Aveia – Por Que Você Não Precisa Dela Para Emagrecer E Ser Saudável

Aveia emagrece? Pode aveia na low-carb?”

Estas são perguntas comuns que costumamos receber.

Isso porque, por um lado, geralmente evitamos grãos na low-carb.

Mas, por outro lado, a aveia tem uma “aura” de alimento saudável que leva muitas pessoas a querer consumi-la.

Uma aura que é até difícil de explicar — mas cujas alegações vamos investigar neste artigo.

Portanto leia até o final para saber tudo sobre a aveia.

Inclusive:

  • O que é exatamente a aveia,
  • Quais seus nutrientes,
  • Quais as melhores — e piores — apresentações (flocos, farelo, farinha, etc) da aveia,
  • Os possíveis malefícios da aveia,
  • E muito, muito mais.

Nos próximos 7 minutos, você saberá toda a verdade sobre este alimento — incluindo seus prós, seus contras, e o que você obtém ao consumi-la.

Antes disso, preparamos um presente para você.

Se você chegou a este artigo buscando emagrecimento e saúde, então está no lugar certo — e preparamos 2 materiais gratuitos para te ajudar.

O primeiro é um livro com 19 receitas low-carb e sem glúten — fáceis e práticas para você fazer.

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Dito isso, vamos começar deixando logo às claras: o que é exatamente a aveia?

Aveia: O Que É

A aveia é um grão, um cereal. 

Muitas pessoas (especialmente aquelas familiarizadas com o conceito de dieta paleolítica) sabem que os grãos foram adições recentes à dieta humana.

No entanto, note que os grãos não são todos iguais.

Pois, dentre eles, temos desde o “terrível” trigo — que tem vários malefícios — até o “ameno” arroz.

(Apelidamos desta forma — “terrível” e “ameno” em relação à quantidade de antinutrientes, e a quão bem tendem a ser tolerados pelas pessoas.)

Desta forma, é como se tivéssemos um espectro de grãos, que vai dos piores aos melhores (conforme imagem acima).

Obviamente, se você quiser, você pode excluir todo e qualquer grão da sua alimentação — desde o milho, até pseudogrãos como a quinoa.

No entanto, muitas pessoas preferem ter a informação completa sobre os alimentos — para, aí sim, tomar suas decisões.

Então, onde a aveia se encaixa nesse espectro?

Conforme dissemos, a aveia é um grão — no caso, é a semente de uma espécie de gramínea chamada Avena sativa

A forma integral do grão de aveia é conhecida como “grumo de aveia” (conforme pode ser visto na foto acima).

E você dificilmente vai encontrá-la sendo vendida nessa forma — exceto talvez como ração para cavalos. 

Em vez disso, a aveia é vendida após ser processada de alguma forma: quão processada ela será, vai depender do produto em questão.

Vamos ver agora quais as principais apresentações da aveia que você vai encontrar por aí.

Apresentações Da Aveia: Flocos, Farinha, Farelo, e Mais

O grão de aveia tem uma casca, com a qual é feito o farelo de aveia. 

A farinha é feita com a parte interna do grão. 

E a aveia em grãos ou em flocos contém o grão todo.

Vamos ver mais detalhes.

Aveia em grãos

Esta é uma das principais apresentações de aveia, conhecida também como “corte em aço”.

Nesse processo, os grãos inteiros são cortados em vários pedaços — alguns dos farelos se desprendem, e alguns são retidos.

A aveia cortada em aço (ou aveia em grãos) leva mais tempo para cozinhar, mas retém grande parte do sabor e dos nutrientes originais. 

(Além dos antinutrientes, como o ácido fítico — falaremos dele mais adiante.)

Aveia laminada ou flocos de aveia

Já a aveia laminada é preparada ao submeter seus grãos ao achatamento mecânico e depois ao cozimento por vapor.

Nesse processo, seu farelo é descartado e o produto final é conhecido como “aveia em flocos”. Este é possivelmente o tipo mais famoso de aveia.

Aveia instantânea

Esse tipo de aveia é muito similar à aveia em flocos. 

A diferença consiste essencialmente no fato de, muitas vezes, ser acompanhada por aromas açucarados.

Ela se torna imediatamente comestível pela adição de algum líquido quente (como o leite, por exemplo).

Farelo de aveia

O farelo de aveia é uma das formas mais populares da aveia — justamente porque muitas pessoas o consideram como algo saudável.

E por que ele recebe tantos elogios?

Porque ele consiste na película externa que reveste o grão de aveia — que seria, justamente, a parte mais rica em fibras.

O farelo de aveia possui tanto fibras solúveis quanto insolúveis. 

Dentre elas, a famosa fibra beta glucana, objeto de alguns estudos — que vamos abordar em breve. 

O farelo de aveia, no geral, possui menos carboidratos líquidos que o restante do grão.

Ao mesmo tempo, ele também apresenta ainda mais antinutrientes. 

Antigamente, esta parte costumava ser descartada no processo de refino da aveia. 

Mas, com um pouco de marketing e promessas milagrosas, a indústria consegue vender de tudo, não é mesmo? De casca de aveia a dieta do ovo.

Farinha de aveia

Já a farinha de aveia é produzida a partir da moagem da parte interna do grão. 

Isto é: é justamente a parte “refinada” da aveia, descartando-se a casca (com a qual se faz o farelo).

Isso faz com que a farinha de aveia tenha menos fibras, e mais carboidratos.

Muitas pessoas utilizam a farinha de aveia como substituição à farinha de trigo em receitas de bolos, pães e tortas.

Mas é importante notar que a farinha de aveia não é uma farinha low-carb.

Aliás, falamos um pouco de carboidratos e fibras — então vamos ver agora o perfil nutricional da aveia.

Nutrientes Da Aveia — Informações Nutricionais

Quando falamos de nutrientes da aveia, muitas pessoas elogiam o teor de proteínas, ou de fibras — ou mesmo de minerais.

Mas será que ela é tão boa assim?

Consultamos a base de dados da Tabela Brasileira de Composição de Alimentos da Universidade de São Paulo (USP). [1]

Ela foi uma das inspirações para nossa tabela com a quantidade de carboidratos dos principais alimentos

E obtivemos os seguintes nutrientes para as diferentes apresentações da aveia.

Nutrientes da aveia em flocos

Para cada 100g de aveia em flocos, temos:

  • energia: 387 kcal
  • gordura: 8,4g
  • proteína: 15,3g
  • carboidrato: 68,3g
  • fibra alimentar: 11,4g
  • carboidrato líquido: 56,9g

Esta é uma das apresentações mais comuns da aveia.

E note como a quantidade de carboidratos é muito maior do que a de proteínas, fibras, gorduras…

Portanto notamos que a aveia é, basicamente, uma fonte de carboidratos.

São 68g de carboidratos totais, sendo 11g destes de fibra alimentar — o que nos deixa com 57g de carboidratos digeríveis ou carboidratos líquidos (aqueles que são efetivamente digeridos pelo corpo).

Mas será que as outras formas de aveia têm dados nutricionais muito diferentes?

Nutrientes da aveia instantânea (aveia em flocos instantânea)

Para cada 100g de aveia instantânea, temos:

  • energia: 382 kcal
  • gordura: 9,2g
  • proteína: 15,7g
  • carboidrato: 63,8g
  • fibra alimentar: 9,4g
  • carboidrato líquido: 54,4g

Pelos dados acima, podemos ver que a distribuição total de nutrientes — de energia, gordura, proteínas, carboidratos e fibras — da aveia instantânea é praticamente a mesma da aveia em flocos.

Nutrientes da fibra de aveia

Uau, com este nome “fibra de aveia”, ela deve ser uma excelente fonte de fibras, não é mesmo?

Para cada 100g de fibra de aveia, temos:

  • energia: 377 kcal
  • gordura: 11,4g
  • proteína: 19,3g
  • carboidrato: 57,4g
  • fibra alimentar: 16g
  • carboidrato líquido: 41,4g

Mais uma vez, percebemos que o nutriente em maior quantidade na aveia é o carboidrato.

Sinceramente, com tantos legumes, folhas e frutas disponíveis com quantidades muito maiores de fibras e menores de açúcares, por que você iria comer aveia para essa finalidade?

Nutrientes da farinha de aveia

Para cada 100g de farinha de aveia, temos:

  • energia: 370 kcal
  • gordura: 7,0g
  • proteína: 14,9g
  • carboidrato: 67,0g
  • fibra alimentar: 10,3g
  • carboidrato líquido: 56,7g

Novamente, temos um derivado da aveia riquíssimo em amido. 

Se você busca uma farinha mais saudável para substituir a tradicional farinha de trigo, a única vantagem da farinha de aveia é não possuir glúten (falaremos sobre isso em breve).

No entanto, certamente existem melhores alternativas de farinhas livres de glúten — até porque a farinha de aveia pode conter traços de glúten por contaminação cruzada.

Nesse caso, prefira farinhas que não são processadas a partir de grãos — busque farinhas feitas a partir de oleaginosas, legumes, frutas ou mesmo a farinha de frango.

Nutrientes do farelo de aveia

Para cada 100g de farelo de aveia, temos:

  • energia: 340 kcal
  • gordura: 11,0g
  • proteína: 18,0g
  • carboidrato: 42,0g
  • fibra alimentar: 15,0g
  • carboidrato líquido: 27,0g

No caso do farelo de aveia, pegamos esses dados do site de uma grande marca vendedora de aveia e afins (Quaker).

Isso porque a tabela da USP, que usamos para os outros derivados da aveia deste texto, não possuía os dados para este alimento em estado cru (o que priorizamos para manter a consistência).

E mais uma vez temos um padrão bem parecido de macronutrientes: muitos carboidratos, um pouco de fibras, de proteínas e de gorduras.

Portanto, por mais que algumas pessoas desinformadas (ou mal-intencionadas) possam alegar que o farelo de aveia entraria uma dieta low-carb ou cetogênica… por meio desta simples análise de seus dados nutricionais, fica claro que isso não passa de balela.

Nutrientes da aveia: resumindo

O grande resumo da aveia, em todas as suas apresentações, é o seguinte.

Todas as formas de aveia têm uma composição nutricional muito semelhante.

Sim, você vai encontrar algumas delas (como a fibra de aveia e o farelo de aveia) com um pouco mais, ou um pouco menos de certos nutrientes — como fibras, carboidratos líquidos, proteínas e até gorduras.

Mas, de maneira resumida, podemos dizer que a aveia é, em todas as suas apresentações, uma grande fonte de carboidratos.

Portanto, agora é hora de desfazer uma confusão muito comum: a de que a aveia seria, de alguma forma, um alimento low-carb.

Aveia É Low-Carb? Aveia Entra Na Cetogênica?

Não é incomum vermos páginas e sites que se dizem “low-carb” fazendo receitas com farinha de aveia, ou farelo de aveia, ou outras formas de consumo desse grão.

No entanto, a mera observação dos fatos nutricionais que elencamos acima revela toda a verdade sobre a aveia — que resumimos na imagem acima.

Conforme dito acima, as diferentes formas de aveia (farelo, flocos, e farinha) têm diferentes concentrações de carboidratos e fibras.

Todavia, nenhuma forma de aveia é um alimento que possa ser considerado low-carb.

Até porque, ao analisarmos mais a fundo seus nutrientes, observamos que a aveia não é uma boa fonte de nenhum nutriente — a não ser os carboidratos.

Agora, você talvez já tenha ouvido o seguinte argumento.

Aveia é um bom alimento por causa de suas fibras.”

No entanto, ela tem uma quantidade muito maior de carboidratos digeríveis (amido) do que de fibras.

E uma dieta low-carb ou cetogênica busca reduzir, justamente, o consumo de carboidratos.

Desta forma, se você busca um maior consumo de fibras, é muito mais sensato apostar em legumes e folhas low-carb — que terão bastantes fibras, e poucos carboidratos.

Além disso, para efeito de comparação, vários alimentos que as pessoas muitas vezes têm receio de inserir na low-carb — como cenoura, cebola, abóbora, e beterraba — têm muito menos carboidratos do que a aveia.

E podem ser consumidos de maneira mais liberal na dieta. 

Aqui você pode ver uma lista de compras exemplo da dieta low-carb e cetogênica.

Desta forma, devido ao seu alto teor de carboidratos, evitamos o consumo de aveia em estratégias LCHF (low carb, high fat).

Resumindo: A aveia, em todas as suas apresentações, não é um alimento baixo em carboidratos, e não entra na dieta low-carb e nem na dieta cetogênica.

Se quiser receitas realmente baixas em carboidrato, temos mais de uma centena de receitas low-carb nesta página aqui.

Aveia É Nutritiva?

Até agora, vimos que a aveia é uma fonte de carboidratos.

E que ela possui sim uma certa quantidade de fibras — que, todavia, empalidece frente à grande proporção de amido presente.

Todavia, é necessário abordar ainda dois pontos sobre os “nutrientes” da aveia.

O primeiro ponto diz respeito às proteínas.

E, o segundo, aos micronutrientes (vitaminas e minerais).

Sobre as proteínas, convém notar que sim: a aveia possui muito mais proteínas do que a maior parte dos outros grãos: trigo, arroz, cevada, centeio, e por aí vai.

No entanto, no contexto de uma dieta onívora, temos que buscar proteínas na aveia seria um equívoco.

E por quê? 

Porque, as proteínas de ovos, carnes, queijos, e peixes, por exemplo, são muito mais completas e biodisponíveis.

Sendo que, mesmo em uma dieta low-carb vegetariana, faz muito mais sentido consumir ovos e queijos do que aveia.

Já em termos de vitaminas e minerais, temos que uma dieta low-carb bem montada é rica em nutrientes, e não causa nenhuma deficiência deles.

É fato que o perfil de nutrientes da aveia não é de todo mau: ela contém pequenas doses de ferro, magnésio, fósforo, zinco, cobre, manganês, vitamina B1 e vitamina B5.

No entanto, ela também traz consigo alguns antinutrientes — como avenina e ácido fítico — que, justamente, atrapalham a absorção desses nutrientes. 

A verdade é que não há nenhum bom motivo para consumir aveia (em qualquer uma de suas variações) a menos que você realmente goste do sabor dela — especialmente numa dieta baixa em carboidratos.

E, principalmente: não há um bom motivo para consumi-la se você quer emagrecer — pois ela é, basicamente, uma fonte de carboidratos, sem muitos nutrientes.

Resumindo: Não existe nenhum bom motivo, em termos nutricionais, para consumir aveia.

Ela não possui nenhum nutriente que não possa ser encontrado em outros alimentos — e não é uma “boa fonte” de nenhum nutriente, exceto os carboidratos.

Nós não temos nada contra a aveia, só não entendemos essa aura de saudável e “emagrecedora” que ela possui.

Sendo que mencionamos os antinutrientes — que costumam ser pouco discutidos nessa miríade de textos sobre “benefícios da aveia”.

Então vamos falar um pouco sobre isso agora.

Malefícios Da Aveia

Conforme mostramos acima, a aveia é rica em carboidratos.

O que é indesejado para quem deseja seguir uma dieta cetogênica.

Mas que não afetaria muito a vida de quem não está tentando reduzir os carboidratos para emagrecer.

Por isso, vamos ver outros pontos da aveia: mais notadamente, seus antinutrientes.

Dentre eles, podemos destacar o ácido fítico e a avenina.

A avenina é uma proteína da família da prolamina (juntamente com o glúten do trigo, centeio e cevada, e a zeína do milho).

E que se comporta de maneira similar ao glúten também.

O que gera alguma confusão: porque muitas pessoas ficam na dúvida se aveia teria glúten ou não.

Aveia Tem Glúten?

A aveia em si não tem glúten.

E isso, em teoria, faria com que ela pudesse ser consumida por pessoas com doença celíaca.

Porém, dois avisos são importantes neste caso.

O primeiro é o fato de que a aveia é muitas vezes contaminada com glúten.

Isto é: ela costuma ser cultivada, processada, armazenada e até transportada com o trigo (alimento que tem o glúten em sua composição). 

Por isso, se você for celíaco e realmente quiser muito consumir aveia, é importante se certificar de que não tenha acontecido essa contaminação.

Geralmente, formas de aveia certificadamente sem glúten costumam sinalizar isso em suas embalagens — e costumam custar um pouco mais caro também.

E o segundo é a presença da avenina.

Avenina pode causar problemas similares ao glúten

Conforme dissemos acima, a avenina é uma proteína da mesma família do glúten.

E que pode ocasionar problemas similares ao glúten em certos indivíduos sensíveis.

Embora pareça que os problemas em lidar com a avenina sejam menos comuns (e menos graves) do que aqueles que o glúten causa.

Em um estudo, crianças com doença celíaca produziram anticorpos à avenina em uma taxa maior do que as crianças não-celíacas. [2]

(Ou seja: elas também reagem à aveia.)

No entanto, quando celíacos são colocados em uma dieta livre de glúten, eles não parecem mostrar níveis mais altos de anticorpos à avenina. [3]

O que isso significa?

Que, numa dieta livre de glúten, uma pessoa celíaca talvez tolere melhor a aveia.

No entanto, se a pessoa já consome o glúten em sua alimentação, a aveia pode potencialmente causar problemas.

Isso faz bastante sentido quando falamos em algumas condições intestinais — na qual é importante remover certos alimentos, para que o intestino possa se regenerar e se comporte melhor.

(Este tipo de abordagem é válida tanto para dietas baixas em FODMAPs, quanto para estratégias para lidar com síndrome do intestino irritável, por exemplo.)

Ou seja: a aveia não é santa — mas, se você já tem uma alimentação relativamente “mais limpa”, provavelmente a tolera melhor.

Resumindo: A aveia possui avenina, que é uma proteína que pode causar efeitos similares aos do glúten. 

Para pessoas celíacas, a aveia potencialmente exacerba alguns problemas — especialmente se sua dieta ainda não estiver totalmente livre de glúten.

Além da avenina, a aveia também possui fitato (ácido fítico).

Aveia Possui Fitato

Já o ácido fítico (ou fitato) é um antinutriente que se liga a diversos minerais, tornando-os menos biodisponíveis para nosso organismo.

Ou seja, mesmo que um grão seja rico em minerais, a presença do fitato impede que grande parte desses minerais seja absorvida.

(Isso significa que comer algum nutriente não necessariamente implica que esse nutriente seja absorvido.)

A aveia contém menor quantidade desse antinutriente em comparação com o milho e arroz integral — mas aproximadamente a mesma quantidade que o trigo.

Sendo que aparentemente é possível reduzir ou eliminar o fitato quando a aveia passa pela fermentação láctica.

Como mitigar os efeitos negativos do fitato

Na prática, é impossível saber com certeza quanto do fitato é desativado quando a aveia é fermentada.

No entanto, um estudo mostrou que o consumo de aveia submetida à fermentação láctica resultou em uma maior absorção de ferro. [4]

Ou seja: o fitato — que dificultaria a absorção do ferro — “agiu menos” após a fermentação láctica.

Mas isso é garantia de que os nutrientes da aveia se tornam mais disponíveis?

Não. 

Como a aveia não contém fitase (enzima responsável pela quebra e desativação do fitato), possivelmente apenas isso não seria suficiente.

Para piorar, nesse estudo, o que aumentou foi a absorção de ferro não-heme.

Este é um tipo de ferro que não conseguimos aproveitar tão bem — sendo o tipo presente nos alimentos de origem vegetal, inclusive a aveia (e o feijão).

O ferro mais útil para nós, que é do tipo heme, é encontrado nos alimentos de origem animal.

É este tipo de alimento — incluindo a carne vermelha — que será mais eficiente em aumentar os níveis de ferro no sangue e combater a anemia.

Resumindo: Além da avenina, que pode causar questões intestinais para algumas pessoas, a aveia tem ácido fítico.

O ácido fítico dificulta ou impede a absorção de alguns dos nutrientes que a própria aveia possui — como ferro, zinco e cobre.

Considerando todas essas questões — da quantidade de carboidratos, dos poucos nutrientes, e dos antinutrientes — será que faz sentido dizer que comer aveia é algo saudável?

Mas Comer Aveia Não É Saudável?

Por que a aveia ganhou todo esse status de saudável — tanto de pessoas leigas como até mesmo de organizações de saúde?

Os defensores da aveia adoram citar a beta glucana.

A beta glucana é um tipo especial de fibra solúvel, que aumenta a excreção de ácido biliar. [5]

(Para mais detalhes de como funciona a bile, o LDL,  e muito mais, veja este podcast com o Nutri João Gabriel.)

E, junto com ácido biliar, também vai embora o colesterol que está ligado à bile. [6]

Então, na prática (ao menos nos exames): os níveis de colesterol no sangue diminuem.

Ou seja: a beta glucana pode ajudar a reduzir os níveis de colesterol no sangue.

Mas será que reduzir colesterol é algo bom e desejado em humanos?

Um dos estudos que os fãs da aveia adoram citar é o seguinte: existia uma população de ratinhos que não conseguiam lidar bem com o LDL (devido a um defeito genético). [7]

Nesses ratos, o consumo de farelo de aveia ajudou a prevenir contra a aterosclerose (formação de placas nas artérias).

No entanto, note que isso não foi resultado de algum tipo de “mágica que só a aveia tem”.

Pois os ratinhos obtiveram esse mesmo efeito de proteção ao consumir uma dieta rica em vegetais. [8]

Portanto, não é como se o farelo de aveia fosse algum tipo de substância mágica.

(Mas pelo que observamos no mundo real, parece ser mais fácil convencer as pessoas a adicionar uma colher de farelo de aveia… 

Do que convencê-las a remover açúcares e farináceos, substituindo-os por vegetais e frutas.)

O farelo de aveia (assim como outras fibras prebióticas, como o amido resistente) também aumenta a produção de butirato.

(Embora os estudos tenham verificado isso em porcos, não em pessoas.) [9]

Sendo que o butirato parece ter efeitos benéficos para nossa saúde. 

Mas, cá entre nós: o que esses estudos parecem apontar é o fato de que a fibra solúvel presente nos alimentos pode ter efeitos positivos.

E não que necessariamente essa fibra precisa ser proveniente da aveia.

Além disso, uma coisa é um ratinho deficiente na capacidade de lidar com LDL, por um defeito genético.

Outra coisa é você, ser humano adulto e saudável, que quer cuidar do metabolismo e que, possivelmente, tem até mesmo algum grau de resistência à insulina.

(Afinal, um estudo recente feito nos Estados Unidos indicou que apenas 12% dos adultos estão com a saúde metabólica em dia.) [10]

Portanto, como cada 1g de fibra da aveia carrega consigo muitos outros gramas de carboidratos…

E nós já sabemos que os malefícios de uma alimentação rica em açúcares é causadora de diversos tipos de malefícios…

Então, simplesmente não faz sentido se encher de aveia se o seu objetivo é melhorar sua saúde e se manter saudável no longo prazo.

Resumindo: Se você já consome vegetais e frutas baixas em açúcar na sua dieta, provavelmente não vai ter benefícios adicionais ao inserir aveia.

Além disso, não é como se reduzir o colesterol fosse nosso objetivo maior de vida.

Falamos aqui neste artigo completo sobre esse tema.

Nosso objetivo é ter vidas longas, felizes e saudáveis — e isso é completamente possível sem a aveia.

Aveia Pode Na Low-Carb ou Cetogênica? Como Inserir Aveia Nessas Estratégias

Até agora, você já aprendeu que a aveia é, basicamente, uma fonte de carboidratos.

E que não tem uma quantidade significativa de outros nutrientes para a saúde. 

Portanto, ela não se adequa à proposta de uma dieta low-carb ou cetogênica.

E de fato: a aveia não está presente no cardápio da maior parte dos nossos alunos — que aprendem a montar cardápios emagrecedores com o programa Cardápio Tanquinho 2.0.

No entanto, algumas pessoas gostam muito de consumir aveia.

Nesses casos, geralmente existem duas alternativas.

A primeira alternativa é inserir na dieta no dia a dia, porém em menor quantidade.

Por exemplo, ingerindo uma pequena porção de farelo de aveia junto de uma porção de abacate.

Outro exemplo: usando uma colher de farelo de aveia para fazer um bolinho de caneca low-carb.

Além disso, inserir aveia numa estratégia low-carb é mais viável se você come uma quantidade maior de carboidratos: por exemplo, se decidiu que vai comer 100g de carboidratos por dia para emagrecer.

E fica mais difícil, obviamente, numa dieta very low-carb, como a dieta cetogênica.

Nós não gostamos muito da ideia de ficar controlando porções e pesando comida: porque, geralmente, não é uma abordagem sustentável para você emagrecer e manter os resultados para sempre.

Porém, em alguns casos, ou como fase de adaptação, pode sim funcionar.

Já a segunda alternativa é relegar a aveia (e as preparações feitas com esse grão) para as ocasiões de exceção da dieta.

Afinal de contas, os resultados virão de acordo com aquilo que você faz durante a maior parte do tempo.

Então, saiba que não há nada de errado em comer um pouco de mingau de aveia, por exemplo, se isso for algo esporádico — e não um consumo frequente.

E por quê?

Porque, quando falamos em emagrecimento e saúde, o mais importante é você saber ajustar a frequência e a quantidade do consumo.

Para ter os resultados que você deseja, sem sofrimento — e, assim, ficar no controle do seu corpo.

Resumindo: Pode ser que você goste muito de aveia, e queira consumi-la no seu dia livre, por exemplo.

Mas nós certamente preferimos guardar nossas ocasiões de exceção para coisas realmente deliciosas, como pizza, quindim, brigadeiro, sorvete e outras iguarias — que consideramos mais saborosas.

Conclusão E Palavras Finais Sobre A Aveia

Parabéns! Por ter lido este artigo até o final, você agora sabe muito sobre a aveia.

Sabe, por exemplo, que ela não tem glúten — mas que pode sofrer com contaminação cruzada.

Sabe que é uma opção muito popular entre pessoas que aspiram a uma vida mais saudável e fitness — embora, nutricionalmente, ela seja bem pobre.

E sabe, também, que o quinoa é uma fonte de carboidratos — e quase nada além disso.

E, se você gostou do que leu, e gostaria de emagrecer e ter saúde para a vida toda…

Sabendo exatamente o que comer, de maneira leve, e sem pesar comida e nem passar fome… 

Enfim: se você gostaria de ter acesso ao exato conhecimento que vai te permitir montar cardápios low-carb e cetogênicos, então queremos te convidar a conhecer nosso treinamento de elaboração de cardápios e refeições low-carb.

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Vai ser um prazer receber você lá — e tirar todas as suas dúvidas, para contribuir com a sua saúde e com a sua transformação.

E ajudar a deixar você no controle do seu corpo.

Nos falamos lá dentro!

Forte abraço,
— Guilherme e Roney, do Senhor Tanquinho.

Referências

Para tornar a leitura mais fluida, agrupamos nesta seção algumas das referências consultadas para a elaboração deste artigo.

Note que você pode ter acesso a um livro físico que reúne em linguagem simples (e com mais de 300 referências bibliográficas) tudo o que a ciência reúne de melhor sobre alimentação e saúde: conheça o livro Saúde Sem Mitos.

  1. Tabela Brasileira de Composição de Alimentos (TBCA). Universidade de São Paulo (USP). Food Research Center (FoRC). Versão 7.2. São Paulo, 2023. [Acesso em: 13/04/2023]. Disponível em: http://www.fcf.usp.br/tbca
  2. Hollén, E., Högberg, L., Stenhammar, L., Fälth-Magnusson, K., & Magnusson, K. E. (2003). Antibodies to oat prolamines (avenins) in children with coeliac disease. Scandinavian journal of gastroenterology, 38(7), 742–746. https://doi.org/10.1080/00365520310003156 
  3. Guttormsen, V., Løvik, A., Bye, A., Bratlie, J., Mørkrid, L., & Lundin, K. E. (2008). No induction of anti-avenin IgA by oats in adult, diet-treated coeliac disease. Scandinavian journal of gastroenterology, 43(2), 161–165. https://doi.org/10.1080/00365520701832822 
  4. Bering, S., Suchdev, S., Sjøltov, L., Berggren, A., Tetens, I., & Bukhave, K. (2006). A lactic acid-fermented oat gruel increases non-haem iron absorption from a phytate-rich meal in healthy women of childbearing age. The British journal of nutrition, 96(1), 80–85. https://doi.org/10.1079/bjn20061683 
  5. Lia, A., Hallmans, G., Sandberg, A. S., Sundberg, B., Aman, P., & Andersson, H. (1995). Oat beta-glucan increases bile acid excretion and a fiber-rich barley fraction increases cholesterol excretion in ileostomy subjects. The American journal of clinical nutrition, 62(6), 1245–1251. https://doi.org/10.1093/ajcn/62.6.1245 
  6. Capurso, A., Solfrizzi, V., Panza, F., Mastroianni, F., Torres, F., Del Parigi, A., Colacicco, A. M., Capurso, C., Nicoletti, G., Veneziani, B., Cellamare, S., & Scalabrino, A. (1999). Increased bile acid excretion and reduction of serum cholesterol after crenotherapy with salt-rich mineral water. Aging (Milan, Italy), 11(4), 273–276. https://doi.org/10.1007/BF03339668 
  7. Andersson, K. E., Svedberg, K. A., Lindholm, M. W., Oste, R., & Hellstrand, P. (2010). Oats (Avena sativa) reduce atherogenesis in LDL-receptor-deficient mice. Atherosclerosis, 212(1), 93–99. https://doi.org/10.1016/j.atherosclerosis.2010.05.001 
  8. Adams, M. R., Golden, D. L., Chen, H., Register, T. C., & Gugger, E. T. (2006). A diet rich in green and yellow vegetables inhibits atherosclerosis in mice. The Journal of nutrition, 136(7), 1886–1889. https://doi.org/10.1093/jn/136.7.1886 
  9. Knudsen, K. E., Jensen, B. B., & Hansen, I. (1993). Oat bran but not a beta-glucan-enriched oat fraction enhances butyrate production in the large intestine of pigs. The Journal of nutrition, 123(7), 1235–1247. https://doi.org/10.1093/jn/123.7.1235 
  10. Araújo, J., Cai, J., & Stevens, J. (2019). Prevalence of Optimal Metabolic Health in American Adults: National Health and Nutrition Examination Survey 2009-2016. Metabolic syndrome and related disorders, 17(1), 46–52. https://doi.org/10.1089/met.2018.0105 

20 comentários em “Aveia – Por Que Você Não Precisa Dela Para Emagrecer E Ser Saudável”

  1. Olá Dr Tanquinho, estou tirando o glúten da minha dieta, pois tenho uma doença autoimune, e sei que a avenina tmb faz mal. Você poderia me dizer se no farelo da aveia também tem avenina?

    Grata

  2. Eu consumo em creme que faço com farinha de linhaça porque me ajuda a funcionar os intestinos, no entanto, só posso adiciono uma colher de chá porque se for mais, fico com sensação de peso no estômago… também já fiz alergia à aveia e com probioticos não aconteceu mais… concordo que na realidade, prla experiência pessoal, a aveia não é o melhor para mim… eu estava a insistir por causa dos beta glucanos mas por causa da questão dos filatos vou trocar pelo arroz integral demolhado e de longa cozedura em muita água até ficar cremoso, porque também faz funcionar o meu intestino… obrigada pelo vosso contributo 😀

  3. Você sustentou o argumento de que a aveia não é boa baseado no fato de que ela tem carboidrato e é substituível.
    Bom, qualquer alimento é substituível.
    Mas nenhum ajuda na produção de colágeno como a aveia.
    E isso faz toda diferença quando você tem mais de 50. Basta fazer a combinação adequada para tornar ela mais absorvível.
    Além disso bastam 2 colheres/dia. Ninguém vai deixar de entrar em cetose por isso.

    1. Oi Joice, tudo bom? Boa tarde.

      Antes de mais nada, eu fiquei bastante curioso quanto a fonte das informações citadas no seu comentário.

      Realmente gostaria de ver esses estudos que mostram 2 colheres de aveia ao dia aumentando a produção de colágeno e fazendo diferença para pessoas acima dos 50 anos.

      Poderia compartilhar conosco e com nossos leitores, por favor?

      Não deixe de nos retornar.

      Lembrando que quando o assunto é colágeno, temos também um ótimo conteúdo sobre isso aqui:
      Senhortanquinho.com/caldo-de-ossos

      Forte abraço!

    2. Boa tarde. Ah, comenta aí a tua fonte, por favor. Eu tb fiquei curiosa, o assunto me interessa. Colágeno.

      Muito boa matéria, muitos sites reproduzem receitas q levam aveia, como low carb. Difícil de explicar pq não é, já q são muitos blogs ditos low carb q usam aveia em suas receitas. Mas pra dar liga em algumas receitas, o q vcs acham?

      1. Quase um ano depois, ainda nada. Rs.

        Obrigado pelos elogios, Eliane.

        Aveia não é um bom alimento, e devemos encará-la como isso.

        Se vamos consumir ou não, é outra história. Cerveja também é ruim, e eu tomo de vez em quando. Exceções fazem parte.

        Apenas não podemos negar a realidade.

        Abraços

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