Podcast #080 – Jejum Intermitente Para Ganhar Saúde E Tratar Doenças, Com A Dra. Maíra Soliani

Eu costumo usar a seguinte analogia: a low-carb é como se fosse um tiro de revólver 38, e o jejum é como se fosse um tiro de canhão. Porque o poder do jejum é muito grande.”

Jejum intermitente envolve, basicamente, não comer. 

Então por que é uma intervenção tão poderosa?

Hoje, recebemos no podcast a Dra. Maíra Soliani, médica PhD e consultora do Fasting Method.

E, neste episódio riquíssimo, ela vai falar tudo sobre o jejum intermitente — dos mais curtos aos mais longos, das aplicações clínicas aos melhores protocolos…

E até mesmo como começar a colher esses benefícios do absoluto zero — mesmo se você nunca fez jejum na vida.

A entrevista está riquíssima, então escute atentamente para saber tudo sobre:

  • a história da Maíra: de shakes de whey a promotora do jejum,
  • como aderir (e ter sucesso) fazendo jejum,
  • quais as principais aplicações terapêuticas do jejum,
  • como usar o jejum intermitente para tratar as doenças (e o que podemos aprender com a sabedoria de antigamente neste sentido),
  • de 200 unidades de insulina para zero em apenas um mês — o curioso caso da paciente Beth,
  • como o jejum pode ajudar a tratar a Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP),
  • quais são os melhores protocolos de jejum intermitente,
  • o jejum tem benefícios para quem é saudável?
  • por que comemos tantas vezes ao dia (de onde veio essa loucura?),
  • nunca fez jejum e quer começar? A Dra. Maíra te ensina a jejuar do absoluto zero,
  • qual a exata maneira que a Dra. Maíra faz jejum em seu dia a dia (mais: quais seus outros hábitos indispensáveis de saúde),
  • a mensagem final que ela separou para você,

e muito, muito mais.

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A transcrição completa do episódio está disponível abaixo.

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Transcrição Completa Do Episódio Com a Dra. Maíra Soliani

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Guilherme: Olá, Tanquinho. Olá, Tanquinha — sejam muito bem-vindos e bem-vindas a mais um episódio do nosso podcast. 

Hoje temos conosco a doutora Maíra Soliani. Tudo bem, Maíra? 

Dra Maíra Soliani: Tudo certo.

Roney: Ótimo, Maíra, é um prazer estar falando com você. E para quem não conhece, a Maíra é médica, PhD e consultora médica do Fasting Method. 

Então, Maíra, que tal começar contando pra gente como surgiu o seu interesse por medicina e, num segundo momento, o interesse por jejum intermitente — e também contando o que é o Fasting Method.

Dra. Maíra Soliani: Certo. Então, obrigada pelo convite, queria agradecer vocês, elogiar o trabalho de vocês, em primeiro lugar.

Eu, inclusive, prescrevo para os meus pacientes o livro de receitas de vocês.

Porque realmente é fantástico, e faz muita diferença para a mudança de hábito a gente saber substituir os alimentos para uma dieta que seja voltada mais para a saúde. 

Então, em primeiro lugar, parabéns para vocês. 

Segundo lugar, vou contar um pouquinho da minha história médica. 

Eu não tenho nenhuma história romântica para falar de medicina. 

Eu nem lembro quando que eu decidi mesmo virar médica, mas eu adorava biologia, adorava ver cadáver, matar bichinho, essas coisas…

E, de repente, eu quis fazer medicina. 

E aí, durante a, quando eu comecei a realmente querer fazer medicina, que foi no colegial, aí eu comecei a me interessar pela possibilidade de poder ajudar. 

Inclusive a minha família tem uma história grande de diabetes e câncer — de um lado é câncer e do outro é diabetes — então sempre sofri com essas duas doenças crônicas.

E, quando eu comecei a querer ser médica, no primeiro ano de faculdade eu comecei a estudar técnicas alternativas para tratar diabetes tipo 2, por causa da minha família mesmo, e da minha história. 

Só que a medicina tem um problema muito sério com doenças crônicas: porque tudo que a gente é bom com doença aguda, a gente é péssimo com doença crônica.

Então, durante a própria faculdade eu sofri muito por “não ter nada de bom” para fazer pela minha mãe, pela minha avó, pela minha bisavó que já tinha falecido de diabetes, de complicações do diabetes. 

E aí essa frustração era tamanha… que, apesar de eu ter feito iniciação científica com diabetes tipo 2, e no começo ter achado que eu queria alguma coisa voltada para a endocrinologia, eu fui pro lado totalmente oposto.

Porque eu não tolerava essa frustração de não saber fazer nada de bom para essa população. 

Aí eu resolvi ser anestesista. Fiz três anos de especialização e, sem querer, eu esbarrei em low-carb por motivos totalmente, assim, nada a ver com a minha prática médica. 

Era por benefícios pessoais mesmo, porque eu sempre segui o que eu aprendi na faculdade de medicina e sempre tive medo de gordura. 

Tinha medo de bacon, evitava, tirava o bacon — imagina, olha que blasfêmia — tirava o bacon do hambúrguer até. 

Então, eu aplicava tudo o que eu aprendi na faculdade, só que nunca funcionou nem pra mim. 

Eu nunca fui obesa, mas eu tive meus períodos de ganho de peso: eu morei fora, na Nova Zelândia, com 16 anos, e lá eu fazia mais exercício do que eu fazia no Brasil. 

Mas eu ganhei muito peso em 6 meses que eu fiquei lá.

E eu não sei se vocês sabem, mas a Nova Zelândia e a Austrália são países que estão com uma taxa de obesidade absurda, e  que está crescendo pra caramba. 

Eu sou vítima disso aí, e eu sou a prova de que o estilo de vida é muito mais importante do que aquele velho ditado do “eat less, move more” — de comer menos, e fazer muito exercício. 

Lá eu fazia mais exercício do que no Brasil, e eu voltei 10 quilos mais obesa. 

Eu tinha 16 anos, e bastou eu voltar para o meu estilo de vida do Brasil, que eu comia comida de verdade, eu voltei ao meu peso normal. 

E depois da gravidez eu me vi assim, 20 quilos para emagrecer, tive uma gestação, a segunda gestação difícil.

E eu falei, “gente, eu não sei o que eu vou fazer da minha vida, porque sempre foi difícil emagrecer, eu sempre fiz dieta, sempre segui o que eu aprendi na faculdade como médica, sobre a alimentação”. 

Sempre tive nutricionistas me falando que eu precisava comer de três em três horas

Eu não sei se vocês sabem, mas como anestesista, as cirurgias são longas e eu durante a residência eu ficava desesperada de não comer, porque para uma cirurgia de 10 horas, eu falava, “ente, o que que eu vou fazer para não perder massa magra?”. 

Eu levava Whey Protein numa garrafinha, diluía água lá e tomava para garantir que eu não fosse perder massa magra. 

Então, assim, eu sou completa vítima do que nós aprendemos na faculdade. 

E é por isso que eu falo: eu entendo totalmente os meus pacientes cuja estratégia de comer pouco na dieta low fat não funcionou. 

Para mim também não funcionou, e eu descobri primeiro o Gary Taubes, que a minha melhor amiga me deu o livro dele, e isso mudou a minha vida.

Eu fiquei completamente obcecada pelo livro, e foi depois que eu fui descobrindo o universo low-carb aqui no Brasil. 

Mas, entre o Gary Taubes e o Fung, foi assim mais rápido. 

E aí com o Doctor Fung que eu comecei a mergulhar no universo do jejum, e isso também transformou a minha vida e jogou todo o meu preconceito com qualquer teoria da medicina no lixo.

Porque realmente tudo o que eu acreditava foi por água abaixo, começando por low-carb e terminando por jejum

E aí eu fui estudar, e eu li tudo o que eu podia. 

Eu contatei o Doctor Fung sem nem imaginar que eu obteria uma resposta, e ele falou “olha, por sorte a gente tem uma vaga, você pode vir para acompanhar porque teve uma desistência”. 

E aí eu fui para o consultório dele, porque eu falei “olha, melhor do que ele não tem. Ele tem experiência clínica e trata de gente doente mesmo, porque ele é nefrologista”. 

E os pacientes da clínica dele super doentes, pacientes que fazem diálise, diabetes tipo 2 que chega em cadeira de rodas…  

Então eu falei, “bom, eu preciso ver ele aplicando jejum, para ver e para ter certeza, ver para crer”. 

E aí que o meu mundo mudou, porque era incrível: eu conversava com os pacientes antes de eles entrarem na consulta. 

O doctor Fung me mostrava todos os exames de acompanhamento, de pacientes que estavam melhorando, dos que piorando, mudando o protocolo de jejum, tirando medicação e colocando medicação de volta…

Porque para pacientes que têm doenças associadas, o jejum precisa de cuidados médicos mesmo. 

A gente precisa regular a medicação tanto para pressão, quanto para diabetes. 

Então eu fui aprendendo bastante a parte prática mesmo do jejum, e com a Megan eu aprendi mais a parte de coaching mesmo, de conseguir fazer o paciente aderir ao tratamento do jejum terapêutico com mais força.

Porque o nosso ambiente é muito contra o jejum, então é muito importante a gente também não só saber a teoria e saber regular a medicação, como também fazer o paciente aderir. 

Então, foi uma experiência incrível.

Depois disso o doctor Fung me convidou para fazer parte do IDM Physicians Network, que era uma rede de médicos que aplicavam jejum intermitente no mundo inteiro. 

Então a gente discutia casos semanalmente, e isso durou um ano e meio, quase dois anos, e depois teve alguns problemas legais que essa rede foi fechada.

E aí eu resolvi trazer a metodologia e expertise dele aqui para o Brasil. 

Então, essa foi a minha história, longa, sobre como eu esbarrei no low-carb e jejum intermitente por acaso e acabou virando a minha felicidade como médica. 

Como Fazer As Pessoas Realmente Aderirem Ao Jejum

Guilherme: É incrível, Maíra. Ótima história, é uma grande reviravolta de comer a cada três horas e andar com o shake de whey para praticar o jejum e ensinar o jejum para as pessoas. 

E, antes de a gente mergulhar um pouquinho na parte mais técnica do jejum, eu queria entender um pouco mais dessa questão do coaching, de ajudar as pessoas a aderir a esse tratamento.

Porque, por um lado, a gente super entende que vivemos num ambiente que incentiva a gente a comer o tempo todo 0 no ônibus, no carro, na frente da TV, no lanche, na aula, nas refeições, enfim, o tempo todo. 

Mas, por outro lado, parece até engraçado — porque o tratamento do jejum consiste em você não fazer nada (você nem mesmo comer), digamos assim, numa visão simplista. 

Quais são as grandes dificuldades das pessoas para aderirem ao tratamento do jejum, e como que você ajuda a superar essas dificuldades? 

Que tipo de orientações pode ajudar mais as pessoas a superarem essas dificuldades?

Dra Maíra Soliani: Ah, eu acho essa pergunta fantástica, e não costumam me perguntar dessa maneira.

Então, é super importante essa parte do jejum de dar atenção e fazer com que a pessoa desaprenda tudo que ela aprendeu no passado. 

O nosso background cultural é muito forte em relação à comer várias vezes ao dia, e que sem comer a gente corre o risco de vida, risco de hipoglicemia e risco de desmaiar. 

Então isso são as principais dúvidas que eu recebo aí. 

Então, a parte do coaching é importante porque primeiro você precisa deixar a pessoa segura.

Nesse aspecto, o fato de eu ser médica torna um pouco mais fácil do que quem tenta usar o jejum como ferramenta sem ser médica, porque esse viés de autoridade mesmo traz um pouco mais de segurança para o paciente escutar de uma médica que jejum é seguro, do que de outra profissão, de um nutricionista, de um coaching mesmo comportamental

Então, nesse caso eu acho que eu tenho uma vantagem muito grande de ser médica, então eu consigo dar uma segurança maior para que o paciente, primeiro, esteja seguro — porque sem segurança a gente nem começa a fazer mudança no estilo de vida. 

E jejum é mais um hábito, então a gente, primeiro, precisa deixar com que a pessoa se sinta segura para fazer essa mudança, e depois a gente vai começando a ajustar de acordo com o estilo de vida dela. 

Então, essa é a parte mais, assim, na minha opinião é a primeira. 

A gente primeiro precisa desaprender o passado, todos os nossos hábitos culturais arraigados, obter segurança com essa mudança proposta, para depois conseguir partir daí para começar a fazer os ajustes de estilo de vida. ”

Jejum Intermitente — Aplicações Terapêuticas

Roney: Já deu para perceber que o jejum tem várias aplicações terapêuticas, dentre as quais tratamentos de casos de diabetes, que foi o que você começou falando. 

Então, nesse aspecto, quais seriam outras aplicações terapêuticas — e também, por que que o jejum ajudaria nesses casos? 

Pode começar falando do próprio diabetes e abordar outras experiências que você teve com o jejum, com essa função terapêutica. 

Dra Maíra Soliani: Certo. O nosso metabolismo se regula a partir de uma série de sensores de nutrientes, então o que a gente come influencia em muitos e muitos processos metabólicos. 

Para diabetes especificamente, o paciente que já está diabético, ele tem excesso de glicose e excesso de insulina circulando no corpo dele. 

Então, assim, do jeito que low-carb funciona, eu costumo usar uma analogia para ficar mais fácil que é a seguinte.

A low-carb é como se fosse um tiro de 38, e o jejum é como se fosse um canhão.

Porque o poder do jejum é muito grande em relação à dieta cetogênica e low-carb.

Por quê? Porque durante o jejum, logo depois que a gente come, passando mais ou menos 4 horas (o estado pó-absortivo), a insulina começa a baixar de maneira bem significativa.

E esse estado de jejum provoca uma série de mudanças no metabolismo

Uma delas, obviamente, é que a gente começa a usar os nossos estoques de glicogênio, e consumir essa glicose que está circulando por aí.

Então, para o diabético, a vantagem é bem importante: porque consumindo o que a gente tem de estoque, a gente deixa de fazer esses picos de hiperglicemia.

Porque a gente está no estado de jejum, absorvendo todos os nutrientes que a gente já tinha armazenado. 

Então, nesse sentido, para o diabético é uma vantagem muito grande, porque durante o jejum a gente tem uma queda da glicemia. 

Pacientes que são normais não vão fazer hipoglicemia

Agora, pacientes que têm hiperglicemia, que são os diabéticos, ou os pré diabéticos, têm uma queda interessante da glicose, que é justamente o que a gente quer durante o jejum. 

Então, obviamente, o que que isso traz de vantagem a curto prazo? 

Os seus controles de glicemia vão ficar mais baixos durante o jejum. 

Então a sua hemoglobina glicada (HbA1c), por exemplo — que você faz no médico para acompanhar — o resultado disso é que a sua média mensal dos últimos três meses vai caindo. 

A sua glicose no sangue em jejum vai ficando mais baixa. 

A sua insulina em jejum vai diminuindo, porque conforme você insiste no jejum, você expõe o seu corpo a quantidades mais baixas de insulina. 

Então dessa maneira o jejum é muito interessante para o diabetes tipo 2

Ele tem só uma desvantagem: que, com o uso das medicações, que estimulam a secreção de insulina, existe um risco muito grande de hipoglicemia.

Então a desvantagem do jejum para os pacientes diabéticos, é que eles não podem fazer sozinhos em casa sem o acompanhamento médico

O que é diferente para pessoas que não são diabéticas e não usam medicação. 

Isso também vale para pressão alta. 

Então, continuando a sua pergunta, das aplicações terapêuticas, primeiro na síndrome metabólica. 

Então, para pacientes que têm pressão alta: o mesmo cuidado do diabetes tipo 2 é exigido para pacientes que têm pressão alta. 

Então, se você usa medicações para pressão, existe um risco grande de você ter hipotensão.

Porque, da mesma forma que “sobra” medicamento no diabetes tipo 2, “sobra” medicamento para hipertensão. 

Então, você vai deixar de fazer jejum porque você é diabético? Não, você só vai precisar de acompanhamento. 

Você vai deixar de fazer jejum porque tem risco de ficar hipotenso, por causa do excesso de medicação? 

Não! Você vai só precisar ajustar a sua medicação — e, para isso, a gente precisa fazer com cuidado, porque às vezes a pressão demora mais para melhorar.

Não adianta a pessoa falar “ah, eu vou começar a fazer jejum hoje e vou suspender todas as minhas medicações”. Não é assim que faz.”

Então precisa de acompanhamento médico nesse caso. 

E aí, das aplicações metabólicas, assim, do jejum, elas são inúmeras, tanto para tratamento. 

Então esteatose hepática, que é gordura no fígado, o jejum é uma maneira maravilhosa de forçar com que o seu metabolismo se direcione para a queima de gordura.

E justamente: durante o jejum, a preferência e começar queimando a gordura dos órgãos abdominais, que são justamente os mais sensíveis à insulina. 

Então, com a insulina baixa, você força o seu metabolismo a usar outro tipo de energia, que é o da queima da gordura

E para quem tem gordura no fígado, é uma maneira absurdamente eficaz de reverter essa condição. 

E lembrando que a gordura no fígado ela existe até um pacientes magros. 

A gente até chama de TOFI (thin outside, fat inside): é magro por fora e gordo por dentro. 

Então até pacientes que são magros, eles podem ter gordura acumulada em volta do fígado, do pâncreas

E, para esses pacientes o jejum também é muito importante: porque a esteatose hepática está super ligada com uma série de outras doenças relacionadas à resistência insulínica. 

Então, câncer —  alguns tipos de câncer, os cânceres relacionados à obesidade, principalmente — Alzheimer, que é resistência insulínica no cérebro. 

Então Alzheimer — lembrando que equivale a quase 80% das demências…

Assim, as aplicações de jejum são muito grandes: e elas se estendem para muito além de só a síndrome metabólica, diabetes, pressão alta, gordura no fígado, obesidade e doença da síndrome dos ovários policísticos. 

Lembrando algo muito importante —  isso é uma informação que costuma deixar as pessoas bastante curiosa.s.

O jejum é utilizado a milhares de anos nos casos de epilepsia refratária. 

Isso tem registro na medicina, assim, antes de ser medicina, de ser mais de curandeiro mesmo. 

E há cem anos, a gente usava o jejum para induzir cetose nas crianças com epilepsia refratária. 

Então, agora que a gente tem bastante domínio da dieta cetogênica, etc., existem protocolos que não usam jejum em crianças para induzir cetose para esse caso.

Mas o jejum era usado como indução de cetose

E em 1916, por exemplo, o Joslin — que é o médico que fundou os preceitos do tratamento do diabete tipo 2 — ele também usava o jejum como terapêutica.

Está publicado: em 1916 ele usava o jejum para tratar de diabetes tipo 2, e a gente esqueceu mesmo. 

A gente jogou fora todas essas utilidades do jejum por causa do nosso estilo de vida alimentar moderno. 

Guilherme: Você abordou muito bem vários casos em que o jejum pode ser útil, e eu gostei especialmente da questão que você exemplificou a necessidade de acompanhamento médico.

Especialmente no caso de diabéticos e de quem já usa os medicamentos, porque isso evidencia o caráter, como você disse, do jejum como um tipo de canhão. 

Ele é tão poderoso que se você fizer ele por conta própria pode acontecer efeitos colaterais bastante indesejados. 

Dra Maíra Soliani: Exatamente. E o que eu gosto de falar para os pacientes é assim: o motivo pelo qual você precisa de um médico para fazer jejum é muito positivo.

Porque o meu trabalho é desprescrever com segurança, é tirar aos poucos os remédios, evitando efeitos colaterais que são evitáveis

No caso da pressão alta, se você ficar com excesso de medicação circulante durante o jejum, você pode sofrer uma queda, por exemplo, e bater a cabeça. 

Então, assim, são coisas graves que podem acontecer de efeito colateral, que são completamente evitáveis. 

No diabetes tipo 2, a curto prazo, uma hipoglicemia é muito mais grave do que uma hiperglicemia. 

É por isso que é muito importante o acompanhamento médico. 

Jejum Intermitente Para Tratar Doenças — Um Retorno Às Origens? 

Guilherme: Também gostei de você notar que antigamente já se usava o jejum para os casos das crianças com epilepsia, e para o caso dos diabéticos. 

Aí depois a medicina teve mais domínio da dieta cetogênica, e isso foi sendo mais usado.

E depois, com os medicamentos, parece que também isso foi sendo esquecido, com anticonvulsivante, com várias outras drogas. 

A própria descoberta da insulina, enfim, como hormônio, como remédio. 

Então, a gente foi deixando esse conhecimento para trás, e parece que nos tempos de hoje a gente está redescobrindo essa forma de tratar, que já era usada antes de termos a indústria farmacêutica.

E isso tem impactado a vida de muitas pessoas, porque nunca se teve tantas pessoas com problemas crônicos de saúde como no mundo atual.

Dra Maíra Soliani: Exatamente. Eu gosto também de falar de um outro lado, um outro ponto de vista, que é assim: era muito sofrimento tratar diabetes tipo 1 antes de a insulina existir. 

Então, para o médico era muito frustrante, porque os pacientes morriam muito rápido. 

Porque a insulina é um hormônio muito importante, ela protege a gente de níveis tóxicos de glicose.

Então, quando a gente descobriu a insulina, a gente mudou a vida dos diabéticos tipo 1. 

Eles deixaram de morrer com 15 anos, 20 anos, no máximo 30 anos, para viver muito mais. 

Então, essa empolgação de todos os médicos da época com a insulina os levou a acreditar que a insulina ia resolver o tipo 1 e o tipo 2 porque eles não enxergavam que o problema do diabético tipo 1 é exatamente o oposto do tipo 2

Então, acredito que a indústria farmacêutica tem grande parte nessa questão de “não espalhar essa informação”, de resgatar esse tratamento antigo

Mas eu também acho que teve, na época, um esquecimento do jejum porque houve uma euforia mesmo em relação às expectativas da insulina, por a gente desconhecer que a origem do diabetes tipo 2 é uma doença de excesso de insulina. Enquanto a do tipo 1 era a falta de insulina. 

E é muito mais fácil tratar a falta de hormônios, é só repor, isso para qualquer um: hipotireoidismo, é só prescrever hormônio, T3 ou T4, ou os dois. Diabetes tipo 1, a gente prescreve insulina.

Excesso de hormônio é muito mais difícil de tratar, então para o diabetes tipo 2 é justamente isso, a gente tem que tratar a raiz do problema.

E quando a gente trata a raiz do problema, a gente consegue reverter ou melhorar em grande parte o diabetes tipo 2. 

De 200 Unidades De Insulina Para Zero Em Um Mês — O Caso Da Beth

Inclusive, lá em Toronto, a primeira paciente que eu vi quando eu fui lá fazer o estágio com o doctor Fung, foi a Beth. 

Ela tinha chegado na clínica — acho que uns seis meses antes de eu ver aquela consulta — de cadeiras de rodas, e ela usava duzentas unidades de insulina. 

Eu até tenho uma foto dela, depois eu vou mandar para vocês. 

Ela foi para a clínica querendo fazer um jejum de 48 horas.

Só que ela ligou para o doctor Fung, depois das 48 horas — ela foi primeiro na consulta, lógico… ele fez os ajustes de medicação e deu 48 horas, ela ligou para a Megan e falou: “Megan, eu tô ótima, eu tô com zero de fome e eu não tô precisando nem aplicar insulina”.

(E eu nem vou falar da parte médica aí.) 

Mas, enfim, o doutor Fung pediu para ela ir na clínica, ele reajustou as medicações e ela fez 7 dias de jejum. 

A primeira vez que ela jejuou, ela jejuou por 7 dias.

Ela ia na clínica todo dia, ele ajustava as doses, e depois disso ela entrou num regime estável aí, e em um mês ela não usava mais insulina

Foi de duzentas unidades de insulina para zero. Então, temos casos como esse. 

Inclusive o doctor Fung publicou um artigo falando sobre três casos dele — e, assim, ele tem vários casos, é que aqueles três ele tinha organizadinho bastante todos os dados para poder publicar. 

Mas são pacientes com mais de 15 anos de diabetes tipo 2 com insulina que, em menos de um mês, todos estavam sem insulina

Então — dependendo de onde esse paciente diabético tipo 2 está — ele consegue, inclusive, parar de precisar completamente da insulina. 

Não são todos tá pessoal, mas é importante ouvir essas histórias. 

Você precisa ir no médico, você precisa ver o seu nível de peptídeo C, para ver se o seu pâncreas fabrica insulina ainda. 

Às vezes ele pode até começar a fabricar mais, mas isso é super imprevisível. 

Então você precisa de acompanhamento médico, mas eu acho importante, também, a gente falar sobre a vida real, a vida prática de aplicar jejum, porque os resultados são tão incríveis que a gente realmente precisa falar mais sobre isso.

Síndrome Dos Ovários Policísticos (SOP) — Como O Jejum Intermitente Pode Ajudar

Roney: Com certeza, Maíra. É muito bom a gente poder difundir essa informação e ver que tem casos de sucesso aí que as pessoas não só não morrem fazendo jejum, mas também se curam, revertem doenças, diminuem a medicação. Às vezes tiram a medicação por completo. 

E, nesse caso, você falou bastante do diabetes, mas você antes tinha falado de outros tipos de enfermidades que o jejum pode ajudar, como pressão alta, esteatose hepática, e a síndrome dos ovários policísticos

Você poderia explicar, aprofundar um pouquinho nessa questão da síndrome dos ovários policísticos? 

Qual mecanismo que ela ajuda a reverter a síndrome dos ovários policísticos? Quem tem esse tipo de condição pode começar a fazer jejum? E, se a pessoa precisa de algum tipo de instrução a mais, como que funciona nesses casos?

Dra Maíra Soliani: O ovário policístico é mais uma doença relacionada ao excesso de insulina, e por quê? 

O excesso de insulina nos ovários, ele tem uma tendência a estimular a hiperandrogenia — e a fabricação da testosterona, por exemplo, é a responsável pela calvície e pela acne. 

Essa é uma das manifestações dos ovários policísticos. 

Essa alteração da insulina ela impede que haja a ovulação, e aí todo esse “defeito” que acontece nessa síndrome pode ser influenciado pela insulina. 

Então, os pacientes que seguem, que têm algum seguimento médico, podem fazer exames…  

E não são todas as mulheres com ovários policísticos que tem hiperinsulinemia — mas grande parte tem hiperinsulinemia.

E os sintomas melhoram conforme a paciente emagrece dessa forma, ou com dieta cetogênica, ou com cetogênica e jejum, uma combinação dos dois, que varia de pessoa para pessoa. 

Mas, a síndrome dos ovários policísticos está intimamente ligada à resistência insulínica, e esta é uma informação super importante para as pacientes.

Porque, uma vez que você sabe a origem da sua doença, você sabe para onde você deve ir. 

Então, se você sabe que os ovários policísticos eles estão intimamente relacionados à resistência insulínica — mais uma vez, é importante investigar com um médico, mas se você não tem um acompanhamento médico e quiser começar a fazer dieta e jejum…

Para mulheres com ovários policísticos que não têm nenhuma outra doença, você pode começar sozinha e perceber as mudanças tanto na sua fome, na sua vontade de comer, a sua cintura vai diminuir. 

É super comum as pacientes começarem a fazer jejuns mais longos e apresentarem regulação do ciclo menstrual.”

Às vezes tem uma pequena piora inicial, mas que melhora depois. 

Varia bastante a resposta, e a velocidade da resposta.

Porque varia também em que status metabólico você se encontra. 

Tem algumas mulheres magras que têm ovários policísticos, que elas respondem menos a essa intervenção, porque também existem outras causas para a SOP que não só a hiperinsulinemia. 

Mas a grande maioria responde, e isso tem uma resposta, assim, impactante em termos sociais — porque a infertilidade por síndrome do ovário policístico, chega a 80%. 

Nas clínicas de fertilização você encontra até 80% de pacientes que são inférteis pelo ovário policístico.

E, se elas puderem reverter isso a partir dos hábitos alimentares, isso é super socialmente abrangente.

Porque fertilização in vitro é super caro, não é todo mundo que têm acesso, e jejum é super democrático — todo mundo pode fazer. 

E o risco de você fazer um jejum, começar um jejum para tratar ovário policístico e não funcionar… qual é o risco? 

Você pode emagrecer, você pode melhorar a sua acne

Então, em termos de “qual é o risco de não fazer” versus “qual é o risco de fazer”…

O “risco de não fazer jejum” é muito maior para mulheres que têm ovários policísticos. 

Porque o risco de síndrome metabólica nessas mulheres é muito aumentado, o risco de abortamento é aumentado, e o risco de síndrome metabólica infantil também é aumentado. Então tem várias aplicações aí. 

Protocolos De Jejum — Quais São Os Melhores

Guilherme: Incrível, Maíra. E achei interessante também essa questão de pesar o risco de fazer e o risco de não fazer. 

Existe um risco de você não experimentar um tipo de terapia que envolve você, basicamente, não comer por algum tempo. 

E falando nisso, você mencionou o caso de algumas mulheres que começam e depois tentam jejuns mais prolongados, mencionou o caso daquela outra paciente, que fez sete dias de jejum… e quais são os tipos de protocolos mais usados? 

Tem que fazer sete dias para ter benefício, ou depende do caso? 

Quais são os mais comuns, como que se começa a avaliar, a pesar os diferentes tipos de protocolos de jejuns para utilizar na maioria dos casos?

Dra Maíra Soliani: A gente tem que lembrar que depende muito de onde a pessoa está. 

Se ela é uma pessoa que come ainda de três em três horas, e um monte de comida processada, o primeiro passo para o jejum dela vai ser eliminar os lanches

E isso pode parecer pequeno para quem já faz jejuns mais longos, mas é um grande passo para quem tem esse hábito de comer o tempo inteiro. 

E lembrando que quem come o tempo inteiro comida processada, tem uma fome real, uma fome que chega até incomodar, porque essa fome não vai embora. 

Isso é sinal, sintoma de resistência insulínica, de insulina alta, porque a insulina alta no cérebro ela ativa o ciclo da dopamina e ela aumenta a nossa sensação de fome. 

Então, sentir fome o tempo inteiro é um sintoma muito importante, que eu nunca deixo de perguntar, porque a gente sabe que não tá certo: o paciente não tá indo bem quando a fome dele não desaparece com as mudanças. 

Então, o passo inicial para o jejum é primeiro cortar os lanches, ficar só com as principais refeições

Se você já passou por essa fase, então é tudo uma questão gradual. 

Não adianta você falar assim, olha, “eu quero entrar, e quero fazer um jejum de 21 dias”.

Aí pergunto, quantos jejuns você já fez? “Nunca fiz nenhum”. 

Tem gente que até surpreendentemente vai conseguir, mas a maioria não: a gente precisa ir passo a passo, para a pessoa conseguir se habituar a pular refeições. 

E, invariavelmente, o lado do bom do jejum é que você acaba tendo que arrumar a sua alimentação, porque o jejum é só um lado da terapêutica. 

Do outro lado é o estado alimentado: se você arrumar a sua alimentação, a prática do jejum fica muito mais fácil, porque com a insulina baixa a gente não sente tanta fome.

Falamos sobre isso no vídeo abaixo.

Então, a gente vai subindo essa escada: e depois disso a gente começa a fazer os protocolos, o mais simples de todos é pular o café da manhã.

Que, para algumas pessoas, dependendo do grau de resistência insulínica, pode ser o suficiente até para emagrecer. 

Mas para a maioria das mulheres, por exemplo, pular o café da manhã não é um protocolo muito poderoso não: ele só é bom para dar uma reduzida no apetite.

Então, depois que ficou fácil pular o café da manhã, aí começa a ficar mais fácil a gente brincar com os protocolos. 

Os protocolos mais fáceis são os de 16/8, que é pular o café da manhã, depois você aumenta para 18h, depois você aumenta para 24h. 

E aí começa a ficar fácil, e a gente vai variando os protocolos. 

Chega a ser um problema no consultório, os pacientes quererem comer só uma vez por dia, por quê? 

Porque fica tão fácil, eles falam “ah, doutora, eu percebi que eu não preciso comer o dia inteiro, uma vez por dia tá bom”. 

Então, isso é bom, mas isso também é ruim, porque a gente acaba estagnando, entrando num platô aí, e pra tirar do platô a gente precisa dar uma chacoalhada nos protocolos, mudar a alimentação, enfim. Isso daí fica mais personalizado. 

Mas depois que você tá forte, que o jejum vai ficando fácil, aí a gente pode ou não querer fazer protocolos mais longos. 

Isso varia muito de pessoa para pessoa, tem pessoas que preferem fazer os protocolos mais longos, uma vez por mês, e deixar o resto do mês mais tranquilo. 

E tem pessoas que preferem fazer jejuns medianos, num protocolo semanal. 

Então isso eu acabo variando bastante de acordo com o objetivos, não é muito fácil generalizar a respeito dos protocolos, mas os mais fáceis são de 24h e de 36h. 

E Para Quem É Saudável, Fazer Jejum Tem Benefícios?

Roney: E quem tá ouvindo a gente e não tem essas condições, por exemplo, diabetes, esteatose, enfim, que a gente abordou bastante aqui, talvez esteja se perguntando o seguinte.

“Tá bom, mas eu não tenho essas condições, não quero reverter nada disso, não tenho essas doenças, então como que o jejum poderia me beneficiar? Por que eu vou querer passar fome se eu não vou colher esses benefícios?” 

Então, quais seriam alguns bons motivos para as pessoas que dizem isso começarem a pensar melhor sobre a questão do jejum?

Dra Maíra Soliani: Então, a pergunta é muito boa: não é todo mundo que precisa fazer jejum, e o jejum não é benéfico para todo mundo também. 

Tem várias pessoas que não devem jejuar: por exemplo, pessoas que têm desnutrição, pessoas com uma porcentagem de gordura muito baixa, que estão num estado de um IMC baixo mesmo, abaixo do normal; pessoas muito idosas, com muitas comorbidades, com doenças graves; mulheres grávidas e lactantes.

Isso eu recebo muita dúvida, que é um período que a mulher sofre bastante com a imagem corporal, porque as alterações hormonais da gestação e da lactação, elas alteram o corpo e deixam muitas pacientes ansiosas.

Mas esse não é um momento para fazer jejuns longos, não é seguro. 

A gente sabe até pela tradição milenar mesmo: as tradições sempre pouparam mulheres grávidas e crianças de jejuns religiosos, por exemplo. 

Então, isso milenarmente a gente sabe que não é uma boa ideia.

E nunca vai existir estudo com mulheres grávidas e crianças, porque ninguém se arrisca a fazer isso, porque são momentos únicos que a gente precisa de nutrientes. 

Então, é importante saber que o jejum não é para todo mundo, e você não precisa do jejum para ser saudável. 

Porém, sobre o jejum eu digo o seguinte.

Não precisa fazer jejum de 24 horas — mas a gente precisa colocar na cabeça que a nossa cultura moderna é totalmente contra a nossa saúde metabólica.”

Então a gente precisa entender que hábitos ruins em relação ao timing da alimentação, eles têm um impacto muito grande —  até em diminuir a qualidade do sono, por exemplo. 

Então, mesmo que você não queira fazer jejuns longos, você precisa entender que comer tarde da noite prejudica o seu metabolismo, prejudica a sua liberação hormonal, e prejudica o padrão do seu sono. 

Então a gente procura orientar que assim, por mais que você não goste de jejum, todo mundo faz jejum noturno. 

E aí, para o seu jejum noturno otimizar da melhor maneira possível a qualidade do seu sono, o preconizado é que você fique em jejum depois do seu jantar e durma em três horas de intervalo sem ter comido nada, e aí fazer o seu jejum noturno.

É importante lembrar que, da década de 70 pra cá, nosso estilo de vida mudou de tal maneira que a gente dorme tarde e acorda muito cedo. 

Então a gente sacrificou o horário precioso do sono, e com isso a gente acabou sacrificando também o nosso mínimo necessário de jejum. 

Então, se a gente imaginar o relógio de 24 horas, a gente em média — tem até pesquisas sobre isso —, a gente passa, na vida moderna, 15 horas no estado alimentado, porque você acorda cedo e já toma café

Aí você come várias vezes ao dia, vai dormir, você janta tarde ou belisca, para ficar acordado trabalhando até tarde, e se você for olhar só nisso, o seu jejum noturno ele foi sacrificado — porque você sacrifica o seu sono, e isso tem uma série de impactos importantes. 

Então, assim, por mais que você não queira fazer jejum, é importante não passar mais da metade do seu dia comendo.

E lembrando que o jejum, tem muitos pacientes que me procuram só por prevenção. 

Existem estudos muito interessantes (com um N pequeno, mas muito interessantes) a respeito da capacidade de prevenção do jejum.

Inclusive para alguns tipos de câncer — principalmente os relacionados à obesidade — porque garantindo uma janela de uns 14 ou 16 horas, a gente previne doenças relacionadas à hiperinsulinemia. 

Então, existe muito cuidado que a gente deve ter com, pelo menos, manter o jejum noturno para não passar mais de metade do dia no estado alimentado.

Por Que Comemos Tanto (E Tantas Vezes)?

Roney: Amamos este ponto, e inclusive é esta filosofia que embasa o nosso Treinamento Online sobre jejum intermitente.

E, como você falou, o jejum tem vários benefícios, e é muito interessante pelo menos você conseguir não ficar comendo o dia todo né.

Mesmo que você não faça um jejum propriamente dito todos os dias, pelo menos ter essa habilidade, de conseguir passar um período noturno sem estar comendo.

O que já é  diferente daquelas pessoas marombeiras, que às vezes põem um despertador no meio da noite para tomar um shake de whey né. 

Então é interessante como a indústria conseguiu, no último século, mudar esse paradigma e enfiar na cabeça das pessoas que o ideal é você comer a cada duas ou três horas. 

Até hoje em dia, a maioria das pessoas — e mesmo alguns profissionais — recomenda esse tipo de abordagem, seja para lidar com diabetes, seja para quem quer emagrecer, seja para quem quer ganhar massa muscular

E, nesse caso, eu queria saber a sua opinião a respeito de como esse costume conseguiu ficar tão arraigado — e por que ele é incentivado até hoje?

Dado que a gente já tem tantas evidências apontando no sentido contrário, sejam estudos, sejam casos isolados como os que você vê no próprio consultório. 

Dra Maíra Soliani: Então, eu acho que esse é um problema em que é interessante a gente olhar para o passado para entender o que acontece hoje. 

Até a década de 1970, todo mundo sabia que o que engordava era pão, bolo e açúcar, e se quisesse emagrecer era só cortar isso. 

E aí o que aconteceu na década de 70? Foi uma mudança cultural com uma quantidade de vezes que você comia. 

Então, até a década de 70 não existiam muitos alimentos embalados, processados, em pacotinhos práticos e fáceis de carregar por aí no bolso. 

Então, não tinha barrinha de cereal, não tinha uma loja em cada esquina que vendia comida, não vendia comida no posto de gasolina, não vendia comida nessas máquinas que você coloca moeda e sai comida. 

Então, a gente não era cercado por comida o tempo inteiro, o hábito era você acordava, comia o seu café da manhã, saia de casa, ia trabalhar, no máximo um lanchinho na escola (que nem era muito normal né), você ia direto para o almoço e se você antes do jantar experimentasse pedir comida para a sua mãe, para a sua avó, você levava um tapa na mão, porque ia “estragar o jantar”. 

Se por acaso você jantasse mal e meia noite virasse para a sua mãe e falasse “ai, tô com fome”, ela falava assim, “olha, menino, você devia ter comido direito no jantar, vai dormir e da próxima vez janta direito”. Esse era o hábito. 

E aí, assim, aos poucos, a indústria alimentícia foi criando esses alimentos com grãos, que são práticos, rápidos e fáceis, por quê? 

Porque houve uma mudança cultural aí em relação à gordura. 

Não dá para ignorar a história nesse caso, a gente precisa entender o que aconteceu. 

Então, naquela época nos Estados Unidos houve uma associação, e uma série de mudanças culturais que fizeram com que a gordura virasse a culpada por doença cardíaca e por uma série de doenças

Essa fobia da gordura que surgiu na década de 70 fez com que se você evita a gordura, você vai comer mais o que, mais grãos. 

Aí foi a primeira vez no mundo que um governo quis influenciar na maneira com a qual a população comia. 

E aí o governo criou aquela pirâmide que todo mundo conhece, todo mundo aprende na escola até hoje. 

Os nutricionistas aprendem na faculdade, a gente como médico também aprende na faculdade, a gente orienta. 

Foi aquela pirâmide lá que recomendou que a base de sua alimentação deveria ser fruta, verdura e um monte de grãos. 

Isso para a indústria alimentícia, o governo criou essas diretrizes aí, por causa de medo da gordura, e aí ele entrou com um estímulo financeiro mesmo, um incentivo dos agricultores norte americanos a fabricarem mais, a plantarem mais grãos, e aí teve um incentivo do governo também para criar alimentos com grãos.

Foi aí que começou a surgir uma oferta de produtos ricos em grãos e práticos. 

Só que naquela época não era fácil convencer uma pessoa que ela precisava comer o tempo inteiro. Então, no começo teve bastante resistência com isso, e foi só com muito tempo que as coisas começaram a mudar. 

Para quem viveu na década de 90, todo mundo lembra do crazy de low fat que começou a substituir a gordura, colocando um monte de porcaria lá, os produtos diet, produto low fat, 0% de gordura, e a consequência disso foi que culturalmente foi surgindo essa cultura de comer lanche, de empurrar lanche, de empurrar produtos industrializados prontos ao invés de comida de verdade

E essa foi a principal mudança que, na minha opinião, fez com que as pessoas parassem de seguir as três refeições por dia e sem lanche, então isso teve uma consequência muito grande na população.

Lembrando que, quando a gente para de comer comida de verdade para comer comida processada, a nossa sensação de fome aumenta, a insulina estimula o apetite, e você acaba comendo mais. 

Então, lanchinhos funcionam como estimulantes de apetite, e aí é óbvio que a consequência disso foi uma epidemia de obesidade. 

E é importante notar a epidemia de obesidade nos Estados Unidos — porque a política deles influenciam o mundo inteiro, eles estão sempre à frente, inclusive das pandemias. 

Então, a epidemia de obesidade nos Estados Unidos liderou durante anos, mas agora já se espalhou para o mundo inteiro. 

A gente fala que essas doenças crônicas metabólicas são doenças da comida processada, principalmente o diabetes. 

Então, eu acho que essas consequências aí políticas foram influenciando a indústria, que demorou mas mudou os nossos hábitos, e hoje em dia o que a gente precisa fazer é esquecer todos essas políticas, esses hábitos arraigados para tentar ser saudável apesar desse estilo de vida moderno que tá deixando todo mundo doente. 

Como Começar A Jejuar (Como Começar O Jejum Do Zero)

Guilherme: Acho que deixou bem claro para as pessoas que estão escutando a gente todo o panorama histórico, e também por que comer mais lanchinhos não vai te deixar mais saciado — muito pelo contrário.

E que tirar os lanchinhos poderia ser um importante primeiro passo para a pessoa domar a sensação de fome constante que ela tem, além de trocar as refeições também de comida processada por cada vez mais comida menos processada, comida de verdade. 

E além disso, quem escutou a gente pode estar interessado em começar uma prática de jejum intermitente, pode falar “nossa, tem tantos benefícios que eu desejo começar a colher alguns deles, até a possível prevenção do câncer e tal, melhora da minha silhueta, enfim, várias coisas. Mas como eu posso começar?” 

Como que eu posso começar a fazer jejum de uma maneira que seja segura? Eu preciso ter um aval de um médico para poder pular o café da manhã? O que que eu posso fazer?

Dra Maíra Soliani: Então, você falou exatamente por onde que eu acho que todo mundo deve começar, gente. 

Pular café da manhã é a melhor maneira de começar e, a não ser que você usa essas medicações que eu já falei, não precisa de ajuda de ninguém,.

E o mais legal que eu adoro falar é, a gente aprendeu, todo mundo escutou isso no mínimo cem vezes, que “o café da manhã é a refeição mais importante do dia”. 

E eu corroboro essa ideia, realmente é o mais importante, mas eu vou falar o porquê. 

Porque comer nada é muito melhor do que comer mal, então se você tiver na sua casa, com pressa, você só tem porcaria na sua casa, e você vai comer só para não ficar sem comer? 

Agora você tem a segurança de saber que é muito melhor não comer nada do que comer errado. 

Por que que eu gosto de começar pelo café da manhã?

Porque a roda do carboidrato, o ciclo do carboidrato começa de manhã, porque se você for reparar, a maioria das pessoas acorda sem fome, e até as que acordavam sem fome e preferiam dormir (que era o meu caso, por exemplo), depois de insistir durante anos de tanto ouvir a nutricionista falando, “olha, você vai perder massa magra, precisa comer a hora que acordar”, eu passei um tempo comendo forçado, eu preferia mil vezes dormir. 

Mas eu comia porque eu pensava que iria perder massa magra, porque foi isso que eu escutei. 

Então, depois de um tempo você fica com esse hábito de comer, mas nunca fiz questão.

Então, assim, começar pelo café da manhã é o melhor jeito, porque você vai começar a observar que você não tem fome depois de ter pulado o café. 

E além de tudo é muito prático, porque — tirando a pandemia —, a hora do café da manhã é uma hora que todo mundo acorda com pressa, quer ir correndo para o trabalho, ou tem que arrumar os filhos para ir, precisa de fazer um monte de coisa.

O café da manhã não é uma refeição que você costuma ter um evento social com a família, compartilhar momentos, conversa. 

Não, todo mundo tá geralmente na correria. E depois que você elimina o café da manhã da sua vida, você vê que é muito prático e sobra tempo, então é uma questão prática também. 

E eu acho que essa parte do jejum, de ser prático, de facilitar a vida, ninguém nunca fala a respeito. 

E no consultório mesmo, tem paciente meu que fala assim, “nossa, nunca vou conseguir ficar sem comer”. 

Então às vezes eu falo para atrasar o café da manhã. 

E aí, depois de um tempo, você vai percebendo que realmente, isso a gente tem estudo com jejum, estudo sério que o nível de liberação de grelina, que é o hormônio da fome, ele é mais baixo durante a manhã. 

Então, é mais fácil jejuar de manhã. 

Se você quer começar, tem muitos motivos para você começar pulando o café da manhã, porque começando bem de manhã, você já tá com a insulina baixa, então fica mais fácil não ter fome, por mais contraintuitivo que isso pareça. 

E aí, sem fome de manhã, você vai chegar no almoço tranquilo, você vai comer menos do que quando você acorda, come um café da manhã com tapioca, com sei lá o que light, granola, cereal, sei lá, essas coisas que a gente sempre achou que era saudável, suco de laranja com pão francês. 

E aí às 10 da manhã você está com fome de novo, e aí chega na hora do almoço você tá morrendo de fome. 

Você vai começar a perceber por você mesmo, então não precisa de nada, começa sozinho e começa a experimentar, presta atenção em como você vai se sentir depois de pular o café de manhã. 

Quantas vezes você vai sentir fome, e se essa fome não passa tomando um cafezinho ou chá sem adoçar, para chegar até o almoço. 

Acho que isso é super importante, as pessoas largarem um pouco só a teoria, e começarem a testar, porque o risco de efeito colateral é muito baixo se você não é diabético ou hipertenso. 

Roney: Perfeito, Maíra. Inclusive a gente concorda muito com essa ideia de que o café da manhã é a refeição mais importante do dia. 

Se você começa o dia com o pé direito, seja fazendo jejum ou, se você não quiser fazer jejum, fazendo uma refeição bem feita, uma refeição low-carb, por exemplo, ovos, vegetais, na sua primeira refeição do dia, é mais fácil você levar o dia de maneira bem feita do que se você já chutar o balde logo ao começar o seu dia.

Porque aí você vai falar, “ah, já errei todo o café da manhã, então amanhã eu vejo o que eu faço.”

Dra Maíra Soliani: Exato, e muita gente que quer emagrecer já tá com resistência insulínica, então isso é importante também explicar. 

Para quem tem resistência insulínica já instalada, o efeito de começar com um café da manhã errado é muito maior para você que já tem uma insulina alta em jejum, porque a sua insulina demora muito mais para cair.

Porque você tem uma resposta exagerada de insulina. 

Então, isso é importante levar em consideração porque uma pessoa sensível à insulina, ela come, tem o pico de insulina dela, ele cai, não foi muito, então tá tudo bem, logo passa. 

Para uma pessoa que tem resistência insulínica, esse pico dura muito tempo. 

Demora para abaixar, e a gente só funciona em dois estados, o alimentado e o não alimentado. 

Se a sua insulina tá alta, meu amigo, você vai ter fome e você não vai conseguir emagrecer. 

O seu corpo não consegue queimar dois tipos de combustível ao mesmo tempo, ou ele tá queimando a sua gordura, ou ele tá queimando açúcar. 

Se você tá com a insulina alta, você não vai conseguir perder essa sua gordura que você quer. Então, assim, é importante saber que a gente… não dá pra misturar conceito, né. 

Como A Dra. Maíra Soliani Faz Jejum (E Quais Seus Hábitos Saudáveis)

Roney: Sim, sim, perfeito, sem dúvidas. E, Maíra, provavelmente quem escutou a gente até aqui tá muito curioso em saber qual o seu protocolo de jejum, como você encaixa o seu jejum no dia a dia. 

E você já pode aproveitar também para contar pra gente quais são os seus outros hábitos saudáveis. 

Dra Maíra Soliani: Certo, pergunta boa. Eu também vario os meus protocolos de jejum, e isso varia bastante com inclusive o estado emocional, porque quando a gente tá mais estressado, isso varia entre as pessoas. 

Para mim, especificamente, quando eu tô mais estressada, os jejuns mais longos são mais difíceis de serem feitos. 

Então, durante essas fases eu aumento a quantidade de vezes que eu faço de 16 ou de 18 horas, e procuro comer comida de verdade. 

No restante do dia eu nunca como lanches, porque lanches realmente estimulam a minha fome. 

E aí quando eu tô bem tranquila, em fases bem tranquilas mesmo, eu normalmente faço toda segunda-feira, que é o dia do hospital, que é mais estressante, eu faço jejum de 24, pelo menos uma vez na semana.

Às vezes eu acabo fazendo dois porque no consultório quando é muito corrido, pra mim é perfeito não almoçar. 

Então, por praticidade eu acabo fazendo mais jejum do que o meu programado, porque basta você começar para você ver o quanto o jejum transforma a nossa vida em termos práticos mesmo. 

Para médico é maravilhoso, metade dos meus pacientes são médicos, e eles mesmo falam, “nossa, é tão bom saber que tá tudo bem, que eu fico ótimo e mais tranquilo, e eu rendo melhor, eu resolvo os meus problemas, eu atendo os meus pacientes, eu chego em casa mais cedo para ficar com a família”. 

Aproveito para fazer comida em paz, então eu acabo fazendo isso. 

No mínimo um de 24 por semana, e às vezes acabo fazendo até mais. 

Agora na pandemia tem ficado mais difícil de fazer esses mais longos. 

Mas eu, no mínimo, faço a cada três meses um de 48 ou um pouco mais estendido, depende de como eu tiver aí na parte social de festa, fim de semana, etc. 

Mas pelo menos um mais longo a cada três meses. Isso eu faço por prevenção, porque eu tenho histórico familiar de câncer pro lado do meu pai, e os cânceres da família do meu pai são os relacionados à obesidade. Os principais, que a gente tem mais estudo, que são câncer de mama e câncer de cólon, então assim, eu realmente uso o jejum como uma prevenção poderosa. E do lado da minha mãe todos diabéticos tipo 2. 

Então, eu realmente levo o jejum a sério e ele transformou a minha vida em termos de tranquilidade, porque na faculdade eu acreditava que diabetes tipo 2 tinha muito a ver com genética e câncer também, e agora que eu sei do papel metabólico dessas doenças, eu sou uma pessoa muito mais tranquila nesse aspecto. 

E em termos de outros hábitos saudáveis, eu respeito muito o meu sono, porque isso é outra também que quanto mais a gente estuda, mais a gente respeita o sono e vê o quanto a gente sacrifica o sono com essa vida moderna. 

Então, o sono eu respeito muito. 

Eu tenho o meu ritualzinho de tomar um banho quente antes de dormir, eu uso lavanda para dar uma relaxada, leio livro de papel, desligo tela. 

Eu tenho filtro de tela nos computadores, tablets, etc., e eu tento evitar não trabalhar até umas oito da noite, nove da noite, para ficar com as crianças. 

Então isso tudo eu faço, assim, religiosamente, eu respeito o sono muito mais depois que eu comecei a estudar. 

A gente como médica não aprende a importância do sono, e acho que se aprendesse não ia nem ter médico nesse mundo, porque a nossa formação depende de muitos plantões que destroem a saúde. 

Os médicos não são uma população muito saudável. 

E faço exercício regularmente, musculação duas vezes por semana, e corrida para relaxar, normalmente, uma vez por semana. 

Agora com dois filhos pequenos é o que eu tenho conseguido fazer. 

E de hábitos saudáveis, eu acho que é isso, e meditação, lógico. Isso quem me segue já no Instagram sabe que eu bato muito nessa tecla, que meditação é uma ferramenta impressionante para médicos e quem não conhece, eu convido vocês a entrarem lá para saberem um pouquinho mais, porque é uma arma muito poderosa para uma série de problemas da vida moderna, incluindo doenças metabólicas. 

A gente sabe que emagrecer e seguir protocolos de jejum fica muito mais fácil quando você faz meditação, atenção plena. 

O manejo do estresse é fundamental, então essas são as minhas, o básico dos meus hábitos.

A Mensagem Final Da Dra. Maíra Soliani Para Você

Guilherme: Perceber que não basta jejuar, tem que prestar atenção em outras coisas do estilo de vida, e que você presta atenção em todas elas também. No sono, nos exercícios, na meditação, enfim. 

É muito importante tudo isso para poder ter uma vida que seja verdadeiramente saudável, não só livre de doenças. E você mencionou o seu Instagram, Maíra, fala para o pessoal como que eles podem acompanhar mais você, se é pelo Instagram, se tem alguma outra mídia, e depois disso, se você quiser, pode deixar uma mensagem final para quem escutou a gente até aqui.

Dra Maíra Soliani: Certo, quem quiser me encontrar, eu sou mais presente no Instagram @dra.maírasoliani.

Eu gosto bastante de gravar vídeos de IGTV, e faço bastantes lives a respeito de jejum. 

Como mensagem final, eu queria deixar mesmo da liberdade do jejum, que a gente não fala muito disso, mas sentir fome o tempo inteiro é uma algema muito desagradável, e eu sentia fome o tempo inteiro e eu não me sentia confortável, eu passava o dia com fome. 

Como eu era médica e “sabia de tudo”, eu conseguia não comer, mas eu passava o dia inteiro meio irritada de fome. 

Eu comia os lanchinhos diet, light, etc., e eu ficava muito chateada com a quantidade de fome que eu sentia. 

Eu ficava uma maçã e ficava irritada no meio da tarde, que eu falava pronto, agora eu estimulei o meu apetite, eu achava que eu era uma pessoa fraca e a culpa era minha. 

Eu não achava que existia nenhuma cura para o que eu sentia desse excesso de fome. 

Então, se você tá me escutando até agora e sente essa fome que te faz mal, que te incomoda, saiba que essa fome não é normal, você está comendo errado, e que existem muitas alternativas para resolver essa sensação ruim de depender de comer o tempo inteiro. 

E quando a gente tem essa liberdade de não precisar de comer o tempo inteiro, não só é economicamente viável e financeiro de aliviar o seu orçamento, você tem a liberdade de poder fazer as coisas e não precisar de ficar o tempo inteiro pensando o que que você vai comer agora, o que que você vai levar na bolsa, onde você vai parar para comer e o que que você vai comer. 

Então, sair dessa algema de depender da comida o dia inteiro, é uma liberdade que vai muito além da sua saúde, é o bem estar e é a tranquilidade e é a maravilha de poder sobrar tempo de você poder fazer outras coisas, que te fazem bem. 

Então, se você me escutou até agora, não deixe de começar a testar em você mesmo, porque é prático e não é sobre fazer mil coisas, é sobre não fazer. 

Essa liberdade, realmente, faz toda a diferença e transforma a vida. 

Roney: Com certeza, Maíra, com certeza. 

A liberdade é muito boa, nem que seja só a liberdade mental de saber que quando precisar, você pode não comer e não vai ter nenhum problema, não vai dar nada de errado com o seu corpo. 

E, Maíra, a gente chega agora na parte final de nosso podcast, muito obrigado pela sua presença, muito obrigado pela sua entrevista. 

Foi realmente incrível, agregou muito valor para quem ouviu até agora, então, muito obrigado por ter participado aqui com a gente. 

Dra Maíra Soliani: Agradeço pelo convite, até a próxima. 

Roney: Então é isso, muito obrigado a você que nos escutou também, e se você gosta dos nossos episódios, então se inscreva nele.

Acompanhe a gente, a gente está por todos os players de podcast que existem, veja: iTunes | Android | Stitcher | Spotify | YouTube

É só você seguir a gente lá — porque a gente solta episódios novos duas vezes por semana. A gente se vê numa próxima entrevista. 

Um forte abraço, do Senhor Tanquinho.

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