mas eu quero utilizar para tricologia que é o assunto que a gente vai falar hoje.

E em como a alimentação, como o exercício físico, como até o próprio gerenciamento do estresse afetam na saúde do nosso cabelo e como que eu posso aplicar isso na tricologia.

Então, quando o paciente vier me procurar na tricologia, ele vai ter um atendimento global.

E não um atendimento somente como dermatologista que vai passar um remédio para ele tomar, um remédio para ele passar o cabelo…

Porque ele vai ter toda uma orientação nutricional, uma orientação de estilo de vida, uma orientação alimentar.

Quem conhece a minha página sabe que lá tem esse tipo de orientação.

Enfim, eu tenho procurado direcionar meus conhecimentos nesse sentido, todo ao redor da tricologia, e no sentido de estudar também a fisiologia hormonal de exercício, de alimentação…

Porque a tricologia envolve muito mais do que só o fio de cabelo, envolve todo o corpo, alimentação, exercício gerenciamento do estresse, estilo de vida.

Porque o cabelo é muito mais do que a gente pensa.

Então eu vi que a gente fazendo isso tem melhores resultados — e o paciente pode ter um tratamento bem mais elaborado e mais eficaz.

Eu estou nessa linha de oferecer para pessoa a medicina integrativa: ela trata o paciente e não só o problema.

Então a pessoa que vai lá com uma queixa de queda de cabelo, que vai no consultório, ela não vai ter um remédio para o problema, para queda de cabelo.

Ela vai ter uma orientação completa: primeiro tem que buscar a causa, tem que investigar como que é o estilo de vida dela, o que pode estar acontecendo… se pode ser algum fator ou alguma causa hormonal, ou se pode ser alimentar, ou se é nutricional…

E, como a gente vai abordar aqui, causas diversas: de falta de nutrientes ou até excesso de nutrientes.

Isso tudo o médico tem que ter habilidade para descobrir, detectar, orientar o paciente de forma correta.

Claro que não vai fazer uma orientação nutricional — porque isso é papel e é função do nutricionista.

Mas o médico vai poder detectar — e, se for necessário, tratar com medicamento e encaminhar para um acompanhamento nutricional — e orientar quanto a práticas de exercício e mudança de estilo de vida.

Então é mais ou menos isso a minha história com a tricologia e também com medicina integrativa.

Como A Dieta Influencia A Saúde Do Cabelo

Guilherme: Excelente Patrícia, a gente achou muito bacana.

Porque essa visão — de que tem que tratar a pessoa como um todo e não um pedaço específico dela, ou um problema específico — faz total sentido né?

A gente vê cada vez mais médicos percebendo que pequenos elementos do dia a dia podem estar ligados a um problema ou numa situação específica.

Então por isso que a gente queria fazer a pergunta geral que a gente escuta muito, especialmente de mulheres sobre cabelo: qual é a relação da dieta com o cabelo?

Você mencionou a questão da falta de alguns nutrientes ou excesso de outros. Então, em linhas gerais, o que a pessoa pode esperar da alimentação e da influência dela no cabelo?

Quais influências principais a alimentação vai ter — seja em quantidade de fios, queda de cabelo, cor do cabelo, velocidade de crescer o cabelo. Porque tem todo tipo de teoria internet afora. O que que é verdade e o que é mito no meio disso tudo?

Patrícia: Bom, alimentação e queda de cabelo tem toda relação, porque a nutrição do folículo e a nutrição, consequentemente do fio, vai depender da nutrição do couro cabeludo — e ela vai vir do nutriente que a gente vai ingerir.

Isto é: o nutriente que vai vir primeiramente do alimento.

Mas isso que você falou o crescimento do cabelo, cor de cabelo, fio de cabelo é diferente: são heranças que podem ser genéticas.

Por exemplo, crescimento: talvez você tenha um crescimento 1,0 centímetro por mês e outra pessoa tenha 1,5cm e isso não tem como acelerar muito.

Porque isso já está pré-determinado que você vai ter 1,0 e o outro vai ter 1,1.

E não dá para acelerar muito mais do que isso, porque é uma determinação genética, como já está determinado que um vai ser loiro e outro vai ser moreno e isso não tem como mudar.

Então para determinação genética é uma coisa, nutrição é outra diferente, cor do fio etc.

Agora, na questão de alimentação a gente tem fatores como o aporte de proteínas, que é condição básica.

A gente tem que ter em mente que a dieta tem que ter as proteínas, sejam elas de origem animal de origem vegetal, aí entra o que a gente deve falar na frente que quem opta por entrar no vegetarianismo, no veganismo, enfim, que é mais difícil conseguir o tanto de gramas de proteína por dia e tem que conseguir.

Mas é possível sim, com proteínas vegetais — mas quem comer as proteínas animais vai comer na carne, nos ovos e, enfim, a gema do ovo que tem a biotina. A biotina, que é tão falada porque tem benefícios para o cabelo, para pele, para as unhas — dando uma pincelada rápida.

Esses nutrientes, eles vão entrar na corrente sanguínea, vão ser aproveitados pelo organismo e vão, numa última instância, para a pele, para as unhas, para o cabelo: para dar nutrição para a pele, para a unha, e para o cabelo.

Então esse é outro fator a se levar em conta quando você fala de crescimento. A pessoa fala:

  • “Quantos fios podem cair por dia? “
  • “Meu cabelo pode crescer mais rápido?”
  • “Pode crescer mais lento?”
  • “Se eu emagrecer, o cabelo cai?”

E aí vem aquele tanto de dúvida, então eu vou só falar uma bem rápida aqui que eu acho que é a dúvida que eu mais ouço e que todo mundo me pergunta.

Ela se refere ao caso que eu mais tenho recebido no consultório, e principalmente que eu tenho ouvido no grupos que eu tenho de WhatsApp de quem tá emagrecendo.

Eu emagreci muito e meu cabelo está caindo demais.”

Isso acontece? Acontece.

Porque eu tô fazendo carnívora…

Ou eu tô fazendo low-carb ou cetogênica —  porque vocês trabalham muito com a cetogênica, vocês também ouvem muito isso?

Muita gente faz low-carb e reclama que o cabelo caiu, que o cabelo ficou fraco, que o cabelo ficou ralo depois você teve que cortar.

O que acontece?

Em qualquer dieta que a pessoa fizer, e que a pessoa emagrecer muito rápido — ou então que a pessoa fizer uma dieta sem critério, não obedecendo um profissional —  isso pode acontecer.

O profissional vai calcular, “quanto que é o gasto dela basal por dia?” “é tanto”, vai diminuir, sei lá, 300 calorias, 400 calorias? E diminui um pouco.

Mas se a pessoa fizer aquelas dietas de 500 calorias ingeridas por dia, e aí o organismo vai ficar realmente em déficit, por muitos dias…

Então o corpo realmente vai entender que a pessoa está no estado de emergência.

Aí sim ela vai perder nutrientes. Vai perder os nutrientes, e o cabelo — como o corpo entende que o cabelo, a unha, e a pele são órgãos que não são vitais…

(E realmente não são. Vital é o quê? Coração, cérebro, pulmão e olhe lá.)

Então para pele e cabelo e unhas não sobra nada. E aí vai cair mesmo o cabelo.

Só se a pessoa tiver fazendo a dieta assim com umas caloriazinhas, uns nutrientezinhos para sobrar lá para o cabelo que ele não vai cair.

Então o que a gente tem que orientar para pessoa — digo, a gente como profissional?

Para você ter um emagrecimento que você não vai ter queda de cabelo e nem vai ter unhas quebradiças, você tem que fazer uma dieta que tem emagrecimento lento, gradativo, e ao longo do tempo.

Não pode ser aquela dieta que você vai emagrecer muito rápido, que é o caso que a gente vê, que é inevitável em paciente bariátrico, paciente que fez cirurgia bariátrica.

Por quê?

Porque a pessoa emagrece rápido, porque come muito pouco. E essa é uma mudança abrupta de hábito. Porque comia, por exemplo de 2.000 a 3.000 kcal antes de operar. E depois de operar ela não consegue comer.

É uma mudança muito radical de perfil alimentar. O estômago que recebia aquele tanto de nutrientes vai receber um terço daquilo.

E aí o cabelo realmente vai ficar prejudicado.

Porque o tanto de nutriente que chegava até no couro cabeludo, que chegava até a unha, não vai mais chegar.

E a pessoa realmente vai ter que, eventualmente, fazer uma reposição de vitamina, de sais minerais e aí vem toda aquela história de tomar polivitamínico:

  • “Tem que tomar?”,
  • “Não tem que tomar”,
  • “Qual que toma?”,
  • “Qual que não toma?”

Aí vem toda aquela auto medicação, a pessoa resolve tomar por conta própria.

Toma um, toma outro, toma um de A a Z… e aí é aquela história que todo mundo já conhece.

Dieta Low-Carb E Cetogênica E Queda De Cabelos

Roney: Perfeito Patrícia, eu achei legal que você pincelou um pouco sobre dieta sem restrição calórica.

A maior parte do nosso público, a gente sabe que é de low-carb, cetogênica até porque a gente fala mais sobre isso.

Então a gente queria ser um pouquinho mais específico agora, até porque a gente recebe bastante essa pergunta.

“Mudei para dieta low-carb (ou tô fazendo a dieta cetogênica), estou emagrecendo, estou me sentindo bem… mas percebi que o cabelo tá caindo mais, é normal? É por causa da dieta?”

Ainda mais porque, sempre que tem algum tipo de mudança, as pessoas já ficam com essa pulga atrás da orelha: e se elas batem o dedão na quina da mesa, já acham que é culpa da dieta.

E nesse caso a queda de cabelo pode estar relacionado a dieta?

Patrícia: Pois é, é o que eu falei: pode estar relacionado a qualquer dieta.

Porque a pessoa pode começar a fazer qualquer dieta e acontecer a queda de cabelo.

Mas quem começar a fazer low-carb ou cetogênica — seja ela carnívora ou seja o que for — não é devido ao tipo da dieta, não é por causa da restrição de carboidrato, não é por causa da restrição ou da retirada, ou não é por causa de estar ingerindo mais carne, não é por causa de nada disso.

Vai ser por causa do déficit calórico, ou então da falta de algum nutriente.

Então o que a gente tem que detectar… E o que eu quero orientar aqui inclusive, seja a pessoa praticante de low-carb, de cetogênica, do que for — e até mesmo de outro tipo de dieta — é que o que causa queda de cabelo não é o tipo da dieta.

Então não importa se é dieta flexível, se é dieta dos pontos, se é dieta do que for. O que causa queda de cabelos é um emagrecimento muito rápido, a falta de algum nutriente ou então esse déficit que eu disse.

Vamos supor, se a pessoa começa a fazer uma dieta — de qualquer nome que a dieta tenha —  e da mesma forma se a pessoa começa a fazer uma dieta carnívora sem orientação ela acha que carnívora é só comer carne…

E a gente sabe que não é, tem todas as orientações, além disso ela tem que comer as vísceras, que as vísceras tem também de outros tipos de nutrientes e etc etc.

A low-carb por exemplo, low-carb não é que você só comer um bife, vocês orientam muito bem que a pessoa tem que comer os vegetais, que tem que comer assim e assim…

Então, comendo direito, a pessoa vai ingerir os outros tipos de vitaminas e tal e tal por exemplo.

Se a pessoa vai aderir a outro tipo de estilo de vida, como o vegetarianismo, por exemplo, de maneira correta… Ela não vai comer processados, e um monte de farinha.

Ela pode fazer uma dieta que ela vai ter os nutrientes que vão ajudar.

Então a pessoa tem que saber — na verdade, o profissional tem que saber. Não é a pessoa, porque ela não é obrigada a saber. <as o profissional que vai orientar tem que saber quais nutrientes que a dieta tem que ter em termos de proteína, carboidrato…

E talvez não precise de carboidratos na dieta (vai ter um pouco no caso da cetogênica, ou um pouco mais no caso da low-carb, enfim, um pouco mais.

Mas das vitaminas e dos minerais nas castanhas, nas oleaginosas que são importantes colocar para pessoa ter um selênio…

E a pessoa comendo isso, talvez não precise suplementar com um polivitamínico.

Porque quando precisa, eu particularmente faço assim: quando a pessoa vem me queixando que tá com queda de cabelo ou com unha quebradiça eu pergunto da dieta ‘tá comendo isso? Tá comendo aquilo?’

Aí eu peço um exame de sangue já direcionando para o que que pode ser, se pode ser anemia, se pode ser falta de vitaminas do complexo B, se pode ser falta de vitamina C, zinco, selênio, ácido fólico e tal e tal.

E eu peço todos os exames, já direcionados.

Porque o exame de sangue não só “pedir chutando qualquer coisa”.

Você tem que já saber e direcionar para o que você acha que pode ser.

E, dependendo do que der alterado, eu vou fazer uma fórmula com o que precisa.

Porque eu não vou dar um polivitamínico de A a Z sendo que ele só precisa C e de zinco.

Para que eu vou dar de A a Z sendo que ele não precisa de A, e nem de D, e nem de outras — se ela só precisa de C e de Zinco?

Então essa é a minha visão de nutrição.

E aí orientar também e, se for possível, se esse déficit não for tão grande, orientar “olha, falta vitamina C…  então você toma o limão espremido com a laranja por dia”.

Então muitas vezes não precisa de remédio, são coisas que talvez dá para suprir com alimentação, não precisa de entrar com remédio.

Vitamina D, às vezes dá para pessoa tomar um sol 5 minutos por dia e aí a gente coloca o remédio também até normalizar — e depois a pessoa fica só tomando sol.

Porque a gente tem que também estimular a pessoa a ter bons hábitos, não é só remédio, remédio, remédio.

E às vezes algumas coisas são simples trocas na dieta, por exemplo estimular comer mais vísceras, mais folhas verdes cruas, junto com isso as frutas cítricas — para o ferro ser absorvido junto com a vitamina C.

Aí a pessoa já vê que, com essas simples mudanças, já muda o exame de sangue, quando ela for refazer daqui a 3 meses.

Mas é essa questão: não é o tipo de dieta, não é o tipo de prática, não é porque mudou.

Pode ser porque mudou o intervalo de comer

Ou pode ser porque mudou o tanto que comia…

Porque às vezes, por exemplo, a pessoa que muda para cetogênica come menos, ou então quem começou a fazer o jejum intermitente, acontece muito isso.

A pessoa começa a fazer jejum intermitente “ai meu cabelo começou a cair demais”.

Mas é porque começou a comer muito menos!

Está fazendo uma ingestão calórica muito menor.

Só que aí a pessoa tem que começar a perceber que se ela tá comendo muito menos, se ela tá comendo 1.000 calorias por dia, ou 800 calorias por dia…

E quanto disso é proteína? Está sendo suficiente? 

Porque, se no período que ela não tá em jejum, ela tá comendo muito pouco — aí realmente tem que revisar isso.

E no período que ela está em alimentação, aí ela tem que cuidar.

Às vezes ela (ou o profissional que tá acompanhando) vai colocar ou na tabela ( tem muita gente que gosta de acompanhar no programinha lá no aplicativo), coloca quantas calorias come…

E, dentre aquelas calorias, quantos gramas de proteína, e quantos gramas de proteína por peso…

Para assim verificar se aquilo tá sendo suficiente para não ter um catabolismo.

Porque, realmente, se houver um déficit muito grande, aí tem a chance sim de ter queda de cabelo.

Principais Vitaminas E Nutrientes Envolvidos Na Saúde Do Cabelo

Guilherme: Certo, Patrícia! Pelo que eu percebi, tem muitos e muitos nutrientes envolvidos na saúde do cabelo — desde a proteína até algumas vitaminas.

Quais são os principais nutrientes em que o pessoal tem que prestar atenção?

Ou então: quais os principais que costumam estar deficientes na dieta da maioria das pessoas?

Patrícia: Olha, o principal…

Primeiro a gente olha no hemograma as próprias hemácias, hematócrito — que é a questão de anemia.

Mas falando em distúrbios, o problema mais comum envolvido com queda de cabelo pode ser anemia.

Verificamos o ferro: o ferro está muito envolvido também — que é decorrente da anemia.

Há a vitamina D: ela tem relação muito estreita com queda de cabelo, tanto com a queda de cabelo quanto com a alopecia.

Depois eu acho que a gente devia fazer um bate-papo sobre a alopecia! Eu acho bem legal a gente falar disso.

Mas enfim, a vitamina D está muito ligada com os quadros de alopecia.

O zinco e o selênio também são importantes para a gente olhar.

A vitamina C é muito importante, e as do complexo B são importantíssimas a gente olhar.

Eu sempre peço para os meus pacientes nos exames de sangue de B12.

Há a biotina, que é uma vitamina do complexo B.

E os hormônios — que não são vitaminas, não são minerais, mas que não na maioria das vezes mas pode ter um fator que pode desencadear queda de cabelo.

Nesse contexto, observo o hormônio da tireóide, buscando hipotireoidismo ou o hipertireoidismo.

Então é importante olhar o TSH, e o T4, o T4, e T3 esses exames também eu peço muito, são essas principais.

A vitamina A é muito importante a gente saber — porque o excesso da vitamina que pode causar a queda.

A vitamina A muita gente já deve ter ouvido falar, que é isotretinoína, cujo um dos exemplos é o Roacutan.

Então vamos supor, a pessoa às vezes não sabe que tá tomando algum remédio polivitamínico ou então algum remédio que tem, aí tá tomando outro que também tem… e isso causa um excesso.

Pode acontecer também ao comer algum alimento, mas é mais difícil dar excesso.

De toda forma, excesso de vitamina A pode causar queda de cabelo, e o próprio Roacutan também (ele é um remédio usado para acne, e um dos efeitos colaterais dele é a queda de cabelo difusa).

Na fórmula do Roacutan tem a vitamina A, que é a isotretinoína derivada da vitamina A.

Então às vezes o paciente não sabe “ah meu cabelo tá caindo demais”, então é um dos efeitos colaterais do excesso de vitamina A.

Agora, o que é bem importante a gente citar é que os antioxidantes como coenzima Q10, ou qualquer substância que aja como antioxidante…

Outro é o exercício físico: é uma ação que age como antioxidante para o corpo.

E tudo isso melhora a saúde do couro cabeludo e do fio.

Então sendo assim, a dieta com menos processados, ultraprocessados e tirando o açúcar… tudo isso é positivo.

Porque eu tenho ido em vários congressos, e o que eu tenho visto é que eles batem muito na tecla do açúcar.

Mais até para calvície: não agora falando em queda )porque a gente fala em queda às vezes as pessoas confundem muito com calvíce).

E calvície não é queda, a queda é assim quando a gente passa a mão do cabelo e cai aquele tanto de fio, difuso.

Não é aquela área de falha em cima assim ou então aquela entrada que aquilo e calvície, é uma área de falha que o cabelo fica mais ralo, mais fino e vai dando aquela sensação que o cabelo está desaparecendo.

Então, o açúcar tem sido apontado — pelos estudos mais modernos e por todo lugar que a gente vai — como o alimento ou fator mais inflamatório para o cabelo.

Para o corpo inteiro a gente já sabe, mas para o cabelo também.

Então o que é inflamatório para o corpo inteiro acaba sendo inflamatório também, consequentemente, para o cabelo.

Seguindo essa linha que a gente já sabe, pra quem aconselha low-carb, pra quem aconselha cetogênica como tipo de dieta, estilo de vida — que a gente nem chama de dieta, a gente chama de estilo de vida.

E essas são dietas anti-inflamatórias.

E, para o cabelo, a gente tenta fazer prescrições anti-inflamatórias também, a fim de desinflamar o couro cabeludo.

Porque quanto mais ele estiver desinflamado e desintoxicado, mais o fio vai conseguir desenvolver, crescer e ele não vai cair.

Porque a própria alopecia (agora falando da alopecia, e não da queda em si), é uma inflamação, ela tem um processo inflamatório.

Então buscamos desinflamar o corpo e consequentemente o couro cabeludo.

Isso é o que a gente busca, uma “desinflamação”, digamos assim. E aí começando a dieta já nos adianta bem.

Esse último congresso que eu fui agora tem um slide bem grandão escrito assim: “Sugar kills“.

Eu falei “meu Deus! Eu estou em um congresso de nutrologia ou é de cabelo?”

Cancer loves sugar“.

(Conforme a Dra Janaína explica brilhantemente aqui.)

Então isso já está mais que certo para todo mundo que não é só na alimentação, mas que no cabelo também.

Eu tinha ouvido isso a primeira vez em 2017 quando eu fui lá na Austrália com um professor que faz um monte de congresso e tal.

E ele disse que, se você quer ter um cabelo saudável, o primeiro e único alimento que você deve evitar: açúcar.

Aí depois de lá eu já saí pensando: “meu Deus, e agora?”

Depois disso que eu comecei a aprofundar mais nessas questões de nutrologia, nessas questões de nutrição aí que eu fui vendo que não é só açúcar — são os carboidratos como um todo.

E cada vez mais eu tenho visto que é isso.

Então na verdade a gente tem que tirar os carboidratos mas também adicionar os outros nutrientes.

Porque não tem como você ficar com um déficit calórico, com pouco aporte de proteínas e vitaminas de minerais.

Não tem como também ninguém ficar vivendo de cápsula né — porque a gente não é astronauta.

Então o jeito que tem e se alimentar do que tem na natureza: bichos, plantas.

Calvície E Alopecia: O Que Podemos Fazer?

Roney: Perfeito, Patrícia.

E, aproveitando que você tocou no tópico da alopecia, uma coisa que a gente queria saber é se para casos de calvície e alopecia, principalmente masculinos, se tem algo que se possa fazer relacionado a dieta.

Patrícia: Muito!

Tem muito que se possa fazer.

Primeiro eu oriento meus pacientes a adotarem isso que eu falei: uma dieta mais anti-inflamatória possível.

Eu peço para que tirem o açúcar todo que puderem.

Isso já é comprovado e é uma coisa que a gente já tem visto de longas pesquisas, de muito tempo, de muita comprovação.

Então é condição básica: o açúcar pode tirar porque não tem jeito.

Tem também o leite de vaca — mas não é todo mundo que concorda.

Ele é muito inflamatório também, então acho que quem conseguiu tirar, é bom.

Porque o mesmo leite sem lactose ele é rico em IGF-1, que o IGF-1 pode agravar o quadro de acne e de alopecia que é o que inflama.

então tudo que agrava inflamações gerais no corpo vai agravar alopecia — porque alopecia tem uma forte tendência inflamatória.

Só que não é só isso, alopecia tem uma herança genética.

Mas, se a gente conseguir controlar o quadro inflamatório, a gente consegue controlar a evolução do quadro de desenvolvimento da alopecia.

Então o que acontece?

Se a gente conseguir que a pessoa ingira pouco glúten ou nada de glúten, que a pessoa não coma açúcar, que a pessoa não beba leite…

Que a pessoa tenha uma alimentação regrada, que a pessoa faça exercício, que beba muita água e ainda que faça o tratamento…

É claro que ela tem o gene que predispõe a ter alopecia, óbvio!

E, se tiver, ele vai manifestar: se for homem vai ter as entradas, se for mulher ela vai ter um cabelo mais rarefeito em cima.

Porém ela não vai desenvolver com uma velocidade tão grande do que se fosse uma pessoa inflamada, que comesse tudo errado, que tivesse resistência insulínica, que não fizesse exercícios, que tivesse uma vida sedentária, que tivesse cortisol nas alturas e todo desregulado, sono desregulado, se não tivesse hábitos de vida saudável.

Então que eu tento passar para os meus pacientes, além do tratamento clínico, além do que a gente tem que oferecer de medicamento, são esses hábitos alimentares, essas mudanças de estilo de vida que é o que pode otimizar o tratamento clínico.

Porque aí a gente tem muito melhor resposta ao tratamento clínico: a gente vê uma resposta muito melhor, uma resposta muito mais visível.

Porque às vezes você faz tudo que tem, põe tudo quanto é remédio, você faz aplicação do mais moderno que tem…

E às vezes até remédio mesmo oral você dá…

Mas a pessoa não absorve aquilo, porque o intestino tá todo inflamado, porque tá tudo errado, o corpo tá todo inflamado e nem absorve — porque a pessoa tá toda inflamada.

Então às vezes, primeiro você tem que fazer uma dieta anti-inflamatória, às vezes nem a vitamina D que é muito importante a gente manter a vitamina D um pouco mais alta, o intestino não consegue absorver a vitamina D porque a pessoa tá com intestino muito irritado, por causa dessas coisas como glúten, por causa do excesso de lactose

Então às vezes primeiro a gente tem que fazer esse processo de conscientizar quanto à alimentação, quanto a água, exercício, desinflamar primeiro.

Porque às vezes nem o medicamento não é bem absorvido.

E tá aí a importância, de a própria pessoa se conscientizar que ela precisa mudar os hábitos, e não é só tomar remédio.

E a gente tem que ter essa paciência, e ter essa consciência, de saber isso, e orientar.

Porque muita gente quer mesmo é uma mágica: um remédio que vai tomar, e vai resolver, e vai ficar tudo maravilhoso.

Mas não é assim, infelizmente.

É uma coisa que vai durar o resto da vida e ela vai ter que fazer, e ela vai ter que ficar fazendo.

E muita gente faz as alterações de estilo de vida, vê que resolve, tem os resultados e fica feliz.

Mas é importante ter esse tipo de orientação além do tratamento clínico: a dieta anti-inflamatória e a mudança do estilo de vida realmente otimizam muito o tratamento clínico.

Guilherme: Entendi.

Então existem mudanças que podem ser feitas — e as de estilo de vida são até mais importantes do que qualquer nutriente em específico.

E é claro que essas mudanças de estilo de vida todas não vão, digamos assim, anular o fato de existir uma tendência genética…

Porém elas vão poder atenuar (ou no mínimo deixar mais lenta) a manifestação desses genes — a manifestação física da alopecia ou da calvície.

É isso?

Patrícia: Isso, isso mesmo! Você decifrou muito bem, e elas vão ajudar até a otimizar o tratamento clínico.

Elas não vão anular a herança genética porque a alopecia, a calvície é uma doença de herança genética.

Porém a mudança de estilo de vida e a melhora da alimentação vão desacelerar o processo de evolução da calvície.

Ela não vai curar, porque calvície não tem cura, tem melhora e tem controle.”

Mas a alimentação, e a mudança do estilo de vida, e um estilo de vida com alimentação mais anti-inflamatória. pode tornar o processo mais lento.

Ela pode tornar o processo de desenvolvimento da calvície mais lento, porque realmente cura não existe — é uma doença crônica, como se fosse diabetes, pressão alta até como a própria obesidade.

Enquanto você tá fazendo alguma coisa para frear ou para estimular os hormônios que vão agindo no folículo, ele vai respondendo.

Quando você pára de fazer, o hormônio age ali e vai miniaturizar o fio, como toda doença hormonal.

Porque a calvície é uma doença hormonal, que é o hormônio agindo, miniaturizando o fio, então existem duas formas de tratar.

Existe uma forma que é de bloquear o hormônio de miniaturizar, enquanto você tá bloqueando ele vai mantendo, quando você para de bloquear por alguma forma, seja ela medicamento ou o que for, ele vai agir.

Da mesma forma, você está ali fazendo a sua alimentação certinha: na hora que você começar a comer errado de novo, vai engordar.

Você tá tomando seu remédio de pressão todo dia: 1 ou 2 dias que você parar sua pressão vai nas alturas.

Você tá tomando seu remédio para diabetes: quando você parar de tomar, sua glicemia vai a milhão.

Toda doença crônica é assim: quando você faz algo para bloquear aquele pico hormonal ele vai mantendo.

Mas no dia que você para ou de dar o estímulo — ou de fazer alguma coisa para que aquele estímulo pare — aí o corpo faz o que ele acha que é para fazer.

Então tem que ter estímulo (ou medicamentoso ou estímulo de alimentação) que você faça algo para não acontecer.

Caso contrário, o corpo vai agir como ele pensa que é para agir mesmo.

Saúde Do Cabelo: Erros E Dúvidas Mais Comuns

Roney: Perfeito Patrícia, acho que ficou bem clara essa questão.

E agora a gente queria te perguntar à respeito da sua prática clínica: qual seria a maior dúvida — ou então o maior erro — que você vê as pessoas cometendo quando elas chegam para consulta com você? E qual é a resposta para essa dúvida?

Patrícia: Eu acho que a maior dúvida, de repente de vocês também, é a gente esclarecer o que seria calvície, alopecia, queda de cabelo que às vezes as pessoas encaram como a mesma coisa, o que você acha?

Roney: Sim, de fato.

Patrícia: Então, a gente começou falando da queda de cabelo — que é aquela que a gente acha que é nutricional, que a gente acha que é por causa de dieta, que a gente acha que é por causa de deficiência de vitaminas, de sais minerais, de nutrientes e tal.

Aí a gente foi falando da conversa e chegou na história da calvície, chegou na história de miniaturização de fio.

Aí chega uma pessoa no meu consultório, esses carequinhas típicos, tipo só do topo da cabeça, esses que na rua você vê que fala assim “calvo” aí essa pessoa chega para mim fala assim “ai, meu cabelo tá caindo”.

Você acha que aquilo ali é cabelo caindo?

Eu que sei, vou falar assim “ah é? Tá caindo faz quanto tempo?”

“Ah! faz uns 10 anos que eu tô notando queda de cabelo.”

Eu falo “ah sei, seu pai também era calvo assim?” “Era.”

Então: isso é herança genética.

Eu já sei, sem nem olhar, sem nem ter feito nenhum exame, provavelmente talvez a pessoa também já saiba, que aquilo é calvície e o nome que se dá a calvície é alopecia androgenética.

Pode ter masculino, pode ter feminino.

Tem mulher que também tem, que não é daquele jeito.

A mulher não vai ficar careca, mas ela vai ter o cabelo bem ralinho em cima, tipo como se tivesse com cabelo bem ralo só em cima e embaixo fica bem pouquinho parecendo que está… como se fosse com pouco cabelo.

Mas em cima da cabeça fica aparecendo o couro cabeludo.

Você vê o couro cabeludo por transparência, como no homem vai ficando ralo, ralo até você ver só a careca em cima, e na frente você vê entradas.

Aí você vai perguntar “mas faz muito tempo que você tá vendo isso? “tem, primeiro tinha um pouquinho de entrada e depois foi aumentando, depois foi aumentando.”

Quer dizer aquilo é gradativo: tem homem que começa com 20 e poucos tem outros com 30, 30 e poucos… e aquilo vai até 40, 50.

Quando chega aos 60 a pessoa tá meio calva, careca.

Agora, isso não é queda! Isso é um afinamento que vai acontecendo, uma rarefação que é hormônio que é a testosterona é formada em Di-hidrotestosterona, e ela atua só nessa área de cima do couro cabeludo e nessa área da têmpora que é a entrada, e vai miniaturizando o fio.

O fio vai ficando ralo, ralo, ralo, fino, fino, fino, fraco… até desaparecer.

E aí pode acontecer de um outro cair mesmo ou pode acontecer de a pessoa ter também uma queda.

Mas o que acontece na maioria das vezes é do cabelo ficando ralo e ficando fino, não é do cabelo cair de uma hora para outra.

O contrário que acontece por exemplo, tem mulher que começou a comer muito pouco emagreceu, bariátrica.

É um exemplo típico, passa a mão no cabelo cai às tochas: aí cai 30 fios, 40 fios cada vez que escova aquela confusão é 100 fios a menos.

Outro exemplo: pessoa que troca anticoncepcional, mulher que tomava anticoncepcional e parou, hipotireoidismo, hipertireoidismo, igual eu falei.

Esse tipo é queda mesmo, isso chama eflúvio telógeno.

A mulher depois que ganha, aí ganhou o neném. Depois do parto, ou quando está amamentando também, costuma acontecer muito isso da queda (aí é queda mesmo: passa a mão no cabelo cai aos montes, é queda mesmo). Não é esse afinamento da pessoa calva, da calvície.

Então, isso é um tipo de engano que a pessoa pode ter ao demonstrar sua queixa.

Às vezes a pessoa fala assim: “meu cabelo tá caindo muito”.

Principalmente homens: ele acha que é queda, mas não sabe falar que é porque tá afinando.

E às vezes muitos médicos também dão um diagnóstico errado de calvície, e de eflúvio, e de queda, e de afinamento.

E tem muita diferença e até mesmo a diferença de medicação e de manejo de tratamento.

Porque são patologias totalmente diferentes, de causas diferentes e claro com tratamentos diferentes.

A pessoa tem que saber a pessoa tem que saber… aliás, o médico é que tem que saber, a pessoa vai falar que tá caindo de qualquer forma porque ela não sabe o que é.

Mas o médico que vai examinar ela tem que ter sensibilidade de perguntar certas coisas, sabe?

Há quanto tempo isso acontece, se tem gente da família com esse problema… e a partir daí investigar algumas outras coisas.

E também o que mais nos intriga às vezes é que tem duas patologias juntas.

Às vezes a pessoa tem alopecia androgenética e ela tá tendo um eflúvio junto por algum outro motivo.

Então ela pode ter afinamento e ela também tá tendo eflúvio junto.

E ela está tendo queda também.

Então por isso que é tricologia é muito desafiadora e por isso que eu resolvi estudar muito, e eu resolvi direcionar meus estudos só para isso.

Porque eu vi que não é tão simples assim, e eu vi que não adiantava estudar só para passar um remédio porque era muito mais complexo do que eu imaginava.

Não adiantava eu ficar fazendo só o simples porque não ia adiantar, e eu não ia ficar satisfeita, e fazer às vezes o que eu achava que era certo porque é muito mais complexo.

Só nesse pouco de tempo que eu te falei, eu já comecei a pensar um monte de coisa aqui que até eu mesma fico embaraçada porque realmente é muito complexo.

Às vezes parece fácil mas é bem complicado porque tem muitas coisas diferentes e é tudo colocado num saco só sabe “é queda”. “Se é queda, é polivitamínico de A a Z”. “É esse remédio que todo mundo receita quando é queda, e é este outro que é para queda de cabelo”.

E não é bem assim.

Quem vai num especialista sabe que tem toda uma investigação, tem toda uma orientação, é tudo bem diferente, não é bem assim.

Os problemas de cabelo sérios temos de começar a tratar no início.

Porque a maioria deles é de evolução progressiva e alguns são de evolução lenta mas a maioria de evolução médio para meio rápida.

Por exemplo a calvície, se começa a evoluir, aí você vê que a pessoa ficou calva, daí a pouco já começa a ter falha, e aí depois disso se a pessoa deixa e não começa a tratar, é mais difícil você estabilizar e depois melhorar aquilo.

E aí se deixar para quando eu tiver bem calvo é mais difícil.

Mas, se começar no início, como eu tenho pacientes que já estão com 20 poucos anos, começou a perceber agora “eu percebi, meu pai é calvo também”…

Você já começa com um tratamento bem incisivo no início e a doença não progride, e você consegue ter uma resposta boa.

Mas se você perder tempo de tratamento a gente acaba não tendo resposta tão boa quando você já tá com a evolução de algum tempo.

O ideal é que a gente tenha um tratamento já assertivo no início da doença para a gente poder ter um resultado bom e conseguir um bom resultado.

Não digo “consegui curar”, porque não vai ter cura.

Mas conseguir controlar, já que é uma coisa que — não o eflúvio mas a calvície por exemplo — é genética, que a gente sabe que aquilo vai ficar se manifestando.

Então buscamos ter um controle para o resto da vida, porque se chegar num ponto que já está bastante desenvolvido é mais difícil.

E tem gente que perde muito tempo com tratamento que não é tão eficaz.

Mas é um desafio tratar esses casos, e é realmente gratificante — apesar de ser ingrato.

É ingrato porque a resposta do cabelo é muito lenta, os tratamentos têm uma resposta lenta, para o cabelo responder.

São 3 meses, 6 meses, 9 meses… e aí a gente depende da paciência e da disciplina do paciente.

Pois a gente sabe que o paciente tem que fazer todo dia, tem que ter disciplina e tem que ter paciência.

É muito complicado e a gente tem que orientar, tem que estimular porque ele não vê resultado na hora.

A gente tem que estimular demais, tem que deixar ciente que realmente é uma coisa a longo prazo que ele tem que fazer, e que resultados são mesmo demorados.

E realmente é ingrato: se parar, vai voltar a aparecer.

Eu sou muito clara nas explicações, não adianta enganar a pessoa, falar que existe milagre.

É como no emagrecimento, e é como na hipertrofia.

Eu acho que a gente tem que ser verdadeiro, não dá para ficar enganando, falar que existe milagre, que existe remédio, que existe isso, que existe aquilo…

A gente como profissional tem que  encorajar, tem que mostrar o caminho mas não dá para para falar que existe milagre.

A gente tem que ser uma base de apoio, mas a pessoa tem que fazer a parte dela fazendo em casa.

A gente tá na clínica, tá no consultório, para apoiar.

Mas a parte da pessoa só ela pode fazer — a gente faz a nossa.

Tem que ter persistência, tem que ter paciência — porque, para ver resultado, demora tempo.

E às vezes pra ver parar a queda demora tempo. Para ver nascer cabelo, demora tempo — e isso é descrito em literatura que demora.

A gente fala e a pessoa tem que fazer acreditando que vai melhorar até ver o resultado mesmo.

Mas é muito bom a gente ver que depois melhora, e a gente saber que o que a gente está fazendo também é para o bem da saúde como um todo, e que a gente tá promovendo saúde, promovendo o bem-estar.

Enfim, eu acho que o caminho é esse.

Eu estou satisfeita com os resultados que eu tenho tido, eu acho que tá indo bem.

Não É Do Dia Para A Noite

Roney: Com certeza, Patrícia.

E assim como a gente fala no emagrecimento, que você não emagrece do dia para noite, você também não vai reverter o estado do cabelo do dia para noite.

Patrícia: Nenhum cabelo pode nascer do dia pra noite.

Mas todo mundo hoje em dia quer resultados muito rápidos, todo mundo quer milagre.

E a gente, nós profissionais de saúde, a gente tem que bater mais nessa tecla de conscientizar as pessoas que não existe milagre.

O milagre não está nos remédios, não tem uma pílula mágica de tomar um dia e no outro dia acordar diferente.

Eu tento muito bater nessa tecla sabe?

Eu tento muito explicar para as pessoas que não existe isso, e quem falar que existe está mentindo!

A gente queria muito que existisse, mas infelizmente não existe.

Os Hábitos Saudáveis Da Doutora Patrícia

Guilherme: Sim, com certeza Patrícia.

Em vez de pílulas mágicas, as pessoas deveriam focar mais em construir bons hábitos.

E, falando nisso, quais são os seus bons hábitos no dia a dia?

Conta para o pessoal que eles adoram saber os hábitos dos entrevistados.

Patrícia: Olha, eu mudei muito meus hábitos desses dois anos para cá. Meus bons hábitos incluem, por exemplo, beber muita água.

E foi desses anos para cá que eu tenho aprendido — inclusive aprendi muito com vocês — sobre a dieta.

Eu emagreci bastante desde que eu mudei o meu estilo de vida, eu faço uma dieta low-carb, cetogênica tento fazer o máximo possível, apesar que eu ainda não estou bem do jeito que eu queria.

(Claro que mulher ainda sempre quer emagrecer um pouco mais né?)

Mas enfim, entre meus bons hábitos há também o exercício físico (não tanto quanto eu gostaria também mas eu faço).

Eu medito, o que também eu acho que mudou muito a minha vida foi a meditação, yoga também eu acho que é um hábito que mudou a minha vida, e ser grata, ser grata eu acho que foi o hábito que realmente mudou a minha vida radicalmente, eu acho que foi o que mais mudou.

Antes de tudo acontecer — antes de qualquer coisa que acontecer que eu nem sei o que será —  eu já agradeço a tudo.

Agradeço a Deus, agradeço a todo mundo.

Porque tudo que tem acontecido, tudo que me acontece é muito bom.

Eu sou muito grata a tudo, a todo mundo.

Eu acho que a gente praticar a gratidão é muito importante para o cérebro, para o corpo…

Eu sinto que faz um bem, que parece que só traz coisas boas, foi a coisa que eu aprendi já de muito tempo.

E quanto mais eu aprendi a agradecer, melhores coisas vêm para mim.

Cada vez eu agradeço mais e mesmo que eu não tenha nada agradecer, eu arranjo alguma coisa para agradecer.

Guilherme: Faz total sentido.

A gratidão realmente é um dos hábitos que a gente pratica também no nosso dia a dia e faz bastante diferença na nossa vida, né?

Quando a gente começa a saber o que olhar, a saber procurar pelas coisas a ser grato, muitas vezes começa a conseguir reparar em mais coisas boas que acontecem ao nosso redor. Então é um ciclo virtuoso.

E Patrícia ,conta para quem ouviu a gente até aqui, onde que o pessoal pode saber mais sobre você.

As suas mídias sociais, seu site enfim, e também conta qual que é a sua mensagem final para quem escutou a gente.

O que você gostaria que eles levassem dessa entrevista.

Onde Seguir A Patrícia — E A Mensagem Final Dela Para Você

Patrícia: O meu Instagram é @dra.PatríciaGuimarães.

O site é drapatriciaguimaraes.com.br.

A página no Facebook também é só Dra Patricia Guimarães.

A mensagem final que eu queria passar pras pessoas é que, independente se a pessoa tiver queda de cabelo, se a pessoa tiver calvície (a gente falou das diferenças)…

Independentemente disso, a alimentação, e o estilo de vida, são importantes.

Se ela tiver detectando isso, ou se isso for uma queixa (porque eu acho que quem for olhar no podcast e ver o título, vai ver lá e vai chamar a atenção “queda de cabelo”) a pessoa vai procurar um profissional.

Ou mesmo se ela detectar, ela tem que primeiro analisar o seu estilo de vida, e a sua alimentação, e a sua saúde.

Verificar se está tendo algo.

Ou até se a sua aparência tem algo exagerado, ou se o que ela está fazendo, está algo exagerado demais — porque tudo muito exagerado, no meu ponto de vista, é um sinal de alerta, ou para de mais ou para de menos.

Tudo muito extremo pode trazer malefícios, então essa é minha alerta pra quem está ouvindo: dê uma pensadinha no seu estilo de vida.

E aí, baseado nisso, procure um médico, procure um nutricionista, seja qual especialidade for que esteja mais perto, enfim.

E lembre-se de que, na queda de cabelo, excesso demais de vitamina, falta demais de vitamina… comer de mais, comer de menos… pessoa magra demais, a pessoa obesa demais…

Enfim, vale a pena a gente prestar atenção não só nas faltas mas também nos excessos, entendeu?

Eu chamo atenção pra você que ficou tentado por causa do título, para dar uma refletida na sua vida, no seu estilo de vida, ou até em você.

Refletir sobre exageros, excessos.

Porque a vida, e talvez o balanço do corpo, ele não dependa de nada extravagante, nem para mais nem para menos.

E, da mesma forma, o cabelo não suporta nada nem de mais, nem de menos. Então, para gente refletir isso aí.

Roney: Perfeito Patrícia.

Então a gente vai chegando ao final do nosso podcast.

A gente queria te agradecer muito pela presença, pela entrevista, ficou uma entrevista muito rica sobre o tema.

É um tema exclusivo que a gente nunca tinha abordado antes e a gente só tem a agradecer a sua presença aqui, ao seu tempo para falar conosco, a sua simpatia. Muito obrigado mesmo.

Patrícia: Eu que agradeço, foi ótimo! Muito obrigada.

Guilherme: Patrícia, muito obrigado novamente pela esclarecimentos, tenho certeza que o pessoal que quiser mais informações sobre como cuidar da saúde e do cabelo vai seguir você nas mídias sociais, vai acompanhar mais.

E é claro: a gente recomenda todo mundo que, de fato, acompanhe a Patrícia nas redes sociais.

E que siga a gente também no Instagram, @senhortanquinho e sigam nosso podcast: tem episódio novo toda segunda-feira com os maiores especialistas (assim como a Patrícia que falou sobre cabelo), já falamos sobre sono, intestino, diabetes, todo tipo de assunto.

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E a gente se fala na segunda-feira que vem.

Um forte abraço, do Senhor Tanquinho.

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